Valéria Cristina 07/08/2023
Necessário
Neste livro, Selva Almada conta-nos acerca do assassinato de três mulheres ocorridos nos anos 1980, na Argentina. Combinando relatos pessoais que abordam sua infância, sua família e o modo como desenvolveu essa história, a autora expõe o cenário e as circunstâncias dessas mortes.
Percebemos a forma das investigações feitas pelas autoridades policiais, o envolvimento das famílias e como tudo isso afeta a própria escritora e todos os envolvidos nesses fatos.
É um livro contundente que expõe como mulheres - neste caso argentinas, mas que podemos extrapolar para outros países, inclusive para o Brasil, - são mortas apenas por serem mulheres. Como o gênero influi na segurança a que toda pessoa tem direito, mas que quando se trata do feminino, esse direito é constantemente violado.
Vemos que há uma “normalização” da violência de gênero e que a sociedade tende a se conformar com essa situação. A impunidade também é um fator constante, pois nenhum dos três casos expostos foram solucionados. Ninguém definitivamente foi levado à justiça e as famílias não viram as agressões que sofreram chegarem a um fim adequado.
Penso ser este um livro necessário.
Selva Almada nasceu em Villa Elisa, na província de Entre Ríos, onde morou até os 17 anos. Almada vem de uma família de classe média baixa. Seus pais se casaram quando eram muito jovens e tiveram três filhos, sendo Almada a filha do meio. Após concluir o ensino médio, foi morar na capital de Entre Ríos, Paraná, para estudar Comunicação, curso que acabou trocando pela Licenciatura em Literatura. Morou entre 1991 e 1999 na cidade de Paraná, mudando-se depois para Buenos Aires. Distanciada de sua cidade natal, Almada pode ver o mundo em que cresceu de outra perspectiva, o que lhe possibilitou escrever histórias ligadas à realidade e à oralidade do mundo rural.