Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/12/2018Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeA história é narrada em terceira pessoa e ambientada em Araruama, cidade do Rio de Janeiro. Manu é filha do prefeito e namora Adam, ele se destaca nos esportes mas, infelizmente, pratica bullying com outro aluno: Chris.
Chris tem dezesseis anos e leva uma vida simples, morando com a mãe e o irmão mais velho, Cleber. Ama pintar e guarda uma paixão secreta por Manu, também não conta quando é agredido por Adam, e só sua mãe e o irmão sabem que talvez Chris não tenha tempo para realizar todos os seus sonhos.
Manu e Chris, dois adolescentes de classes sociais diferentes, acabarão se aproximando na escola, e o tempo que passarão juntos trará grandes mudanças para todos os personagens da história.
"Ao deitar, ela tentou evitar as lembranças daquela tarde ao máximo que pôde, mas não conseguiu. Por mais insistente e durona que Manu fosse, ela não conseguia ser assim na presença de Chris. Não conseguia impor suas vontades nem o controlar como fazia com os outros. Inevitavelmente, ela percebeu, era como se ele fosse indomável e livre, mesmo que de uma forma doce e ingênua, como ela sempre quisera ser, e nunca conseguiu." (página 38)
Eu não quero contar muito para não atrapalhar a experiência de leitura de ninguém, mas pelas citações que coloquei na resenha, talvez vocês tenham noção da situação do Chris.
"Mais uma vez, Adam quis bater nele. Toda aquela serenidade o tirava do sério. Como alguém podia ser tão calmo e, ao mesmo tempo, parecer tão petulante, sem nem ao menos desejar." (página 77)
Acho que o mais interessante do livro é a transformação que ocorre nos personagens por causa de Chris. Ele corajosamente escolheu viver o tempo que tinha da melhor maneira possível, e foi difícil para a família aceitar essa decisão (assim como pode ser difícil para alguns leitores), mas no decorrer da trama, Chris e o irmão redescobririam o amor fraternal. É revoltante a forma como Adam o agredia, e pensar que essas agressões podem ter abreviado a vida de Chris torna tudo ainda mais doloroso, mas o autor nos permite ver como todos os personagens tinham as suas próprias lutas e medos que seriam deixados de lado em determinado momento por Chris.
Fortitude é um livro curto, com pouco mais de cento e cinquenta páginas, que pode ou não ser lido rapidamente, dependendo do ritmo de leitura de cada um. Não acho que precisaria de mais páginas para desenvolver a história, mas uma revisão melhor por parte da editora e alguns ajustes em determinadas cenas poderiam aperfeiçoar a trama. A capa é bem bonita, tem a ver com a praia e com uma cena do livro, de acordo com a ambientação numa cidade brasileira, o que eu achei bem bacana. Há detalhes nos inícios de capítulos, as páginas são amareladas e a diagramação traz margens, letras e espaçamento de bom tamanho.
Como já mencionei algumas vezes aqui no blog, não sou de chorar com livros, mas acho que leitores mais emotivos podem derramar algumas lágrimas durante a leitura. O que acredito que vá acontecer com praticamente todos os leitores é uma reflexão sobre o que há de certo e de errado em cada um de nós, como há nos personagens de Fortitude.
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