Cindy 05/10/2018
Entregou tudo que prometeu na sinopse...
Eu fico sempre com um pé atrás quando a sinopse de um livro apresenta algo do tipo "uma mistura de Gladiador e Game of Thrones". Aí a pessoa compra o livro empolgadona, cheia de expectativa, imaginando uma mocinha (ou mocinho) badass, batalhas épicas, vinganças espetaculares, assassinatos brutais, vilões terríveis... Mas, na realidade, o livro é uma tremenda porcaria, trama infantil e tosca, personagens fracos e irritantes, narrativa lenta e arrastada, etc. Devo dizer que isso sempre acontecia comigo... até agora...
Esse foi o primeiro livro, entre todos os que li até hoje, que entregou exatamente o que prometeu na sinopse. O massacre da família real (calma, isso não é spoiler, pois está na sinopse) foi uma das cenas mais brutais da literatura YA, digno de Game of Thrones. A mocinha realmente apresentou uma tremenda evolução no decorrer da narrativa, não só em suas habilidades marciais, como também em suas atitudes frente à vida, em sua forma de encarar as situações extremas, os problemas e até no trato com as pessoas. E, o melhor de tudo: a mocinha não foi do tipo "conversinha", que promete uma vingança brutal, que vai fazer e acontecer, sambar na cara da sociedade e, no final, simplesmente deixa pra lá (como aconteceu com a Aelin na série Trono de Vidro e eu odiei)...
Outro ponto forte do livro são os personagens secundários. A gente simpatiza e se apega a eles ou antipatiza terrivelmente e torce pra que eles tenham um fim brutal. A trupe de gladiadores é muito bacana, o fato de ser como uma grande família, cada um com suas características e habilidades, cada um com seu papel a cumprir em uma grande engrenagem. Nesse núcleo meu destaque vai para: Serilda Swanson, a melhor guerreira conhecida, ex-capitã da Guarda Real; o "magier" e galã Lucas Sullivan; a gladiadora "morph" ogra Paloma e o "morph" dragão - louco por doces - Cho Yamato.
E tem a Magia. Ah, a Magia... Essa é sempre minha parte preferida dos livros de fantasia. Nessa sociedade as pessoas sem nenhum tipo de magia não servem para praticamente nada e são relegadas às funções subalternas e ao desprezo. Os portadores de magia se dividem em categorias: masters, magiers, morphs e mutts. Os "masters" são aqueles que dominam algum elemento ou objeto (por exemplo: metal, vidro, madeira, comida, etc.) e possuem a habilidade de trabalhá-lo das mais diversas formas. Nessa categoria se encontram os grandes ourives e artífices capazes de criar itens de joalheria, armas, roupas e móveis incríveis; cozinheiros capazes de executar pratos maravilhosos, etc. Os "magiers" dominam raios, fogo e coisas do gênero, podendo dispará-los através das mãos e atacar pessoas ou usá-los para criar feitiços de proteção. Os "morphs" apresentam a capacidade de se transformar em criaturas como ogros e dragões, e são identificados por uma tatuagem da respectiva criatura no pescoço. E, finalmente, os "mutts" (um termo que significa algo como "vira-lata") que apresentam apenas sentidos melhorados, como: velocidade, olfato, audição, etc. A mocinha Everleigh (Evie) é uma "mutt" com olfato superior, o que a permite "cheirar" as emoções das pessoas (raiva, medo, tristeza...), venenos, etc.
Eu gostei muito mesmo da trama, dos personagens, da narrativa, até porque estou familiarizada com a escrita da Jennifer Estep - a série Elemental Assassin (não publicada no Brasil) é minha preferida de Urban Fantasy e apresenta minha mocinha badass favorita (Gin Blanco, a assassina de aluguel). Entretanto, na minha opinião, ainda faltou alguma coisa... A mocinha poderia ter contado logo de cara quem ela era para a Serilda - me irritou demais o fato dela ficar protelando tanto, por medo e desconfiança. Também não entendi por que o Cho Yamato não "morfou" em nenhum momento da história, mesmo quando seria necessário para dar um reforço na luta contra a vilã. Aliás, eu não vi nenhum "morph" dragão se transformar. Também queria saber se existem outros tipos de "morphs" e de "magiers" - suponho que sim, mas isso ficou sem explicação no livro, por enquanto. Espero que no próximo livro a autora forneça maiores esclarecimentos sobre tudo isso e explicações mais detalhadas sobre o sistema de magia.
E, pelo amor de Deus, espero que alguma editora brasileira compre os direitos desta série e nos brinde com sua publicação!