A Memory Called Empire

A Memory Called Empire Arkady Martine




Resenhas - A Memory Called Empire


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Clara Simões 26/02/2024

Amei tanto que é difícil descrever (o que é irônico)
"Released, my tongue will speak visions. Released, I am a spear in the hands of the sun."

Que livro fenomenal. Fui fisgada completamente pela narrativa, que constrói um universo complexo, vívido e tão rico que é impossível não se sentir imerso nele. Fascinante acompanhar as particularidades culturais, políticas e históricas de um Império em perpétua expansão, com a bocarra aberta e os dentes afiados para consumir toda civilização em seu caminho. E, uma vez anexada, essa civilização perde aos poucos sua identidade e se torna, inevitavelmente, parte do "mundo". Tudo é Teixcalaan.

E àqueles que vivem às margens da digestão, ainda à espera de também serem consumidos, resta a desumanização de serem vistos como bárbaros - menos humanos que a sociedade superior, menos avançados, menos esclarecidos. É como disse num dos meus históricos de leitura: é tão sufocante quanto brilhante acompanhar as minúcias culturais e sutis de um império em que mesmo as pessoas de "mente aberta" também são repletas de uma xenofobia insidiosa que não vê os "bárbaros" como tão humanos quanto eles.

Os personagens são deliciosos, repletos de qualidades, defeitos, ambições e desejos que os tornam unicamente humanos. As relações que surgem entre eles são ainda mais interessantes, todos imersos num jogo político devastador e cruel.

Também amo a maneira em que a autora aborda a linguagem como ferramenta fundamental da cultura, e as minúcias de uma assimilação perigosa com uma cultura que não quer integrar, mas devorar. Vale lembrar também dos vislumbres que temos das dinâmicas desse universo nos trechos de cartas, jornais e comunicados nos inícios dos capítulos. Tudo isso torna a história ainda mais rica e de morrer de vontade de mais.

Não consigo fazer jus a essa história aqui, nem descrever como amei cada elemento, mas fica aqui minha humilde recomendação ??

-

"Just once," Mahit said, with a sort of desperate and useless frustration, "I'd like you to imagine I might do something because it's what a person does."

-

Empire was empire - the part that seduced and the part that clamped down, jaws like a vise, and shook a planet until its neck was broken and it died.

-

Nothing touched by empire stays clean.


Nothing the Empire touched would remain hers.
comentários(0)comente



Andre.Pithon 29/08/2023

Bingo de Fantasia Sci/Fi 2023
5.1: Queernorm

Uma dos meus primeiros amores em fantasia foi Game of Thrones. Desde então, é difícil não me ver atraído por jogos políticos, caçar tabuleiros intricados onde personagens movem peças, traem uns aos outros, são puxados por suas próprias agendas pessoais. Uma boa trama política sempre foi um jeito fácil de ganhar minha atenção inicial. Um dos meus amores contemporâneos em fantasia é The Locked Tomb (Gideon; Harrow; Nona). A ficção científica de alto conceito, com bom humor, com personagens de caracterização maravilhosa e exagerada, com muita gente gay, com propostas tão não convencionais que se torna difícil de entender o que está acontecendo.

A Memory Called Empire, vencedor do Hugo de 2020, parece cambalear entre essas duas linhas. Ficção científica política bem gay. A trama é competente, os personagens são carismáticos, é interessante os desnecessários múltiplos jogadores políticos. Mahit Dzmare é a embaixadora de uma importante estação espacial que é enviada para a capital do universo, Teixcalaan, onde precisa representar seu povo no coração do império. Um império adoecido, enamorado pela própria poesia e seus jogos decadentes, ameaçando o apocalipse pois literalmente todos querem dar um golpe de estado só pelas vibes. Dentro de sua cabeça, ela carrega um Imago, a consciência de seu antecessor no cargo, tecnologia que subitamente se torna essencial para todas as tramas sendo construídas.

É um livro interessante, é um livro competente, que consegue fazer-nos apreciar os personagens, por mais simples que a maioria deles sejam. Mahit possui uma complexidade interessante, sua relação de colonizada apaixonada pela cultura do colonizador e transtornada por isso é bem feita. O resto é funcional. Uma ou outra coisa é surpreendente.

É um livro bom. Bom. Que eu honestamente não tenho certeza se merece essas quatro estrelas. Em um outro momento, é muito provável que eu colocasse um 3 aqui e é isso. Mas, além de estar numa fase mais misericordioso, Arkady Martine me fez sentir algo que eu não sinto a muito tempo: a vontade desesperada de partir imediatamente para o próximo livro. E talvez eu honestamente faça isso. Não me lembro da última vez que li dois livros da mesma série em sequência, sem intervalo. Arkady apresenta um mundo já interessante, e abre tanto as fronteiras com o que promete para o segundo livro, que é difícil resistir a sedução do que está por vir.

A Memory Called Empire é um livro fechado, ele conta sua história, resolve sua trama (Nisso muito melhor que minha última leitura, The Fifth Season da Jemisin), mas promete mais, muito mais. E promessas tão gigantescas, tão bonitas, tão maravilhosamente gananciosa, que meu desejo é ver imediatamente tudo isso se consolidar na continuação perfeita, ou queimar em um desastre fenomenal.

E, por isso, por essas promessas, por essa expectativa, por esse desejo latente de quero mais, por não me cansar em suas quase 400 páginas, Arkady Martine conquista gloriosamente a quarta estrela.
comentários(0)comente



gabrisingr 27/07/2023

Bem bom
A protagonista é muito bem desenvolvida, as escolhas dela são muito bem planejadas, nao tem um momento que você para e pensa nossa poderia ter feito x ou y diferente ou que ta complicando algo simples, ela decidiu por aquilo e tudo faz muito sentido
demora um pouco pra acostumar com as descrições de linguagem, arquitetura e costumes mas sempre traz um reflexo da relação entre colonizadorXcolonizado, como é a apreciação por uma cultura que visa apagar a sua
a trama política é de quebrar a cabeça, vários pontos são ligados e eu to super animada pro segundo
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



julia 01/01/2021

Resenha: A Memory Called Empire
A Memory Called Empire foi uma leitura fantástica! A construção do mundo era muito complexa e demorei um pouco para me acostumar com as convenções de nomenclatura e a política/cultura de Teixcalaan, mas a maneira como Martine desenvolveu tudo isso foi feito com tanta habilidade que me vi totalmente viciada e apaixonada por este novo universo.

Os conceitos de imago-machines e linhas de memória sendo preservadas foram muito intrigantes para mim. O jeito que isso foi estabelecido e, desde o início, configurou uma subtrama tão complicada e tensa para seguir foi incrível! Amo histórias de intriga política e foi fascinante ler sobre tudo isso se desdobrando, principalmente na perspectiva de quem teve que trabalhar em desvantagem por ser uma "bárbara".

Eu também gostei muito de como todos os personagens eram bem desenvolvidos. Mahit era uma narradora maravilhosa e eu adorei Three Seagrass e Twelve Azalea. A maneira como cada relacionamento e conexão entre os personagens eram cheios de camadas e profundidade também foi tão bom. Eu estava tão envolvida nos personagens como indivíduos e na mudança e crescimento das relações entre eles. E! Eu não esperava encontrar uma representação positiva para personagens LGBTQ + aqui, mas eu encontrei e foi uma delícia!

A segunda metade do livro foi Tensa. Tantas coisas estavam acontecendo e a maneira como Martine escolheu desenvolver certos fios da trama me fez prender a respiração em vários capítulos. Fiquei tão chocada com as reviravoltas finais e adorei cada uma delas e o que elas podem significar para o futuro da série. Esta foi realmente uma leitura fantástica e estou muito feliz por ter sido aprovada para um eARC do segundo livro para que eu possa matar minha curiosidade e saber o que vai acontecer a seguir.
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR