jiangslore 23/08/2023
[3,5/5]
Ler "The Priory of The Orange Tree" foi extremamente divertido, apesar de eu não ter gostado de certos aspectos do livro. Por isso, com certeza recomendo a leitura para quem está procurando uma fantasia envolvente, com personagens interessantes, reviravoltas e romances que, apesar de não serem - nem de longe - o foco do livro, acrescentam muito à história. No entanto, há algumas questões que considerei negativas e, infelizmente, não posso ignorá-las.
Inicialmente, é importante destacar que há quatro narradores diferentes: Tané, Ead, Loth e Niclays. Essa escolha narrativa, na minha opinião, é a fonte de alguns problemas que encontrei no livro. Apesar de ter gostado dos quatro personagens, acredito que há poucas diferenças entre as vozes narrativas deles. O que há de mais diferente é o enredo narrado por cada um (isso, sim, bastante emocionante, na maioria das vezes), mas parece que a identidade que cada narrador desenvolve é só mais um aspecto da narrativa, sem que ela realmente faça parte da forma que o livro é escrito. Não sei se estou me expressando bem, mas, resumidamente: a narrativa, na grande maioria do livro, é terrivelmente impessoal, apesar de os personagens enfrentarem muitas questões que são emocionalmente complexas.
Além disso, como há quatro pontos de vista diferentes e cada personagem possui um nível específico de conhecimento sobre questões importantes para o enredo, existem partes do livro que são bem repetitivas. E isso ocorre porque, apesar de o universo de "The Priory of The Orange Tree" ser incrível e extenso, o enredo do livro é bem simples. Então algumas coisas acabam sendo repetidas, ou explicações são reveladas de um modo muito menos direto que o necessário - e, falando em explicações: alguns acontecimentos do enredo são convenientes até demais. Em certos momentos, acredito que a conveniência até que deu certo, porque funcionou como uma resolução para momentos de tensão na história. Mas, em outros, pareceu apenas que os problemas foram resolvidos de uma forma demasiadamente simples - o que faz parecer que eles nunca foram tão complexos assim, para início de conversa.
Esses aspectos fizeram com que eu ficasse com a impressão de que o livro é mais longo do que precisava ser. Chega um ponto da leitura em que é possível perceber que a resolução da história seria algo que é indicado (apesar de não completamente revelado) desde o início do livro. Na minha opinião, isso passa uma sensação de que há bastante enrolação na obra, o que já não seria algo bom em qualquer livro, mas é pior em um que possui mais de 800 páginas - e a "cereja do bolo" é o fato de que, apesar desse tamanho extenso, a sua resolução se dá apenas nos capítulos finais e, mesmo assim, algumas coisas relevantes são deixadas em aberto.
Entretanto, é muito importante ressaltar que, apesar de tudo isso, eu me diverti muito lendo. "The Priory of The Orange Tree" tem tudo que se espera de uma alta fantasia: emoção, magia, um universo rico, e, claro, dragões. Ao mesmo tempo, o livro traz o que se espera de obras mais recentes, como a representatividade e a presença de diversas culturas não baseadas na europeia e que não estão sujeitas a estigmatização completa pela história.
E é por isso que, mesmo achando que o livro está longe de ser perfeito, eu recomendo demais a leitura. Penso que o fato eu, mesmo observando questões repetitivas ou convenientes demais, não ter pensado em abandonar o livro em nenhum momento demonstra o quanto a história é envolvente, mesmo quando são considerados os seus pontos negativos. Por fim, acho que é relevante mencionar que com certeza vou ler a "prequel" e pretendo ler qualquer coisa nova que a autora escreva que envolva o universo de "The Priory of The Orange Tree" ou seus personagens.