Wal - Ig Amor pela Literatura 01/02/2019Primeiro sueñoQuando comprei “Com armas sonolentas”, não tinha a menor ideia de que o título era um verso do poema “Primeiro sueño”, da Sor Juana Inés de la Cruz – adquiri o livro porque adoro a escrita da Carola Saavedra. Coincidentemente, eu havia começado a ler, há poucos dias, o livro que é considerado o maior ensaio sobre a vida da freira, do autor mexicano Octavio Paz.
Aos 21 anos, Juana ingressou no convento e ganhou o título de Sor (irmã). Foi uma mulher à frente do seu tempo – estudou, escreveu, transgrediu, amou. Encarou a opressão no México no século XVII. Alguns estudiosos acreditam que ela viveu uma história de amor com a Condessa de Paredes; Octávio Paz acreditava que fora apenas um amor platônico. Carregou tormentos em seu coração, lutou, já naquele tempo, pelos direitos femininos – foi chamada de mística, neurótica, feminista – mulher.
O que o livro da Saavedra tem a ver com isso? Muitas coisas. Carola traz a história de três mulheres – vidas muito diferentes, mas que trazem uma ligação indestrutível entre elas.
________ “Gostamos de imaginar que somos livres, completamente livres, mas isso não passa de ilusão, somos a nossa herança, uma herança gravada nas palavras de nossos ancestrais." ________
A maternidade não desejada, a descoberta da sexualidade como forma de autoconhecimento, a exploração no trabalho. Nas histórias de Anna, Maike e da “avó”, o mundo parece não caminhar na trajetória esperada, tudo anda meio às avessas e nenhuma dessas mulheres compreende para onde estão indo. “O lado de dentro ainda é o lado de fora”. Nada fará sentido até que essas almas encontrem a mesma direção.
Aos poucos enxergamos as três vencendo seus tormentos internos e externos – ressurgem das cinzas como a fênix da América latina, Juana Inés de la Cruz, libertam-se de amarras e prisões - sonham.
________ “e me veio um cansaço imenso, uma sonolência, mal conseguia manter os olhos abertos, ela disse, é um bom sinal, os espíritos estão do nosso lado, e você tem agora suas próprias armas“. ________
Sempre admirei a escrita da Carola Saavedra, mas “Com armas sonolentas” ela se superou. Livro imenso em sensibilidade e significados. Leiam!
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