regifreitas 16/09/2020
NINGUÉM PRECISA ACREDITAR EM MIM (No voy a pedirle a nadie que me crea, 2016), de Juan Pablo Villalobos; tradução Sérgio Molina.
O “nonsense” e o humor são elementos constantes na obra do mexicano Juan Pablo Villalobos. Sempre em seus livros existem personagens e situações que beiram ao excêntrico e ao absurdo. Com este seu último romance não seria diferente.
Juan Pablo (um dos narradores do livro, não o autor) está prestes a viajar para Barcelona, onde irá iniciar seu doutorado sobre o humor na literatura latino-americana do século XX. Contudo, dias antes, seu primo, uma figura pra lá de sem noção, acaba envolvendo-o em um esquema de corrupção e tráfico de drogas, relacionado à máfia. Na Espanha, Juan Pablo é forçado a mudar completamente seus planos, ficando à mercê de pessoas muito perigosas.
Mas este é um romance polifônico, acompanhamos também o ponto de vista de outros personagens que orbitam em torno de Juan Pablo. Através do relato (em forma de diário) de Valentina (sua namorada), temos vislumbres de alguns dos acontecimentos, sob um novo ângulo. Por meio dos e-mails da mãe de Juan Pablo, observamos o burlesco ambiente daquela família. E, em alguns momentos, temos as cartas deixados pelo tal primo, que servem de “orientação” para Juan Pablo e Valentina.
Os rumos desta história são imprevisíveis, misturando momentos de tensão e “altas doses de humor delirante”. Villalobos brinca com os gêneros literários, além de inserir pontualmente breves reflexões sobre literatura ao longo do enredo.
Depois da sua trilogia mexicana - FESTA NO COVIL (2010), SE VIVÊSSEMOS EM UM LUGAR NORMAL (2012) e TE VENDO UM CACHORRO (2015) - o autor nos entrega mais um trabalho que vale muito a pena conhecer. O mexicano está se tornando daqueles autores que acompanharei sempre, aguardando ansiosamente por uma nova obra sua que surja no mercado.