Lauraa Machado 04/09/2020
Uma história com muito potencial que desandou bem
Nota verdadeira: 2,5.
Lendo esse livro, não posso dizer que não conseguia enxergar os problemas, mas tampouco posso dizer que eles estavam claros e escancarados. Pareciam sutis, me fizeram pensar que dar uma nota mais para 3,5 era o mais apropriado. Mas eu tenho o hábito de escrever resumos dos livros que leio em cadernos. Foi fazendo o resumo desse logo que terminei que percebi que ele fez pouquíssimo sentido. O enredo é confuso, parece não sair do lugar, tá sempre dando voltas em torno de si e não chegando em nada que realmente importe. Foi um desperdício de boa ideia.
Como disse, percebi durante a leitura. Seus problemas estão presentes desde logo no começo. Me senti como um hamster preso a uma roda que girava e girava e nada mudava. O começo desse livro teve cenas tão parecidas com o final do primeiro, que a autora deveria ter escolhido uma delas só. Como ficou, mudando o ambiente ou não, só me deu a impressão de que já tinha visto aquilo antes. Tem outras cenas no começo que parecem repetidas, de tanto que não se desenvolvem direito.
Mas o pior do livro é que ele não vai para lugar nenhum, ainda que Jules vá para vários. A sinopse e a história prometiam quase uma caça ao tesouro atrás de suas memórias pelo país, só teve tropeços, ruas sem saída e pistas inúteis. Muita promessa, cada vez que a história se desenvolvia tinha mais, e no final quase nenhuma foi cumprida ou aproveitada. Nunca fiquei tão frustrada pela construção de um enredo que, no final, acabou não valendo por nada. Novos personagens apareceram, mas não chegaram nem perto de ter seu potencial utilizado, e uma nova ameaça, o Caçador, foi a coisa mais bizarra que alguém poderia imaginar. Na cena em que se revela, nem questionei. Mas depois fiquei pensando e foi ficando mais estranho a cada segundo. É tanta coisa mal explicada que é para a gente só acreditar que é e pronto, que acabou perdendo credibilidade.
E tudo para quê, exatamente? Ainda não tenho a menor ideia. Quer dizer, teve um final, um confronto final que foi descrito tão bem, mas depois tão mal, com algumas inconsistências de descrição e de atitudes. Teve uma solução para a questão do tempo, mas foi tão vaga e incerta que configura a verdadeira decepção desse livro. Achei que ia descobrir lembranças antigas de Jules, que ia vê-la desenvolvendo seus poderes, aprendendo seus limites, mas nem isso. Às vezes dá certo, às vezes não, e em nenhum momento dá para prever por quê, pois seus poderes não têm regras, limites ou racionalidade por trás.
O romance foi o que mais motivou a ler, mesmo quando eu via tanta resenha negativa para esse livro. Ele não é péssimo, isso é verdade, mas fiquei bem chateada pelo modo que ela trouxe o clímax dele. Achei insensível, até um pouco ofensivo para quem estava torcendo por eles. Sem contar que já não conseguia enxergar os personagens tão bem delineados nesse livro e eles foram de indiferença a amor um pouco rápido. Duas semanas, aparentemente. Teria sido melhor se a autora tivesse pelo menos feito o tempo passar um pouco mais.
A ideia do primeiro livro é tão boa, que ainda acho que vale a leitura, mas a verdade é que tudo que o anterior tem de brilhante, esse tem de sem graça. A escrita da autora ainda é ótima, a ponto de me distrair dos problemas, confesso. Tenho interesse em ler seus outros livros, mas fiquei com a forte impressão de que ela teve uma ideia ótima para o primeiro livro e nem parou tanto para pensar na do segundo. Espero que com sua próxima duologia não seja assim, porque ainda vou lhe dar outra chance.