Lucas1429 20/12/2022
Um ano depois, terminei.
De trocadilho sútil, mas sincero, digo que Anne representa uma mazela mais despreocupada do que foi a contracultura francesa com a explosão dos protestos de 68. Sendo esposa de Godard, prolífico mas blasé, não seria uma má ideia adentrar em memórias e num material valioso dessas personas históricas. Porém, a leitura soa enfadonha como o próprio cineasta esposo-muso.
Não seria abusivo delinear os relatos todos triviais. Não que precisassem ser ensaios sociológicos, mas muitas vezes é um quase nada mesclado às prerrogativas do que Anne considerou das reivindicações do jovens universitários, políticos e artistas, um momento de subversão.
O marido, condescendente com o movimento em toda sua extensão, é justamente o oposto, se ela vai à praia ao invés de manusear cartazes ou violentar policiais, em concordância à turba de revolucionários, é uma reaça. Enquanto toma pra si toda o peso do mundo e pensa ser ele o salvador. Patético.
É compreensível também a placidez da escrita leve, sem peso consciente na sua maioria, e um pouco distante da valoração daquele momento, Anne era uma flor desabrochando na referência social que sua classe provoca e pelo qual respira. Mas faltou no livro a potência necessária pra seu leitor contemporâneo fantasiar a vivência outrora icônica, ou simpatizar com as cenas do casamento. Posso ser exceção.