Lene Colaço 05/06/2018Que desprazer foi conhecer o Walter, inicialmente. Ele é machista ao extremo, com aquelas frases clichês que fazem os olhos revirar. Revirei várias vezes. Mas como qualquer outra pessoa, Walter tem família, emprego, problemas... Ele sempre desejou muito um filho homem. Não queria “passar de consumidor a fornecedor” (reviro os olhos). Quando nasce Carlinhos, seu segundo filho, sua vida ganha um brilho. Agora ele tem um companheiro para torcer pelo mesmo time, levar o carro para lavar, ensinar a “paquerar” as mulheres na rua, essas “coisas de homem”. Mas Carlinhos morre, deixando o pai desolado.
Após a morte do filho, Walter começa a ter sonhos com o garoto. Nesses sonhos Carlinhos está diante de várias folhas de papel. Walter não entende os sonhos e segue abalado com a perda. Um encontro inesperado com alguém do passado lhe dá a direção: escrever uma carta para alguém importante, e que essa carta tivesse como tema o PERDÃO. Assim Walter começa uma caminhada por suas memórias, visitando também sua personalidade, seus valores, questionando muitas coisas que praticou durante sua vida, e escrevendo muitas cartas. Não apenas pedindo perdão, mas também tomando atitude e reparando alguns erros.
A história é original. Embora alguém tenha me dito que já assistiu a um filme com essa premissa, para mim foi algo novo. O fato de ser ambientado no Brasil é muito bacana, porque acho muito chato ler um romance nacional com personagens de nomes que mal consigo pronunciar e paisagens gringas. Só não ficou bem claro, ou eu deixei escapar, se a historia se passa em Minas Gerais ou em São Paulo, mas a falta dessa informação não incomodou.
Incomodou um pouco o inicio. Achei muito filosófico, muito lírico, e muito explicadinho cada gíria, cada ditado... Não gosto de explicações quando elas não somam ao assunto principal, mas assim que venci as três primeiras páginas todo o resto foi fácil. O livro tem um ritmo muito bom, com capítulos curtos que vai nos levando, levando... E por ser um livro de 150 páginas, dá pra ler em uma sentada. Adoro isso!
Resenha completa no blog Bala de Limão
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