AleixoItalo 05/06/2023A principio pouco me chamou atenção, não que seja ruim, mas pouco inova e aproveita do tão conhecido gênero pós apocalíptico. Esta tudo aí: as novas regras sociais que regem o mundo destruído, a nova interpretação de objetos e símbolos do passado, a necessidade de sobreviver por conta própria e a onipresente violência que impera na ausência de um contrato social. Tudo que já vimos por aí em outras obras.
Trabalhar com o pós apocalíptico é complexo pois o gênero já é bastante explorado e o autor não cria seu "próprio mundo". Tudo acontece muito rápido e o enredo não conquista. Um detalhe contudo é bastante interessante e chama a atenção: o poder da escrita nas sociedades humanas!
Apesar de não ser aprofundado, fica evidente a importância da alfabetização e do poder que os livros têm. Toda a história gira em torno de um diário que o pai vive escrevendo: embora os filhos não saibam ler e o pai seja muito brutal com eles, o mistério envolvendo aquele diário é a força motriz que impele os garotos; do outro lado, uma nova religião, brutal e violenta, se formou em torno de um único livro (chulo e talvez pornografico, que sobreviveu) onde a Palavra foi monopolizada pelos poucos que sabem ler.
Um tema que seria muito interessante com mais desenvolvimento. Uma HQ simples, mas que leva a refletir como a perpetuação das palavras (escrita), molda a filosofia e pensamentos sociais!