Nick 13/02/2023
Mais do que uma história de amor: uma lição sobre superação e cumplicidade
Além do Olhar é aquele tipo de livro que você lê uma, duas, três vezes e é como se fosse a primeira. Não tem como não se emocionar com a história de amor de Marcella e Ramon, não se enfurecer com as realidades vividas pelos protagonistas, não se apaixonar pelos personagens secundários e comemorar com cada vitória conquistada. Eu sei que para você, que ainda não conhece a obra, nada disso faz sentido, mas fica comigo até o fim dessa resenha que tudo vai ser esclarecido nas próximas linhas.
Este livro conta a história de um grande violoncelista brasileiro, Ramon Martinez, que, depois de uma grande tragédia, perde o movimento dos membro inferiores. Ramon era o tipo de homem que queria engolir a vida. Alta astral e com um futuro promissor na música, ele sente tudo indo por água abaixo quando se vê preso em uma cadeira de rodas pelo resto da vida.
Marcella Galvão é uma atriz em ascensão. Dona de um grande talento e símbolo sexual, ela batalhou muito para ser alguém na vida. Foi com grande esforço que conseguiu se tornar uma das maiores artistas do país. Mas nem tudo é o que a mídia apresenta. Apesar de ser linda, rica e bem sucedida em sua carreira, Marcella carrega profundas feridas dentro da própria família e nem toda fama do mundo é capaz de curá-las.
Ramon e Marcella travavam suas próprias batalhas, mas quis o destino uni-los para algo inimaginável.
Quando Ramon é convidado para contribuir em um novo filme sobre a grande violoncelista brasileira, Celine Bravo, ele não imaginava que sua vida ia mudar completamente. Quando Marcella aceitou interpretar a musicista, ela não imaginava que seria arrebatada pelo sentimento mais forte do mundo: o amor.
Bom, já deu para perceber que o enredo aqui é bem diferente. Ela, uma mulher sensacional, linda, símbolo sexual. Ele, um grande violoncelista, amargurado com a vida que tem sobre uma cadeira de rodas. Eu simplesmente amo esse livro por tantos motivos. O primeiro é o mais óbvio. É um romance diferente. Não se trata apenas do amor entre os protagonistas. Mas sim de uma relação que envolve descobertas, aceitação, adaptações e cumplicidade. Em nenhum momento a Marcella enxergou o Ramon como só um cadeirante. Ele era um homem atraente, que despertou seu interesse pela intensidade e causou admiração pelo imenso talento com o violoncelo. Ramon, apesar de ter um começo difícil, foi um personagem sem igual quando escolheu se abrir. Forte, determinado, carinho e devoto a mulher que estava ao lado. O romance é algo único, mas tem muito mais.
Nana fez um incrível trabalho de pesquisa nessa obra. Temos um livro recheado de informações importantes sobre os deficientes e como o nosso país ainda é despreparado para dar uma vida digna a essas pessoas. A obra é de 2018, mas não temos grandes evoluções nas problemáticas apresentadas. É impossível ler as dificuldade do Ramon e não se emocionar e chatear com tudo que um cadeirante passa. Comprar um simples buquê de flores se mostrou uma verdadeira provação e isso não é coisa de ficção. Todos os dias, os cadeirantes enfrentam situações de perigo e vergonha, algo que foi muito bem exposto no livro e que a gente consegue sentir em cada página. Bato palmas para autora pela sensibilidade de trazer o assunto à tona de forma leve, mas sincera.
Além disso, o livro tem a marca conhecidíssima da querida Nana Pauvolih. Muitooo erostismo! Para quem ama esse estilo (como eu!), vai ter bastante disso aqui. É bem menos do que vemos em suas outras obras e talvez foi isso que tenha me feito favoritar Além do Olhar. Eu adoro uma boa safadeza, mas não quando o livro se resume só a isso. A discussão social, o romance, o drama, um pouco de ação e o erostimo foram na conta certa para criar uma história incrível. É uma pena que até hoje nenhuma editora se interessou em trazer essa obra prima para o livro físico, mas temos um acalento: a Galeria Distribuidora comprou os direitos de adaptação e irá levar Marcella, Ramon e a turma toda para as telonas!!! Muito merecido. Aguardando ansiosamente com o refri e pipoca na mão.