Vidas Secas

Vidas Secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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nflucaa 22/05/2024

Vidas secas na secura da vaidade
Nessa obra, Graciliano descreve mais que as lutas e adversidades enfrentadas por uma família de retirantes em sua busca por sobrevivência em meio a aridez do ambiente. Não, ainda mais além: através dessa descrição penetrante da vida no sertão nordestino, de forma concisa, direta e isenta de sentimentalismo ou romantismo, o autor nos mostra a secura de todos nós, os que, em alguma medida, possuem também ?vidas secas?.

Secas em quê? Ora, Fabiano é seco em tudo. Cabe a denúncia do autor: os problemas das vidas das personagens NÃO são causados pelo clima. Os problemas têm seu âmago em uma questão social. Fabiano não sabe nem falar direito. Não pensa, não reage. Está em choque com o mundo, mas é amassado por ele. Amassado pelo Estado, pelo patrão, pela natureza, pela existência! Além: Fabiano não tem carinho. Não é humano. ?Você é um bicho, Fabiano?. Assim é sua esposa, Sinhá Vitória, e assim também o são seus filhos, que nem nome recebem na obra. São privados de nome porque são o ?eu? universal em qual nós leitores nos veremos. O ser mais humano desse livro é a Baleia, a cachorrinha. Irônico, não?

A pobreza denunciada aqui vai muito além da pobreza econômica. Perpassa a pobreza social, a pobreza humana. A falência do afeto, a supressão da justiça, a inaptidão da linguagem, tudo!

Esse livro não é apenas um primor literário, é um testemunho da condição humana. As reflexões do Qoheleth no Eclesiastes bíblico cairiam bem em comparativo com as condições das personagens de Vidas Secas.

?Vaidade de vaidades, diz o Qoheleth, vaidade de vaidades. Tudo é vaidade!
Que benefício tem o homem de todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol??
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emol.ga 22/05/2024

Relato contemporâneo demais sobre uma vida de miséria
"Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Não tinha; [...]Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais e nunca ficaria satisfeito."

Em um pequeno projeto de reler alguns clássicos da literatura brasileira, "Vidas secas" acabou sendo o primeiro da lista e de forma resumida: Que leitura! Apesar de publicado em 1938, o relato contido em cada página ainda mostra a realidade de muitas famílias no sertão nordestino, o que para mim, trouxe um gosto amargo a boca e uma reflexão pesada sobre como levamos nossa vida e como reclamamos por nada, afinal, além da nossa bolha existem realidades bem mais duras e pesadas.

Graciliano Ramos, consegue perfeitamente nos transportar para o sertão seco e arrido da narrativa como se estivéssemos de corpo e alma ali, sofrendo junto a família de retirantes, buscando por uma terra melhor longe de toda aquela miséria costumeira que a estação de seca traz consigo. O sentimento da narrativa é tão vívido que em alguns momentos, me senti sufocada e revoltada com os relatos de injustiça, perda e dureza daquela vida; me peguei até mesmo grunhido junto aos personagens em alguns momentos mais contraditórios. Para mim, uma eterna leitora e sonhadora, os sonhos frustrados e demasiadamente simplistas foram os pontos que mais me pegaram durante a leitura. Desde ver Sinhá Vitória sonhar como uma cama digna como a de Tomás da bolanderia, mas que para isso deveriam abrir mão de materiais necessários para sobrevivência, até mesmo a vontade de Fabiano em conseguir se comunicar com exatidão para ser entendido pelos outros, ou parafraseando o próprio sertanejo, deixando de ser bicho para virar gente. A interjeição "Meu Deus!" Foi a coisa mais falada por mim durante a leitura, seja por espanto, por raiva, tristeza e até mesmo alegria, porque em tamanha desgraça, a família ainda conseguia achar momentos de alegria e comunhão, sejam esses sonhando acordados ou passando algum tempo juntos como os irmãos brincando de moldar vacas com o barro ou os afagos do mais velho a cachorra Baleia; cachorra esta, que entendi como sendo o elo central de humanização da família e personagem mais conhecido da trama.

Com 13 capítulos e aproximadamente 180 páginas, "Vidas Secas" é um livro relativamente rápido de ser lido, ainda mais se você se envolver intrinsecamente com a história dos personagens, tornando a leitura ainda mais prazerosa. Entretanto, não se engane, pois apesar de breve, a escrita traz uma profundidade ímpar que aliada a escrita de Graciliano, conseguem elevar a experiência da leitura a outro patamar, sendo fácil entender o porquê do livro ser tão conhecido e o porquê de ser uma leitura quase que obrigatória. Recomendo sem medo, principalmente aos que desejam um choque nu e cru de realidade.
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Nahima.Bogado 22/05/2024

10/10
Eu não me canso de admirar a beleza e a singularidade da literatura brasileira.
Vidas Secas me encantou e entristeceu na mesma medida. Retrata a vida de uma família de retirantes que foge da pobreza e da vulnerabilidade que a seca traz.
Fabiano, Sinhá Vitória, menino mais velho, menino mais novo e a Baleia, personagens sem sobrenome, reforçam que a miséria, a fome, a sede, a opressão e a exploração tiram a identidade, a humanidade e a esperança das pessoas.
“Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.” Dói saber que não é só uma Estória, mas uma História e que ainda hoje pode ser a realidade de alguém. Todos os louros ditos sobre esta obra de Graciliano Ramos são merecidos. Sua escrita é bela, profunda e reflexiva. Vidas Secas é um livro pra ler hoje e refletir uma vida inteira.
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Nicole Pazzini 22/05/2024

Acho que jamais esquecerei do momento que estava lendo essa obra. Enquanto no livro se narra a seca, a falta de água e chuva, estamos em meu estado sofrendo a maior enchente da história, momentos em que eu fique receosa, alerta e ansiosa, com medo de ter que evacuar minha residência em face desse desastre climático. A leitura já havia sido iniciada antes de acontecer as enchentes e no meio do caos, eu estava lendo o oposto do que ocorreu aqui.

Enfim, sobre a obra, todos sabemos sobre a Baleia e no momento da descrição, eu pensei: ah, pensei que seria pior... só que meu Deus, foi pior, foi muito pior do que tudo que imaginei, foi doloroso demais para mim. :(

É um livro de fácil leitura que narra a história de uma família nordestina que está a fugir da seca, em busca de água e comida. No início eles já estão a perambular, mas depois de um tempo, a seca para e eles encontram uma fazenda para se instalar, porém pensaram de forma erronea que ela não tinha proprietário. De qualquer forma, ao aparecer o proprietário, o Fabiano (narrador), é contratado e a família passa a viver ali.
Porém, após algum tempo, o seca torna-se um problema novamente e ele acaba, ao fim, como no início. É triste os trechos em que Fabiano menciona que Sinha Vitória, sua esposa, sempre quis dormir em uma cama macia e no fim, ele entende que a possibilidade de esse desejo se realizar é quase impossível.

É uma grande obra, curta e que vale muito o tempo despendido, ainda mais para trazermos como reflexão: a falta de água afeta todos igualmente? Sabemos que não... mas qual o motivo?
Regis 22/05/2024minha estante
Realmente são duas situações contrarias que causam danos traumáticos, tanto o livro retratando a seca quanto a situação das chuvas no seu estado. Espero que tudo isso passe logo e que as pessoas possam reconstruir.

Tive a mesma sensação que teve com a pobre da Baleia, Nicole, foi doloroso demais.


Nicole Pazzini 22/05/2024minha estante
Vai e já está passando, tenho muita esperança na reeconstrução.

Muito pesado né? Eu fico muito mal quando animais morrem :( ainda mais da forma que ocorreu com a Baleia e tão detalhada como foi a cena


Margô 07/06/2024minha estante
Um livro pra vida! E nada é mais marcante do que a Cachorra Baleia...sou Nordestina, por aqui a seca já não é mais tão fa


Margô 07/06/2024minha estante
(continuando)... já não é mais tão fatal, mas meus pais e avós conheceram na pele esta tragédia... O Nordeste tem driblado as secas, mas ainda se passa por muitos perrengues por aqui!


Nicole Pazzini 07/06/2024minha estante
Muito marcante mesmo, eu não consegui conter as lágrimas e confesso que só de pensar, me dá uma bad.

Ainda bem que vocês conseguiram contornar essa situação de seca.


Margô 08/06/2024minha estante
Aprendemos a conviver...


Regis 08/06/2024minha estante
Meu pai era nordestino, Margô e me contava histórias que sua mãe e avós lhe contava. Ainda bem que as coisas melhoraram, mesmo que não completamente e não para todos igualmente.


Regis 08/06/2024minha estante
Também não contive as lágrimas, Nicole, é uma história visceral e marcante.


Margô 08/06/2024minha estante
Ôi Regis! Sim , sabemos que a questão das secas do Nordeste , não é um fator puramente climático, e que , o que precisava mesmo, era uma política de convivência com a seca. E foram estas estratégias de maior assistência , sem assistencialismo que nos converteu no povo que se percebe como criativos e persistentes , e não como sobreviventes!
A situação do RG do Sul, é uma tragédia sem comparação... Situações bem diferentes. Estamos de mãos dadas com os gaúchos...em oração, e solidariedade. Vida que segue!




Lulucarneiro 22/05/2024

Entediante
Livro necessário porém entediante. Não é meu tipo favorito de leitura aaajshsjsnsnshahshshssshsdddddgd
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Nahima.Bogado 22/05/2024minha estante
Excelente percepção do livro, gostei.




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Amanda3913 21/05/2024

Vontade de ler mais
O texto de Vidas Secas é direto, seco e ao mesmo tempo aflora sentimentos de desassossego, raiva, angústia e esperança.

Acompanhamos Fabiano, Sinhá Vitória, sua esposa, seus dois filhos e a cachorra Baleia.

Cada parte do livro acompanha o olhar de um dos personagens. Todos secos, muitas vezes sem conseguir externar o que sentem e com desejos simples.

Sinhá Vitória sonha com uma cama de couro. A sua, de esteira, lhe dá dor nas costas.
O filho mais novo quer ser igual ao pai. O pai quer apenas o que é fruto de seu trabalho. O filho mais velho quer saber, aprender e o bem de Baleia. A Baleia quer um mundo onde a sua família não tenha escassez.

Fiquei com vontade de ler outras obras de Graciliano Ramos.
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Gabriele 20/05/2024

Esse livro é sobre gente
Tudo indicava que aquela família era menos gente que as outras. O autor nos faz refletir através de uma escrita seca, mas para mim, nada objetiva, sobre o que é ser humano. Apesar das autoridades, materializadas de diversas formas no livro, tanto no soldado amarelo quanto nos impostos, insistirem em reafirmar a falta de "civilidade" naquela família, eles tinham problemas de gente: as infelicidades, angústias, a esperança no amanhã. O que nos resta para além do ser civil obediente?

Um personagem que me intrigou muito foi Fabiano. No começo achei ele esquisito e violento, mas ao longo da sua trajetória fui reparando o quanto me pareço com ele. Acho que seu desejo de se defender com palavras eloquentes como Sinha Tirta, ser sabido como Seu Tomás da bolandeira, se assemelha com os nossos quando encontramos nos outros mais dignidade do que em nós mesmos.
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Eduardo 20/05/2024

Dolorido.
Havia lido há muito tempo atrás e resolvi reler em conjunto com um amigo. Foi complicado reviver essas emoções e todo o sofrimento que o livro causa, estava passando por um momento frágil mentalmente e tudo me atingiu de maneira amplificada.

Esse livro é marco na literatura brasileira e muda sua perspectiva sobre algumas coisas básicas da humanidade, sobre os privilégios que alguns de nós temos, tudo isso de maneira dolorosa.
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gleidsonoitavo 20/05/2024

Todo mundo é um pouco Baleia
As palavras de Graciliano Ramos me fizeram sentir toda a aspereza dessa história, a secura de vida e a poeira que se assenta sobre a pele, cria uma casca rígida e permanente e aos poucos aterra os personagens. Vai se perdendo o serviço, peso, sonhos, palavras e só a volta da chuva pode fazer a vida florescer. No fim, gente e bicho se confundem. Ambos têm medo de terem os olhos arrancados e serem comidos vivos pelos urubus. Pestes! Mas se a morte é um destino que não se pode evitar, só resta dormir, e então "acordaria feliz, num mundo cheio de preás".
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JAlia372 20/05/2024

Uma bosta. Pra mim o autor acordou num dia e pensou "vou escrever um livro. Escreveu qualquer coisa, misturou o presente da história com o passado sem explicar nada e publicou, nem revisou.
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Renata.Crema 20/05/2024

A história mostra a extensão dos efeitos relacionados ao processo de exploração do capitalismo colonial e do trabalho alienado.

A narrativa é atemporal, e não se encerra naquele contexto histórico e social, porque a desgraça vivida por Fabiano se repete até hoje.
Essa miséria é, primeiramente, uma consequência da natureza humana, do bicho homem que maltrata, exclui, engana e subjuga, e se mantém por interesse de quem os explora, que é quem os priva do acesso à educacao e à cultura.
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ncamilafreitas 19/05/2024

Uma leitura triste, densa e necessária.

pegar esse livro por livre e expontânea vontade, sem ser por motivos institucionais, me fez entender o quão importante ele é e o motivo pelo qual ele é tão indicado nos âmbitos educacionais.

li ele enquanto escutava também o audiobook na audible e em alguns momentos tinha que voltar e reler algumas partes porque me sentia confusa, mas no fim tudo estava esclarecido.

é uma leitura bem forte, seca e é triste - muito triste.
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