Luiza Helena (@balaiodebabados) 20/07/2021Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/ATENÇÃO! Alerta de gatilho: racismo, colorismo, colonização, abuso, bullying, misoginia, uso de psicodélicos, dependência de drogas, automutilação, crueldade animal, experimentações humanas não consensuais, tortura, estupro, incêndio, massacre, genocídio, mutilação
Depois de um hiatus de cinco meses, finalmente finalizei o aclamadíssimo The Poppy War. Sim, o hype é real, porém eu tenho algumas pequenas considerações a fazer.
Como colocado no começo da resenha, há várias situações durante a leitura que necessitam do alerta de gatilho. Em quase todos os lugares que se falam desse livro, a classificação dele é young adult. Entretanto, a própria autora avisa que essa não é uma fantasia YA e é importante ressaltar isso. Sim, a protagonista tem 16 anos, mas a história é uma fantasia adulta, com muita passagens bastante gráficas e elementos bem pesados. Ou, como ela mesma coloca, é uma história de guerra.
O principal fator que me fez querer ler esse livro é a sua ambientação. Muito inspirado em grandes acontecimentos da cultura sino-japonesa, como a própria Segunda Guerra Sino-Japonesa e o consumo e comércio de ópio, a autora consegue te inserir profundamente nessas culturas. Até as próprias nações criadas pela autora de certa forma foram inspiradas em países asiáticos. Resumindo: construção de mundo 10/10.
Sobre nossa protagonista, Rin é uma jovem determinada, cabeça dura, resiliente, teimosa e bastante ambiciosa. Logo Rin descobre que não passa de apenas mais um soldado para sua nação e ela está disposta a conquistar seu lugar. Ao se ver capaz de contatar os deuses através do xamanismo, sua sede de poder só aumenta. Há pessoas que não querem que ela utilize seu poder, assim como há pessoas que a incentivam. Mas, vivendo uma guerra e vendo seus amigos sofrerem (e até ser mortos), Rin não tem muita duvida do caminho que vai seguir. Sua jornada para o lado sombrio do xamanismo é cheia de perdas e dor, e são esses sentimentos que irão ditar suas decisões.
Os personagens secundários também são bem construídos. Adorei a amizade entre Rin e Kitay, mesmo que eles possuam opiniões bastante divergentes sobre xamanismo e deuses. Temos seus colegas de divisão militar, chamada Cike, que são como Rin e de certa forma ela começou a se sentir menos sozinha. Dentre eles destaco Altan, o sobrevivente de um genocídio e que ajuda Rin a entender o poder de seu deus.
Minha única ressalva em relação a história é o seu ritmo. A primeira parte do livro cobre 40% e é basicamente toda dedicada ao treino de Rin. Não que tenha sido ruim ver essa parte da vida da personagem, mas em geral os capítulos aqui são bastante longos e alguns foram bem cansativos. A escrita da autora é bem detalhista, o que é bom em certos momentos mas não tão bom em outros.
Lá por 60% a história começou a ficar mais dinâmica e digo com toda tranquilidade que compensou o marasmo de outros capítulos. A reta final é uma agonia só, mas termina com um ótimo gancho e com a sede de vingança de Rin e outros personagens prometendo para a continuação
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