Sofia Meneghel 12/06/2023
"e em nada me envergonham as minhas delícias.."
Gostaria de começar essa resenha deixando claro que se você pretende ler este livro para adquirir "conhecimentos milenares" sobre a "arte da sedução", saiba que os conselhos e recomendações de Ovídio são facilmente encontrados em perfis de coach de masculinidade no Instagram. O que, para mim, torna essa obra digna de leitura e estudo aprofundado, é o seu mergulho sincero no cotidiano sex*al de Roma no início do século 1 d.C.
Para quem, assim como eu, tem um interesse acentuado em História da Sex*alidade, "Amores & Arte de Amar" é uma fonte interessantíssima. Ovídio escreve sobre s*xo de maneira anormalmente direta para a época, usando poucas metáforas mitológicas (em comparação com os seus conterrâneos) e trazendo expressões consideradas até mesmo chulas. Os conselhos de Ovídio, como eu já pontuei, não são originais e, na minha opinião, não devem ser aplicados na vida real. Porém, o que os torna fascinantes é justamente a sua existência no século 1 d.C. Dentre tais conselhos, encontramos: não se arrume em demasiado, para não parecer "afeminado"; incomode tanto uma mulher que ela desista de resistir e fique com você; não seduza uma mulher próximo do seu aniversário, pois terá que dar um presente a ela, etc.
Para finalizar, novamente desencorajo a leitura desse livro como um Manual de Sedução, e estimulo a sua leitura como fonte de informações sobre as práticas sex*ais na alta sociedade romana no início do século 1 d.C.
"Aquela que eu escolhi, que a minha arte a torne famosa.
Hão de rasgar-se as vestes, hão de quebrar-se as pedrarias e o ouro;
a fama de que os meus versos sejam tributo há de ser eterna."