Pe. Jeferson 07/02/2022
A fé em meio ao "inferno".
Ainda hoje é muito comum ver pessoas dizendo que Hitler era católico e usando tal falácia para atacar os que professam verdadeiramente a fé cristã. Esta ideia, que às vezes é repetida por maldade e outras penas por ignorância, é muito bem desmentida neste excelente livro.
O livro-reportagem narra o dia-a-dia dos cerca de 2700 padres e seminaristas católicos (alguns ortodoxos e protestantes também) prisioneiros no Campo de Concentração de Dachau entre 1938 e 1945.
Dachau foi o primeiro campo de concentração nazista criado para prisão e "reeducação" de presos políticos e que, a partir de 1938 passou a receber e centralizar todos os padres presos no 3ª Reich.
Muitas vezes somos levados a crer que os judeus foram as únicas vítimas das atrocidades nazistas, mas não é verdade. Dachau é até hoje considerado o maior cemitério de padres do mundo.
Os padres detidos em Dachau, como todos os outros presos, passaram por trabalhos forçados, torturas físicas e psicológicas, espancamentos, fome, frio, experiências médicas... com o agravante de serem constantemente humilhados por sua fé pelos SS e pelos demais presos, muitos deles criminosos comuns ou comunistas ateus.
A luta para manter a fé em meio ao "inferno" é impressionantemente descrita no livro. O zelo pelos sacramentos e pelo anúncio do Evangelho, mesmo naquela situação, é impactante. Neste sentido é especialmente tocante o relato da ordenação sacerdotal realizada ali, fato único na história.
Ao contrário do que poderia parecer, o autor não romantiza a vida dos padres. Em várias ocasiões mostra suas fraquezas e até seus erros cometidos ali na ânsia por sobreviver, mas mostra principalmente o esforço por manter a esperança; esforço este que em muitas ocasiões se transformou em verdadeira santidade.