spoiler visualizarLoba Literária 29/02/2024
Um dos melhores do ano, com certeza
Uma leitura rápida e chocante, passei os últimos dias só pensando nesse livro. A escrita é super fluida e é difícil acreditar que esse seja o primeiro livro da autora.
Nem tudo é perfeito: não gostei de como, no começo, parece que o ópio será uma questão central na história e que seu uso trará duras consequências (principalmente depois da fala da diretora de Sinegard), para ser tratado com leviandade no momento em que conhecemos a Cike. Achei pouco criativo o papel do Nezha de Draco Malfoy, ainda que eu adore o personagem. Não fica claro se e quando a Rin descobre que o Jiang é o Gatekeeper - o leitor descobre e, mais pra frente, parece que ela sempre soube. E acho um pouco nada a ver que Nikara seja um país tão bélico mas que apanhe TANTO na guerra.
Mas é só isso.
Adorei a Keju e os estudos da Rin em Sinegard - para mim, a melhor parte da história, poderia até ser maior! A cena da menstruação dela vai ficar marcada na minha memória. Gosto muito da Rin, mas também do Jiang, do Nezha, do Kitay e do Irjah.
O mundo é incrível. Baseado na história chinesa, que eu estudei um pouco na escola. Gostei de entrar já sabendo do básico do básico. A autora teve muita coragem em começar a guerra na metade do primeiro livro da trilogia, e eu acho que valeu o risco. É muito chocante, atrocidade atrás de atrocidade, e muitas cenas incríveis saem disso.
Outra coisa que normalmente não vejo muitos autores fazendo (além de matar personagens principais sem dó) é a passagem rápida do tempo. Pelos meus cálculos, se passam uns cinco anos desde que a Rin começa a estudar pra Keju até o fim desse livro. Isso evitou muita enrolação na história, mas não sei se a R. F. Kuang fará nos outros.
Esse é um livro sobre guerra e suas atrocidades. No começo, parecia que seria sobre ópio, parecia que seria sobre os estudos da Rin. Mas é sobre a busca de poder pelo poder, de sentir o gosto dele e querer mais. E, sinceramente, não vejo um final feliz no horizonte.