Homem no escuro

Homem no escuro Paul Auster




Resenhas - Homem no Escuro


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@apilhadathay 07/02/2021

Surpreendente e bem triste
August Brill é um crítico literário aposentado, que se vira como pode em casa, com uma perna esfacelada, viúvo, morando com a filha Miriam e a neta Katya. Owen Brick é um personagem criado durante uma das crises de insônia de August e que tem uma missão intragável: assassinar o dono da guerra, a pessoa que criou os EUA paralelos e que está bagunçando todo o seu mundo - seu próprio criador, August.

É curioso e perturbador saber que August criou um personagem que deveria matá-lo. Ele é bem solitário, exceto quando está em companhia da neta, com quem vê e debate grandes filmes, seus aspectos técnicos e interpretações. A insônia o fez criar todo um novo mundo, onde as Torres Gêmeas não caíram. Enquanto Brick recusava a missão fatal, fiquei inclinada a pensar que o próprio August se debatia entre a ideia de aceitar (provocar) a própria morte ou negar esses impulsos. A guerra estava fora e dentro dele. É notável a falta que a esposa faz para August, cuja morte ele ainda não superou. A casa está em luto, também pelo namorado de Katya e o divórcio de Miriam (términos também geram luto). São pessoas da mesma família, vivendo o luto por outras 3 que amaram e perderam, numa casa em que o sono é um artigo raro. August está claramente em uma depressão "de mágoa e autorrecriminação" e não consegue sair. NÃO É UMA DISTOPIA, como estão classificando por aí, passa longe disso. É ficção e drama americano.

Afogando-se entre não suportar as perdas e a pressão de ser o Homem forte da casa, August cogita o próprio suicídio mas precisa colocar a culpa em outrem. Um personagem, para não admitir a responsabilidade daquilo. Tenta animar a neta como um subterfúgio para SE ajudar também. Poderá vencer as guerras travadas em sua mente e coração? Terminei a história com enjoo e um entalo na garganta, chocada com a crueldade humana e a loucura humana. Demorei a pegar pra ler, não desejo reler e não recomendo no caso dos gatilhos abaixo. Não é um favorito, passa longe disso, mas lê-se!

site: www.instagram.com/apilhadathay
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AndrA65 25/09/2021

Um livro sobre relações
Nessa obra Paul Auster dá tudo de si e mostra sua capacidade de criar narrativas riquíssimas, até mesmo uma narrativa dentro da outra, e mais outra, e por assim vai.

Homem no escuro é acima de tudo um livro sobre relações, todas as narrativas inseridas no livro são importantes porque o autor retoma a necessidade das experiências interpessoais, o trajeto de um indivíduo, sua vivências, e como o passado é importante para a construção de caráter do sujeito. Toda pessoa é ao mesmo tempo uma pessoa com histórias, e é através dessas histórias que passamos a conhecer melhor cada um.

Por fim, não importa quantas histórias já vivemos, "o mundo bizarro continua a girar", o sol nasce novamente, e temos mais uma história nos aguardando.
Até o último dia de nossas vidas.
Aryana 25/09/2021minha estante
Eu tô namorando esse livro há semanas. E, após ler sua resenha, ele passou na frente das próximas leituras.


AndrA65 25/09/2021minha estante
Fico feliz Aryana!!! Boa leitura.




Marcos Aurélio 30/04/2023

A vida em uma noite
August Brill não consegue dormir, mas este talvez não seja é o seu pior problema. Além da insônia, os fantasmas do passado, a preocupação com neta Katya e a filha Miriam.

Uma história sobre ansiedade, angústia, memórias. Ao repassar sua vida, equilibrando presente, passado e futuro, Brill recorda paixões, encontros e desencontros.

Paul entrelaça na ficção histórias que envolver a Segunda Guerra Mundial e a guerra do Iraque. A história de Jean-Luc e a estátua Ninfa das Águas de Bruxelas, é revoltante.

A análise do filme "Era uma vez em Tóquio", de Ozu é profunda e tocante, como a relação com a neta e o amor pela filha.

Conseguirá Brill, depois repassar sua vida, contar histórias para si mesmo e para a neta, conseguido enfim adormecer?
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Jacy.Antunes 16/03/2022

Era uma vez em Tóquio
Paul Auster conta duas estórias para falar da guerra do Iraque.
Na primeira ele a neta e a filha compartilham as suas perdas e na segunda ele cria uma novela imaginária onde coube a ele matar o presidente americano.
Há muitas semelhanças entre esse livro e Desvarios no Brookyn, como se o autor usasse um modelo e encaixasse os personagens.
O narrador aparece nos livros como o Salvador de dois jovens desalentados, em Desvarios o sobrinho abandonou a carreira acadêmica e no atual a neta abandona o curso de cinema.
De ambos os livros eu só vou me lembrar das ótimas resenhas do livro A Boneca de Kafka e do ótimo cult movie Era uma vez em Tóquio.
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Claire Scorzi 02/01/2010

Duas narrativas, duas visões, uma possível fuga
O livro desenvolve duas narrativas: a vida atual do protagonista, um crítico literário idoso que está morando com a filha enquanto se recupera de um acidente, usando o tempo livre para para assistir filmes antigos com a neta; e a história que o próprio protagonista conta para si mesmo durante as horas de insônia e de dores na escuridão: uma ficção futurista, depressiva, sobre uma nova guerra civil ocorrendo nos EUA.
As partes do livro que narram o cotidiano simples de August Brill, o crítico, são um prazer de ler. Já as partes dedicadas à trama inventada por ele a mim soaram chatas, cansativas, apesar da ação e da base dramática.
Debati-me com a leitura, arrastando cada linha quando tinha de ler as divagações ficcionais de Bril, e lendo com delícia e empatia a história vivida por ele.
Só bem avançada a leitura tive um insight, que foi o seguinte:
* A história narrada em 1ª pessoa por Brill, em que conta seu estado insone, recorda o passado, vê filmes com a neta - é a história "feminina" de Auster. Uma narrativa simples que fala de pessoas e suas dores, fala de famílias, erros, perdas, sofrimento, pequenos prazeres, arrependimentos. É uma visão "feminina" de Literatura, pois em geral são as mulheres que se voltam para esses temas - interação familiar, a doença, a vida diária.
* A história inventada por Brill, cheia de visões apocalípticas do futuro, política, espionagem, traição, assassinato, ação, conspirações - é a história "masculina" de Auster. O tipo de romance que em geral os homens escrevem, e que gostam de ler.
Por que August Brill inventa tal história? Porque, mergulhado numa história "feminina", emotiva, familiar, ele não sabe lidar com isso. Criar a outra história é assim mais do que fuga da insônia: é uma fuga de uma realidade emocional com a qual ele, como homem, não consegue lidar; sente dificuldade em lidar.
Se minha idéia está correta, foi uma maneira criativa de entrelaçar as duas histórias. Mas posso ter visto demais. E, se acertei, gostaria que Auster tivesse conseguido tornar sua história "masculina" mais palatável...
Gustavo Mahler 27/02/2013minha estante
Excelente resenha! Parabéns ;)


ezyksnosbor 20/06/2013minha estante
Eu gostei da história inventada, me identifiquei muitíssimo, já que faço isso e também sofro de insônia. Quando à narrada em 1ª pessoa, concordo com o seu ponto de vista, leitura deliciosa e tocante! =)


@apilhadathay 07/02/2021minha estante
Não enxergo mais o mundo de forma tão polarizada como já o fiz, Claire, mas considerando a história do nosso mundo, sua avaliação das visões feminina e masculina fazem bastante sentido na análise. Boa resenha! Comecei a ler hoje o livro!


Erick.Jonathan 25/05/2023minha estante
Muito bom




Ana Beatriz Serpeloni 28/05/2016

Sensacional
"Fugir para dentro de um filme não é como fugir para dentro de um livro. Os livros nos obrigam a lhes dar algo em troca, a exercitar a inteligência e a imaginação, ao passo que podemos ver um filme - e até gostar dele - num estado de passividade mecânica."
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Viviane 26/06/2017

Fechei o livro sem saber dizer se amei ou se odiei a narrativa, mas eu tinha uma certeza, o livro falava de amor, porem um amor melancólico no qual não temos controle, onde a alegria de vivenciá-lo é ceifado pelas armadilhas do destino.
O protagonista, um Senhor viúvo cria em seus devaneios histórias que representam suas vivencias, receios e medos, este momento criativo representa uma fuga do sofrimento que tenta abraçá-lo durante as noites lhe causando insônia. O idoso passou sua vida entre dois caminhos, porem, ao perceber que não foi possível abarcar os dois, se vê perdendo a ambos, da mesma forma que demonstra em sua história fictícia, no qual a vida tranquila é renunciada em prol das conseqüências das armadilhas que a vida lhe impõe, digo impõe porque apesar de notar um certo arrependimento pelo rumo que sua vida tomou August Brill não assume total responsabilidade, julgando a uma causa maior o que o impulsiona a um caminho quase que inevitável.
Diante de uma saga de tragédias que se manifestam, tanto na ficção quanto na vida dos personagens reais, fiquei curiosa para saber o que levou o autor a imaginar tais problemáticas...Será que estava em uma fase ruim? No qual o destino lhe pregou uma peça?
Uma parte que gostei muito do livro é o dialogo da neta com o avô sobre os objetos inanimados que trazem contigo uma expressão de emoções nos filmes, os exemplos me deixaram encantada, e me fez lembrar de que um bom escritor também o faz em suas narrativas, e o leitor pode ou não captar sua infinidade de significados em apenas algumas linhas, e acredito que a vida também é assim, quantos significados diante de nossos olhos, e quantas vezes passamos batido sem ao menos ter tempo de fazer essa leitura.

Sabrina Freiberger 20/08/2018minha estante
Gostei da tua resenha, você desenrolou todo meu pensamento. Tive a mesma sensação ao encerrar a história, ainda não sei se amei ou odiei, mas sei que vai ficar marcado. Acredito que o fato de eu nunca ter lido uma obra do Auster e ter iniciado esse livro sem nem ver a sinopse justifica o fato de eu ter ficado chocada com algumas partes. Achei toda a narrativa dolorosa, mas não consegui parar de ler e agora não consigo iniciar outra leitura, minha cabeça não sai dessa história.


@apilhadathay 07/02/2021minha estante
Sendo sincera, essa leitura também me provocou esses sentimentos. Não é um livro que a gente esquece facilmente




lexsouza 05/08/2022

Me engana que eu gosto
Paul Auster nós leva pra onde quer com sua narrativa concisa e fluída. Acreditamos que deciframos o desfecho em determinado ponto da leitura; o autor nos dá uma rasteira seca em apenas 3 linhas.
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Julio.Argibay 20/02/2018

Desapego
Um bom livro. Um enrredo um pouco mais complexo, mas uma leitura boa, fluida, cativante. Eu esperava uma explicação melhor, mais amarrada, ficaram alguns nos soltos, mais ou menos no meio do livro, fora isto foi bem interessante. Vale a pena.
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Tarciso.Rodrigues 09/02/2021

O homem no escuro: uma obra pós-moderna
Um crítico literário idoso, que sofreu um acidente de carro, e sofre de insônia, e mora com sua filha e sua neta, cada um com seus dramas de vida. Ele passa o tempo assistindo filmes antigos com a neta e criando histórias enquanto dorme, a história de um Estados Unidos dividido por uma guerra civil, e que se emaranha com o Estados Unidos real e a própria vida do personagem principal.

A história do personagem principal, de sua filha e neta são marcadas por tragédias e crises existenciais. Aliás, existencialismo aqui é marcante. É uma história da humanidade pós-moderna: fragmentada, em crise, cheia de tragédia e guerras.

Na narrativa, todas os saltos da realidade esfacelada, da irracionalidade e bizarrice do mundo, nessa ótica, aqui estão: drogas (alcoolismo e fumo), suicídio, e religiosidade como mera semântica, vazia. Além disso, a ruptura com a realidade, o absurdo.

Apesar de ser um livro curto, a estrutura sem divisão por capítulos, a forma como o autor trabalha a narrativa em divagações do personagem, o absurdo, e o tom antibelicista narrando, ao final do livro, o terrror da guerra com detalhes realistas tornam essa obra complexa, indigesta e até nauseante. Um livro pra ser lido com calma, quando estiver emocionalmente bem ?.
@apilhadathay 16/02/2021minha estante
Concordo, Tar. Foi um livro difícil de digerir. Sobretudo, no final. Aquela... descrição da cena, no final, me deixou mal de verdade.




Henrieth Hasse 01/07/2022

Monótono desde o início, apesar da escrita do Paul Auster ser muito boa. Indo pro final os personagens param de se enrolar e ficam mais interessantes, daí acaba e vc se pergunta: é isso aí?
Achei chato.
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Junior Rodrigues 03/10/2022

"Por que a vida é tão horrível, vovô? Porque é, só isso. É, e pronto."
Esse é um livro interessante, curto e diferente, porque traz uma história dentro de outra história e isso é complicado de ser feito de uma maneira que consiga prender a atenção do espectador e aqui a trama foi bem desenvolvida e consegue atingir o objetivo de instigar o leitor.
Os personagens são parte importante dessa jornada, uma vez que temos dois protagonistas, sendo um dentro da criativa mente do outro e as situações que vão surgindo na caminhada de Owen Brick é o que eleva a qualidade do livro. Ainda mais que é um contraste surpreendente com a caminhada rotineira e errante de August Brill.
O mais intrigante em toda a história é a questão de mundo paralelo que o autor consegue traçar de maneira sucinta, mas que faz um sentido dentro da jornada de Owen Brick. E isso automaticamente me remeteu, primeiramente à série Counterpart que tem a trama interligada diretamente a criação de um mundo paralelo, mas que conforme o livro avança me vi pensando no filme Mais Estranho que a ficção e isso foi sendo fortalecido pela maneira que o autor vai direcionando a trajetória de seus protagonistas.
Com um livro curto, mas com uma boa trama e uma história dentro de outra história, esse é um exemplar a ser conferido.
Recomendo!
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16/09/2023

O drama da vida
O livro tem uma leitura fluida, o autor narra de forma prazerosa, contudo, a história criada pelo protagonista é maçante, me peguei estagnada nesse momentos por vezes, uma historia dentro da história que não apresenta um desfecho satisfatório de forma independe, óbvio sendo considerada como metáfora ela cumpre seu papel, contudo ainda assim deveria ser autossuficiente, sendo muito mais instigante quando voltamos ao quarto escuro onde o protagonista divaga por outros caminhos. Entre fluxos de consciência e diálogos sem pontuação, seria fácil se perder, mas isso não acontece. O final do livro a leitura deslancha de forma rápida e satisfatória. É um bom livro, mas o tema de alguma forma não me marcou.
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