Mari Siqueira 17/05/2018Sagaz, irônico e extremamente inteligente, O Diário de Adão e Eva é um retrato do estereótipo de masculino e feminino. No quinto volume da coleção Inglês com Clássicos da Literatura, Mark Twain traz um texto leve e cômico que parodia a criação do ser humano e o desenvolvimento do relacionamento entre homem e mulher. Um dos mais divertidos textos do autor, esse diário explica o comportamento tão distinto de dois seres da mesma espécie que parecem não falar a mesma língua.
Em tempos de discussão de gênero, O Diário de Adão e Eva não abrangeria a pluralidade comportamental/emocional e os conceitos de masculino e feminino, mas levando em consideração o ano em que foi escrito, 1906, e uma leve generalização da personalidade de homens e mulheres é uma obra muito atual. A edição bilíngue se preocupa em contextualizar alguns recursos linguísticos usados pelo autor enfatizando as figuras criadas por ele.
O homem, visto como uma criatura mais prática, racional e objetiva, é o primeiro narrador dessa história e conta como a mulher, uma criatura sensível, curiosa, esperta e falante, o faz companhia. Antes solitário, Adão não compreende muito o que acontece a seu redor e também evita pensar sobre isso, enquanto Eva se encanta pelas maravilhas do jardim do Éden e quer descobrir tudo o que puder sobre o mundo.
As diferenças deles são acentuadas por Twain e contrastadas com o modo característico de pensar do outro. Eva fala sem parar e tenta se aproximar de Adão, enquanto ele se irrita com isso e evita ficar perto dela. Ela adora a companhia dele, enquanto ele aprecia seus momentos de solidão e quietude. Entre ironias e metáforas brilhantes, o autor nos guia por esse processo de construção e descobrimento do ser, bem como o do mundo. A forma como Adão e Eva se completam é perfeita, como só o criador - falo de Mark Twain - poderia escrever.
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