A Invenção das Raças:

A Invenção das Raças: Guido Barbujani




Resenhas - A invenção das raças


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Lina DC 18/10/2018

Vivemos em uma época perturbadora, onde o preconceito corre livre e as pessoas tentam cada vez mais categorizar as outras. De tempos em tempos lemos uma notícia perturbadora sobre um crime cometido por preconceito racial e a questão da existência de diferentes raças humanas é levantada.

Guido Barbujani é um geneticista conceituado que escreveu esse livro, um compêndio científico que apresenta ao leitor uma forma simples, didática e esclarecedora sobre os estudos que são realizados na área e as teorias de evolução da humanidade.

"Durante muito tempo a existência de raças humanas era considerada coisa certa, pelo menos para os leigos, os inocentes e os mal-intencionados: falava-se em negros, brancos e amarelos..." (p. 09)

O livro é composto de apresentação + 11 capítulos (além do glossário que é apresentado no final do livro) e em cada um desses capítulos o autor vai debatendo (com embasamento científico) várias grandes questões sociais e técnicas referentes as raças humanas.

O autor começa debatendo a existência das raças humanas, das espécies humanas e passa a falar da criação e do projeto genoma humano, destacando sua importância, relevância e impacto na discussão da biologia evolucionista e genética.

Após passar alguns capítulos falando dos genes e o que eles indicam, o autor discute as três principais teorias da evolução da humanidade (Coon, Multirregional e Origem Africana recente), de modo que o leitor analise calmamente cada uma delas.

É um livro de cunho científico, mas que é muito relevante e que deveria ser lido para uma maior conscientização e reflexão social.

"Este livro demonstra que há uma única raça humana, que nossa espécie não é um mosaico de grupos biologicamente muito distintos ..." (p. 09)

site: http://www.alempaginas.com/
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JPHoppe 23/03/2012

É fato: nossa mente trabalha de forma tipológica. Ao olharmos para um conjunto de várias coisas, nossa primeira reação é separá-las em conjuntos menores de acordo com características em comum. No dia-a-dia, separamos feijões ruins dos bons e as canetas pelas cores. Na biologia, classificamos as espécies de acordo com características compartilhadas. Em algum lugar no meio, separamos as pessoas por raças.

Mas afinal, o que é uma raça? Existem raças humanas? Quantas? São essas e outras perguntas que são abordadas nesse livro de Guido Barbujani. De acordo com os critérios escolhidos, podemos separar em duas, três, quatro, dez, vinte, cinquenta, cento e dez, duzentos... e por aí vai.

O livro termina um pouco em aberto: fornece dados, informações e muita bibliografia além para que o leitor tome sua própria decisão, apesar do número exacerbante de evidências que sugerem que não, raças não existem. Ao menos quando passa pelo escrutínio do método científico.

Um dado que senti falta no livro, mas G.G. Simpson, paleontólogo e famoso por fazer parte da Síntese Moderna nos anos 50, afirma em seu livro "Biologia e o Homem" que raças humanas existem e que é chegada a hora de assumir isso do ponto de vista científico. Outras pessoas são citadas nesse contexto, mas senti falta do velho Simpson o/

Se tiverem a chance, leiam!
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yurigreen 12/03/2011

Todos parentes, todos diferentes (será?)
É possivel fazer uma definição conspícua entre as raças existentes? Quantas classificações teriam? 4, 5, 6, 16? Se fizermos uma viagem partindo do Sul da África até o Norte da Europa, passando pela Tanzânia, Quênia, Etiópia, Egito, Síria, Turquia, Romênia, Ucrania, Estônia e Finlândia quantos grupos étnicos poderíamos traçar? Quais critérios poderíamos utilizar?

Alguns estudos já mostraram classificações com até 200 raças e outros ainda com classificações étnicas para cada individuo ímpar, o que formaria uma classificação quase infinita!

Pois bem, tudo isso é irrelevante. Guido Barbujani faz um trabalho excelente neste livro e mostra diversas pesquisas e seus resultados a respeito desta classificação desnecessária.

Raça nada mais é que um termo comercial, usado para animais de estimação ou esportivos, como cães e cavalos que pela ação da seleção artificial por nós(humanos) imposta, permitiram surgir diferentes grupos com características exclusivas dependentes de cada preferência.

Diversas pesquisas apontam que a variabilidade genética é bem maior dentro duma mesma população (cerca de 85%) do que em populações adjacentes (5%) ou até quando comparadas com outras de continentes diferentes (10%). O que vai contra as falácias que dizem que existem diferenças genéticas gritantes quanto a cor da pele.

Alguns adeptos do conceito de raça acham importante existir a definição para melhor tratamento de doenças e fabricação de remédios. Porém, Francis Collins rebate com destreza quando explica que o que importa no tratamento das patologias são o conhecimento dos alelos, as variantes gênicas que estão implícitas nos nossos cromossomos, além de fatores ambientais e sócio-econômicos.

As diferentes cores de pele como o negro e o branco são resultados de uma longa história evolutiva de cerca de 200 mil anos da nossa espécie. Pessoas que vivem próximas aos trópicos foram melhores selecionadas a terem pele escura para melhor aproveitar a vitamina D e proteger a síntense do ácido fólico que é degradado com altas taxas radiativas. Já indivíduos que ao longo da evolução, ocuparam porções mais extremas do planeta, foram melhores adaptadas com peles de cor clara, já que o Sol nesta região chega de maneira menos intensa e o risco de degradar o folato é mais baixo.

A classificação de raças é tão arbitrária, que policias americanos e ingleses reconhecem indivíduos semelhantes como raças diferentes durante uma caracterização durante uma perseguição de suspeitos.

Termino esta resenha (acho que a maior que já fiz hehe) com a citação de Richard Lewotin: " Afinal de conta raças existem, não nos nossos genes, mas na nossa cabeça, nas sociedades em que vivemos."
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