yara 30/08/2020?as coisas moviam-se e mudavam e voavam, e os ouvidos vibravam diante de impulsos que não eram inteiramente sons. algo estava sendo tirado dela, estava sendo extraído dela, e algo, que não deveria estar ali, prendia-se a ela, nada se aquietava durante a noite, até paredes e janelas deslocavam-se.?
como segundo volume da primeira coletânea de escritos lovecraftianos organizados pela editora pandorga, confesso ter sido seduzida por uma singela impressão positiva em relação ao meu primeiro contato com o autor. como narrado aqui, tive uma imensa dificuldade inicial quanto à finalização do exemplar anterior, pois em quase todos os contos o simples fato de ser negro foi expresso como sinônimo de uma belicosa marginalidade interior e a origem da maioria dos inacreditáveis fatos remetia a uma distorcida cultura africana. apesar dos pesares, descobri no último conto da obra (a casa abandonada) o motivo do imortalizar de lovecraft - fator que motivou a continuidade da minha leitura.
com mais lirismo e menos ódio, confesso sentir uma maior simpatia perante o segundo volume da coletânea. mediante a presença de meros três contos (a cor que caiu do céu, ele e o horror em red hook), pude degustar a essência de um nato horror cósmico, avançar desesperadamente as páginas para ir de rápido encontro com o desfecho das narrativas e sentir aquela natural (e maravilhosa!) inquietação quando a gente lê um terror bem escrito.
em detrimento de seu caráter agressivamente etnofóbico, julgo delicado admitir gostar de h. p. lovecraft, mas me assumo apaixonada por algumas secções de seus escritos.