Confissões de uma leitora 12/07/2018
Minhas primeiras impressões deste livro foram: esta é uma autêntica história de época. Bem escrita. Carismática. Percebe-se o cuidado que a escritora teve com os costumes, tradições, vestimentas e etc, para dar veracidade à mesma.
A forma como a trama é desenvolvida permite que o leitor construa certa expectativa em relação ao romance, até conhecermos Thomas, de fato.
Esta é uma história onde a protagonista rouba toda a cena, deixando todos, incluso seu par em segundo plano. Este, por sinal, é ofuscado tanto pelo esplendor de Sarah quanto por sua própria fraqueza e receios. Em determinados momentos tive a impressão que seu comportamento era devido ao temor que sentia dela com todo o seu brilhantismo ferir seu orgulho masculino – o que é compreensivo numa época em que o machismo imperava, e o papel da mulher na sociedade se resumia a ser dona de casa e parideira; em outros, que ele, de alguma forma, uma dessas bem sorrateiras, tentava se “aproveitar” da esperteza dela. Isto, por sua vez, somente reforçou a personalidade frágil dele.
Thomas é um tipo sem carisma, acovardado, sem tônus de vida e que, definitivamente, não merece Sarah. Não consegui me conectar a ele. Thomas até tem motivos para ser todo indiferente e ter medo de se entregar, mas estes motivos, a meu ver, só são plausíveis diante de uma personalidade vulnerável.
Edward, por outro lado, é o oposto.
E sim, torci por essa reviravolta escandalosa!
Houve alguns poréns, mas o destaque fica para A MARQUESA.
Sarah é a estrela principal deste livro e seu brilho, como dito anteriormente, ofusca tudo e a todos. Uma mulher/menina a frente de seu tempo, inteligente, visionária, esforçada, apaixonada por seus ideais e por Thomas, quase perfeita.
Ela, a meu ver, é uma personagem que traz certa complexidade.
Sua paixão é admirável e revoltante, ao mesmo tempo. Isto porque há um alto contraste entre suas ideias visionárias e seu comportamento ante o noivo/marido tendo em conta a época em que vivem. O casamento traz tons de conformismo e palidez. Muitas vezes eles pareciam dois estranhos batendo papo.
Me trouxe estranheza, confesso. Pois, em geral, estou acostumada a ler romances de época com notas de contos, mas este é cru e real.
No entanto, não penso nisso necessariamente como uma falha, sobretudo, tendo em vista que a autora tivesse o intuito de mostrar a realidade de uma época. O que me pareceu ser o caso. E esta realidade, infeliz e revoltante, onde mulheres estavam à sombra de seus maridos e dos homens em geral, e em todos os aspectos que concernem à vida em si, fora bem pontuada e verídica.
Pra mim, A MARQUESA não foi um livro para enaltecer o romance, mas a mulher, a igualdade e, acima de tudo, o ser humano como um ser pensante.
Uma singela, mas poderosa percepção de si mesma como mulher, como pessoa, foi o bastante para Sarah fazer a diferença em sua vida e na vida daqueles que a rodeia. Não adianta querer mudar o mundo, se você permanece o mesmo. Esta é uma mensagem simples, clichê até, mas incrivelmente poderosa!