O Agente Britânico

O Agente Britânico W. Somerset Maugham




Resenhas - O Agente Britânico


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Yulee Zin 28/08/2021

Os Bastidores da Espionagem (Não Hollywoodiana)
O Agente Britânico foi uma leitura diferente, porém não muito grandiosa. A premissa é ótima, sempre quis saber como funcionava o serviço de espionagem na Primeira Guerra, que, no fim, era bem diferente do que eu imaginava. No livro, as missões de Ashenden envolvem muito mais lábia do que ação e algumas vezes ele só precisa estar presente em algum lugar para concluir uma etapa. Assim, o autor nos faz acompanhar a rotina do protagonista (aka ele mesmo) em cada cenário novo, com personagens diferentes (alguns interessantes, outros nem tanto).

Isso funciona na maior parte do tempo, mas tanta casualidade torna algo, de inicio, empolgante, em monótono. Não entendam mal, alguns capítulos são realmente legais, principalmente os primeiros (meu preferido é o "O traidor")! Entretanto não foram todos que me prenderam a atenção, (dessas exceções, a maioria cansativa, com passagens prolixas e quase dispensáveis). Os "altos e baixos" são tantos que uma história super bacana pode preceder uma super cansativa, e vice versa. O final também é um tanto anticlimático e abrupto para tudo que se constrói.

Bem, acho que é isto. Não gostei tanto do livro quanto achei que gostaria, mas isso não quer dizer que é ruim, apesar de tudo que apontei. Talvez o momento em que iniciei a leitura não tenha contribuído para uma experiência mais completa. Recomendo para quem tiver real interesse no assunto, pois pode não agradar um leitor mais despretensioso.

Nota: 3
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Maitê 28/05/2017

Ótimo
Nunca imaginei o serviço secreto ou a espionagem durante da guerra fosse dessa forma, sempre pensei em algo mais dramático, mais ativo. Então é uma surpresa mas ao mesmo tempo não é que as coisas fossem em sua maioria tão mundanas. Claro que não é uma tarefa fácil mas é muito interessante ver a realidade narrada por um autor que vivenciou isso. Então o livro é uma memória, narrada na terceira pessoa, no formato de contos, uma confusão que funciona estranhamente.
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Fabio Shiva 17/05/2019

traumas e obsessões
Dificilmente haverá um escritor mais dândi que Somerset Maugham! Talvez Oscar Wilde tenha sido mais dândi na vida, mas na prosa não há como superar o extremo refinamento estético do autor de “Servidão Humana” e “O Fio da Navalha”.

“O Agente Britânico” é o terceiro livro dele que eu leio. Trata-se de uma série de histórias de espionagem vividas pelo protagonista Ashenden, alter ego de Maugham (que realmente trabalhou para o serviço secreto durante a I Guerra Mundial). Apesar de ser apresentado como um romance, está mais para uma sequência de contos interligados, narrados com o brilho e a ironia habituais de Maugham.

Um trecho que me chamou a atenção é a cena em que uma alta personalidade política conta para o espião Ashenden uma embaraçosa história de amor, supostamente acontecida com “um amigo”, mas que gradualmente se vai percebendo que aconteceu com o próprio narrador do episódio. Não pude deixar de ligar esse trecho à obra-prima de Maugham, “Servidão Humana”, que assim como “O Agente Britânico” foi livremente inspirada em fatos vividos pelo autor.

Ora, o tema principal de “Servidão Humana”, assim como dessa historieta narrada em “O Agente Britânico”, se me permitem uma rude expressão, que nada tem de dândi, mas que consegue ser perversamente exata em sua crueza: é o “chá de calçola”, que em bom baianês descreve a situação de um sujeito que fica totalmente submisso à mulher (esta, geralmente, de má índole).

Só posso imaginar que deve ter sido mesmo uma experiência muito traumática a vivida pelo autor, para que ele sentisse necessidade de voltar ao tema depois de ter dedicado um romance inteiro (belíssimo, por sinal) a esse trauma. E também admirei a graça e a perícia com que o autor fez isso, desmascarando a fútil tentativa de seu personagem de estar contando a história de “um amigo”... Uma dupla ironia, na qual, ao mesmo tempo, o autor também se expõe.

É muito interessante pensar sobre como muitos escritores encontram na escrita a melhor forma de lidar com seus traumas e obsessões...

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/05/o-agente-britanico-somerset-maugham.html


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