Conversa de Jardim

Conversa de Jardim Maria Valéria Rezende




Resenhas - Conversa de Jardim


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Ewerton Torres 06/06/2023

Conversa de Jardim é um livro que reúne os diálogos entre dois amigos escritores, Valéria e Roberto, que se encontram no jardim da casa dela para conversar sobre a escrita, o processo criativo, a vida, a sociedade e a literatura. O livro é inteiramente um diálogo, o que me surpreendeu pela forma. Ficou muito bem construído tendo como recursos para acentuar a expressão, a metalinguagem e as marcas da oralidade características de cada um dos dois autores-personagens.

Os diálogos entre os amigos são descontraídos, mas ao mesmo tempo profundos e reflexivos. A autora, Maria Valéria Rezende, é conhecida por sua habilidade em abordar questões sociais em suas obras, e em Conversa de Jardim ela faz um resgate histórico de suas obras, contando o processo de cada uma, sendo guiada pela curiosidade do autor Roberto Menezes. As conversas sobre escrita abordam também temas da vida dos autores-personagens como pobreza, desigualdade social, e dedicação a trabalhos envolvendo educação popular.

O livro é bem escrito e de leitura fácil, conta muito da trajetória de vida de Valéria, mas ela deixa claro que não se trata de uma biografia, autobiografia ou coisa semelhante e, se fosse, seria uma mentira, já que, segundo ela, não dá para confiar em sua memória.

Conversa de Jardim é uma obra relevante e atual (apesar dos personagens usarem Facebook com frequência). As conversas sobre literatura são como aulas sobre escrita. E sem serem taxativos, compartilham aprendizados interessantes para o leitor que se interessa em escrever literatura.
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Biblioteca Álvaro Guerra 28/10/2021

O livro "Conversa de jardim", de Maria Valéria Rezende e Roberto Menezes, nasceu da ideia de transpor conversas que estavam sendo gravadas desde 2014, e que agora irá virar livro. "Conversa de jardim" nasceu assim. Nem eles sabem quantas vezes se encontraram. Horas e horas de conversa fiada. A ideia de transcrever surgiu muito depois. Não é uma biografia. Não é uma entrevista. Como Valéria diz, "O que tem aqui é só o papo informal entre dois amigos, dois escritores, uma veia e um novinho".

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788592579760
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Milena Kozlowski 14/04/2020

Sentindo até a brisa
Livrro ótimo para quem procura um livro leve, aconchegante e divertido. Confesso que várias vezes me senti ali no jardim de Valéria, sentada ouvindo Valéria e Bento conversarem calmamente sobre tudo, mas sobretudo literatura e as diversas formas de escrita. Adorei a experiência, confesso que no início é difícil de se acostumar à maneira na qual os diálogos são escritos, mas depois que se acostuma a leitura vai voando. Sinto que vou levar esses dois na cabeça por muito tempo ainda... E fiquei com muita vontade de conhecer mais o trabalho da Valéria como escritora!
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Thaisa 11/01/2019

Por Thaisa Lima no blog Minha Contracapa
Sabe aquelas conversas aparentemente descontraídas mas que são cheias de dicas maravilhosas? Foi exatamente isso o que encontrei em Conversa de Jardim e soube aproveitar muito bem! Usando a expressão - costumo usar sempre por aqui - que o Roberto Menezes tão bem definiu no livro, não farei uma crítica à obra, mas falarei como uma "leitora comum".

É a primeira vez que leio um livro de ensaios e esse foi justamente o motivo que me fez solicitar a obra. Queria conhecer o gênero e foi uma das melhores decisões que tomei, pois o livro mostrou-se uma enorme surpresa. Como escritora marquei diversas dicas dentro do bate papo dos autores e, como leitora, me senti junto à eles  naquele jardim, conversando e bebendo chá.

Não sei porque pensei em chá, eles não falam que estão bebendo isso, mas foi assim que me senti ao lado deles. 

"Estou convencida que todo mundo é um romance" - Valéria

Conversa de Jardim nasceu da ideia de transpor conversas que estavam sendo gravadas desde 2014. Os escritores se conheceram nas reuniões do Clube do Conto da Paraíba e se aproximaram pela escrita. Desde então a amizade foi crescendo e nessas conversas no jardim, vislumbrando as macaxeiras plantadas ao lado das roseiras, eles conversam sobre várias coisas, dentre elas, literatura, escritores iniciantes, suas experiências de vida e de escritores, processo criativo e seus livros. Mas não é uma biografia. É uma conversa descontraída e aconchegante que cativa o leitor.

A estrutura textual é bem diferente do que estou habituada a ler. Achei que as vozes intercaladas me deixariam confusa de alguma forma, mas a verdade é que a leitura fluiu muito bem e consegui distinguir quem estava falando, mesmo sem precisar das aspas pra separar a voz de Valéria da de Beto. Só sei que eu estava ali, sentada ao lado deles, ouvindo a conversa quase como uma voyeur, me deliciando com a experiência de vida de Valéria e quando me dei conta, um misto de emoções me invadiu. Queria muito ter a oportunidade de sentar com esses dois para conversar um dia.

Como pode, num simples bate papo, os autores levarem os leitores a sentirem tantas emoções diferentes? Não sei explicar, mas sei que eles conseguiram. Eu senti tristeza, alegria, pesar e um sentimento de urgência e calmaria. Louco, não é? Acredito que isso seja culpa do peso de duas gerações interagindo entre si.

“Já morri várias vezes. Já tive infarto. Já tive desastre de avião. Já quase me afoguei. Já tive espingarda doze apontada pro meu peito. Depois disso tudo e de um monte de outras coisas, a sua visão sobre a vida muda, a consciência de que ela pode se acabar a qualquer minuto... Só consigo ter por completo o agora” - Valéria

O carinho entre Beto e Valéria é visível no tom usado em seus diálogos. Não é um livro com um conteúdo profundo e enfadonho, muito pelo contrário. É uma leitura leve, bem humorada, mas repleta de preciosas dicas para quem deseja (ou já é) ser um escritor e também para a vida.

Essa leitura foi uma grata surpresa e uma ótima experiência. Agradeço aos dois por me fazerem refletir tanto sobre alguns pontos de minha vida e por me proporcionarem participar desta conversa.

site: http://minhacontracapa.com.br/2019/01/resenha-conversa-de-jardim-de-maria-valeria-rezende-e-roberto-menezes/
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Toni 25/09/2018

Ouvir Maria Valéria Rezende é tão bom quanto lê-la. Quem já teve a oportunidade de estar presente em qualquer uma de suas palestras, assistir a entrevistas na tevê/youtube, ou mesmo o privilégio de tomar um chá com bolo no jardim de sua casa em João Pessoa/PB (minha terrinha, sou desses abençoados), não poderá me desmentir. É um encantamento, no sentido mais mágico da palavra: tudo ao redor fica suspenso e, por um instante, é possível reparar as malhas todas de infinitas histórias que nos carregam de um lado a outro, definindo com precisão cirúrgica aquele momento mesmo em que nos perdemos da gente.
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Este livrinho, para os que moram longe da autora, é o mais próximo que encontrei de uma bem sucedida apreensão desse fenômeno fantástico. As conversas “nada formais, estou fugindo das formalidades", ocorridas entre agosto de 2014 e junho de 2017 — período em que vimos chegar o prêmio Jabuti por Quarenta dias, a reedição de seu primeiro romance, Vasto Mundo, e os estágios finais da publicação de Outros cantos — são organizadas pelo Roberto Menezes (autor paraibano de um romance excelente, “Julho é um bom mês para morrer” que recomendo demais). Beto não apenas encontrou o tom adequado para comunicar o misticismo da fala mariavaleriarezendiana, mas fez isso com tal leveza de forma e sagacidade metalinguística que tornam a leitura um verdadeiro prazer — como se estivéssemos, com efeito, participando de uma conversa de pracinha, com direito a brisa, sombra e gentes do bem, daquelas que fazem o mundo inteiro caber numa nesga de papo.
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GRIFO: “Já morri várias vezes. Já tive infarto. Já tive desastre de avião. Já quase me afoguei. Já tive espingarda doze apontada pro meu peito. Depois disso tudo e de um monte de outras coisas, a sua visão sobre a vida muda, a consciência de que ela pode se acabar a qualquer minuto... Só consigo ter por completo o agora”.
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Ivandro Menezes 19/05/2018

Conversa de Jardim
Para início de conversa, se você que me lê chegou aqui esperando uma crítica literária, deixe-me dizer que não é esse o caso. Não tenho aptidão técnica para desempenhar tal função. Sou apenas um “leitor comum”, para usar uma expressão trazida pelo Roberto Menezes em um trecho das muitas conversas que renderam o Conversa de Jardim, ao lado de Maria Valéria Rezende, publicado pela Editora Moinhos.

Os escritores, que se conheceram nas reuniões do Clube do Conto da Paraíba, aproximaram-se pela escrita. Beto, lembra que Valéria e Dôra Limeira, o influenciaram bastante. O “teimoso” físico foi depurando as críticas e incorporando-as enquanto melhoria para sua literatura. Sentados no jardim de Maria Valéria Rezende, entre as macaxeiras plantadas junto as roseiras e vislumbrando os mandacarus em flor, eles vão falando e falando sobre literatura, processo criativo, escritores inciantes e suas vivências e memórias. Nada disposto em tópicos herméticos como em manuais, mas se mesclam a partir do que vai se propondo e surgindo, uma coisa puxando a outra, rendendo um caldo de coisas ditas e outras ainda por dizer.

Os primeiros capítulos – diria que as primeiras vinte páginas – me causaram uma sensação incômoda, mesmo não conseguindo definir se pelo caráter explicativo (de como o livro funciona) ou se pelo desconforto das vozes intercaladas. Posso garantir, depois de passado esse primeiro desconforto, puxei a cadeira e me sentei junto a eles, como aquele moleque que fica ali aos pés dos pais fingindo que não ouve a conversa. Senti-me confortável, emocionado, triste, feliz, numa gangorra de emoções e reflexões.

Não é um livro denso, profundo, como alguns podem supor, mas uma conversa entre dois amigos e duas gerações. Percebo a necessidade dela em deixar o legado e a ansiedade dele em construir um. Há uma generosidade maternal nas palavras de Valéria, no jeito de olhar para Beto; e, do outro lado, a reciprocidade de Beto, uma quase necessidade, uma carência manifesta no gesto e gosto em ouvi-la. Esse sentimento não é artificial, ficcional, soa genuíno, natural, autônomo. E essa generosidade, afeto, cuidado se estende ao leitor.

Tal qual João e Maria largando migalhas pelo caminho na floresta, Beto e Valéria vão largando migalhas de seus percussos e modo de fazer e experimentar a literatura. Principalmente, para o leitor mais curioso e o escritor inciante, a quem dedicam parte da conversa, pode ser uma fonte de aprendizado e, em especial, de segurança. Atentam a importância de se vencer o isolacionismo e conclamam a interação com outros escritores, a aguçar o olhar e a observação dos mundos em que trafegam.

Demonstram que a grandeza da literatura forjada na vasta formação de Valéria ou nos romances deixadas nos cestos do sebo do Heriberto que fizeram o Beto. “Estou convencida que todo mundo é um romance“, diz Valéria, sentenciando que a matéria-prima para as narrativas não se escondem em profundas e pouco acessíveis jazidas. Na superfície de todos nós, de nossos bairros, dos ônibus lotados, vielas esquecidas, rincões deixados para trás pelo tempo ou memória, encontra-se vasto material para tecer narrativas belas, intensas e universais, sejam ambientadas nos cantos esquecidos de Porto Alegre ou nos loteamentos abandonados de Tibiri.

Se permite o conselho, puxa a cadeira e junte-se à conversa.

site: http://www.appaloosabooks.com/magazine/conversa-de-jardim/
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