Phen0 12/04/2023
Eu não sei por onde começar a falar do livro, porque são tantas observações que tenho que eu honestamente até me esqueço. Esse livro aborda a triste questão do feminino, de como diversas mulheres que fizeram papéis importantíssimos no Brasil foram esquecidas, enquanto que os homens, por fazerem absolutamente nada, conseguem ser mais lembrados do que mulheres que fazem até o impossível.
Eu amei esse livro, porque trouxe fatos históricos da qual eu não tinha conhecimento, e me inspirou a saber por onde começar quando quiser ler mais detalhadamente sobre uma mulher importante ou outra.
Esse livro não mostrou apenas a vida de mulheres desconhecidas, como esclareceu a história das que foram lembradas por uma visão machista: Das poucas mulheres que eu conhecia, como a Domitilla ou Marquesa dos Santos, foram mulheres que eu conhecia apenas pela visão machista e distorcida, e que graças a deus eu li esse livro, para não pensar mais desse modo ultrapassado sobre ela e outras mulheres.
Como sabemos, Domitilla é vista como uma mulher que fez da vida da Leopoldina uma desgraça, por ter ficado com seu marido, Dom Pedro I, e apesar de eu não gostar (ou melhor, não gostava, antes de ler o livro) de Domitilla por essa visão machista, eu também odiava D Pedro I, por que via que o problema não tava apenas em Domitilla mas também em Dom Pedro. No entanto, a sociedade brasileira não mostra o lado da Domitilla, que (spoiler) pasmem, não foi cúmplice da traição por mal, mas sim porque queria sustentar seus filhos, e se aproveitou da paixão de Dom Pedro para ter dinheiro para isso. Não só isso, mas Domitilla também não aceitava os atos machistas do seu ex-marido, e participou ativamente da política, sendo uma mulher muito importante, que não pode ser reduzida à uma mera traição, que é culpa, em primeiro lugar, do homem.
Além disso, a revolta tamanha que tenho com a informação de que uma novela brasileira estimulou a rivalidade feminina com pessoas que atuavam como a Leopoldina e a Domitilla é ridícula. E pensar que tantas mulheres estavam uma do lado da Leopoldina, e outra da Domitilla... Quando a história real da coisa é muito mais que uma rivalização estúpida que uma novela dessa teve a audácia de fazer! Em 200 anos e não há nenhuma melhora na mídia, sendo que esta devia ser responsável por trazer uma revolução, e não um retrocesso nas ideias!
Mas, apesar de o livro ser ótimo no quesito de trazer conhecimento, tenho duas coisas a reclamar.
A primeira não é bem culpa do autor, é mais um problema meu, então eu não o julgo, só queria comentar. Como Paulo Rezzutti, o autor, deseja falar sobre várias mulheres, e ele não tem informações vastas de todas, acaba que o livro tem um resumo grande sobre várias mulheres, e como meu aprendizado é lento, eu acabava demorando mais pra ler, porque as informações não eram repetidas com constância, como ocorrem nos outros livros do mesmo autor.
Porém a segunda coisa é algo que deixou a leitura um pouco confusa pra mim. O autor não falou sobre as mulheres em ordem cronológica (ou seja, na data que nasceram), uma hora ele falava de uma mulher que nasceu em 1900 e outra hora falava de uma mulher que viveu 1800, e pelo menos pra mim foi meio complicado a leitura, porque uma hora meu cérebro pensava em algo mais moderno e depois eu tinha que voltar pra época do império, algumas vezes eu ficava confusa com o machismo exagerado de uma época e outra sem me atentar à data de nascimento delas, mas enfim. Acho que devia ser dividido entre mulheres do império, mulheres da primeira república e segunda república, para não ficar confuso.
Fora isso, eu amei o livro, como sempre. Super recomendo!