As lembranças do porvir

As lembranças do porvir Elena Garro
Elena Garro




Resenhas - As lembranças do porvir


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Debora 14/06/2022

O porvir de uma cidade latinoamericana qualquer
Em um tempo de violência, em que os indígenas amanhecem pendurados em árvores por nada. Em um tempo de luta encarniçada dos governantes contra a Igreja, aqui representando a última muralha de proteção aos pobres e mais fracos. Em um tempo em que homens roubam as mulheres que querem e as mantém enclausuradas. Em um tempo em que os revolucionários populares foram derrotados e estão escondidos. É neste tempo que conhecemos Ixpetec pela mão de Elena Garro. E é contra isso que os jovens Moncada sonham e pensam lutar.
Mas os anos passam, as lutas ficam cada vez mais difíceis. Os nativos perdem suas terras - enquanto os rodolfitos as ganham, pedaço a pedaço. Uma época em que a ilusão está se apagando (alegoria da fuga de Filipe Hurtado).
Nesta terra nem tudo é dito e nem tudo é fácil entender. E, me parece, até o amor tem seu lado nefasto nesta história. Nefasto pelo abandono, por passar por cima, pela entrega ao que se deveria combater. Não sei, me parece que é assim.
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Léo 18/02/2022

Duas memórias
O caráter cíclico (e trágico!) da história é tema recorrente no chamado realismo fantástico latino-americano. Aqui é o central dessa história do povoado de Ixtepec, aparecendo como duas memórias, a do passado e a do futuro, ou, como nos diz o título, as lembranças do porvir, que tem sua sintese na personagem Isabel Moncada.

Barbárie da ditadura e das elites agrárias, forte ligação comunitária e familiar, a opressão indígena, o maschismo e misoginia, amores, ódios... Tudo está aqui muito bem articulado e apresentado pela narradora, a própria cidade, que nesse caso se apresenta abertamente não só como UMA, mas como A personagem dessa incrível história.

Livro dos mais impactantes que leio em muito tempo e que entra desde já para os meus preferidos da vida! É impressionante como é bem menos conhecido do que deveria!
Katia.Borges 18/02/2022minha estante
Pois já quero ler


Léo 21/02/2022minha estante
Depois vamo trocar ideia sobre ele (:




ElisaCazorla 13/07/2021

Mulheres
Temos aqui uma obra desafiadora. Não achei nada fácil ler este livro e acompanhar essa narrativa. Muitos mistérios e, talvez muitos não ditos - ou, muito provavelmente, muitos passados despercebidos pela leitora aqui.
Mesmo sentindo muita dificuldade para acompanhar a narrativa, foi impossível interromper a leitura. Queria continuar. Algo me fazia continuar. As personagens femininas foram as responsáveis por me manter na leitura.
Temos aqui personagens incríveis! Mulheres são o centro desta história mesmo que os homens violentos ou impotentes pareçam ocupar os espaços mais importantes.
O machismo, o sexismo e a misoginia são discutidos aqui de forma muito interessantes.
Existem dois centros para a narrativa: o hotel onde ficam as amantes-prostitutas e as casas onde estão as matriarcas.
Mulheres são o cerne desse romance. Mas isso não é óbvio para qualquer leitor.
Um leitor despreparado ou despercebido pode achar que leu uma história centrada nos violentíssimos e poderosos militares que mandam e desmandam no povoado. Mas, não é.
Certamente, eu teria que fazer algumas releituras para absorver melhor e mais tudo o que esse romance mágico oferece.
Difícil mas vale a pena.
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Camila.Szabo 20/05/2021

O porvir repete o passado
Ixtepec é um povoado no interior do México que está completamente dominada pelos militares que exercem o poder de forma cruel, com muita violência e sangue.
Os cidadãos convivem com o medo. Todos os dias acordam sem saber qual foi a barbárie da noite anterior.

"A inércia desses dias repetidos me deixava quieto, contemplando a fuga inútil de minhas horas e esperando o milagre que se obstinava em não se produzir. O porvir era a repetição do passado."

A escrita extremamente bonita da Elena Garro e sua narrativa cheia de mistérios que vão se revelando aos poucos me encantaram logo nas primeiras páginas.
O primeiro parágrafo só é entendido ao ler o último e se torna ainda mais

As mulheres da cidade tem uma presença forte nesse romance, seja por culpa de seus próprios atos, seja por culpa atribuída a elas por outros.

A cidade de Ixtepec vive. Ela tudo vê, tudo sente, sente a tristeza e a opressão sofrida pelos seus nas mãos sanguinárias dos militares. Existia um excesso que palavras perigosas soltas pelas ruas.

O principal tema é como as vidas das pessoas ali são afetadas pelos militares, como os afetos se desenvolvem e quais as formas de resistir.
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Raul 24/04/2021

Cada vez mais me descubro um amante de literatura latino-americana. Me sinto tão conectado, tão imerso nas histórias que fica difícil não gostar.

Em As Lembranças do Porvir não foi diferente. É um livro estranho, com uma narrativa que ao mesmo tempo que me envolveu também me deixou meio perdido. Parece que tem muita coisa não dita (ou melhor, escrita), muita coisa nas entrelinhas que talvez não captei. Fiquei com essa impressão. Quem sabe seja aquele tipo de livro que cresce com a releitura.

Toda a narrativa do livro é incrível (principalmente a primeira metade). Garro retrata uma Cidade do México (Ixtepec) num período histórico que me interessa, mas que eu conhecia muito pouco: a (pós-)Revolução Mexicana. Foi uma oportunidade de pesquisar e saber mais sobre esses acontecimentos que definiram e ajudaram a construir o México de hoje.

Elena Garro, em As Lembranças do Porvir, traz uma história com características do famoso ?realismo mágico? (apesar de ela odiar essa denominação). É difícil não relacionar com Pedro Páramo (escrito antes) ou com Cem Anos de Solidão (escrito depois). De qualquer forma, muito provavelmente quem gostou desses livros vai gostar também de ALDP. Eu gostei demais, e recomendo muito!
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Mian 24/04/2021

Um grande romance pouco reconhecido.
Ler as lembranças do porvir foi uma experiência magnífica. Elena Garro traz um romance magnífico que com certeza vou querer ler mais vezes. A poética que ela traz em cada frase me tocou demais.
Um grande clássico do realismo fantástico, que merece muito mais reconhecimento, junto as grandes obras do boom latino americano.
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Ludmila 18/04/2021

Para conhecermos mais nossa América Latina
O retrato de um México em 1927 pós revolução e as ebulições e violência que rondaram o movimento cristeiro.

Com um narrador nada convencional, Elena Guarro alinhava o espaço (um pequeno povoado mexicano) e o tempo (através da memória, seja do passado, seja do futuro, este materializado nas lembranças do porvir).
Belíssima narrativa da desigualdade social, do racismo (aqui contra os índios) e misoginia. Elementos que sempre andam juntos.

Esse livro publicado antes de Cem anos de solidão é considerado o início do Realismo Mágico, gênero que marcou a América Latina nos 60 e 70.
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Marina.Cyrillo 05/09/2020

Não me pegou
Esperava mais da obra. Não gostei do narrador, nenhum personagem é marcante, o enredo é meio desconexo, não há uma pesquisa histórica que complemente o momento que a autora relata e o fim foi muito ridículo. Há frases bonitas, reflexivas que valem a leitura. As metáforas são muito ?viagem? demais!
Flavia.Bastos 10/02/2021minha estante
ola marina.cyrillo tudo bem? tem interesse em trocar? ou me vender? faço parte de um clube e iremos ler em abril desse ano. te aguardo, caso tenha interesse.




nalannes 24/07/2020

Mágico, histórico, sensível, crítico, atemporal. As Lembranças do Porvir tem todos encantos da literatura latino-americana e é um dos percursores do chamado realismo mágico.

Fica a sensação que o livro deveria e poderia estar em um prateleira de mais destaque e reconhecimento. A edição da Arte & Letra de 2018 é a primeira e única da obra no Brasil, por enquanto.

É clara a influência de As Lembranças do Porvir (1963) e Elena Garro em outras obras tão famosas, como Cem Anos de Solidão (1967). O livro mistura os "folclores" locais com a realidade, a violência militar tão comum na América Latina, as personagens mulheres tão marcantes e o certo pessimismo e beleza do inevitável ciclo da vida.

Um dos grandes charmes da escrita de Elena Garro é a própria narração, que navega entre o passado, presente, futuro e até é capaz de pausar o tempo. Quem é o narrador? O que é o narrador? Só lendo mesmo para acompanhar. rs

Em As Lembranças do Porvir conhecemos a cidade fictícia de Ixtepec e seus moradores. O protagonismo está na família Moncada e nos miliares que comandam a região, como o general Francisco Rosas. No entanto, a autora explora muitos personagens ao longo do livro, deixando a leitura mais complexa de personalidades e críticas sociais atemporais.

O contexto histórico do livro é a Guerra Cristera, importante conflito mexicano entre militares do governo e a igreja no início do século XX. Para quem não é tão familiarizado com a história do México, em especial este momento pós revolução de Zapata, como era meu caso, vale a pena dar uma pesquisada sobre para poder aproveitar melhor as referências.

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Nil 18/07/2020

Valorizem os livros latino-americanos.

Esse foi meu primeiro contato com a escritora mexicana Elena Garro e que grata surpresa.
Apesar de ela mesma não gostar de ter sua escrita relacionada ao realismo mágico , eu consegui enxergar sim muitos elementos desse tipo de narrativa e achei também que a escrita muito se assemelha aos textos do Gabriel García Márquez, um dos meus prediletos.

Em as lembranças do porvir, a narrativa é feita pelo próprio povoado onde se passa a história e o narrador descreve os fatos a partir de suas lembranças dos fatos e dos sentimentos vividos anteriormente.
Aqui é interessante pontuar que, embora lembrando o passado, quando o povoado conta a história, ele fala muito sobre as lembranças que os personagens têm do porvir, como se eles pudessem antever acontecimentos ou sentimentos.
É um livro onde as memórias e as lembranças dos personagens e do próprio povoado, enquanto narrador, têm bastante relevância para a forma de contar o desenrolar dos acontecimentos até que se chegue ao dia atual.
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isa.dantas 24/03/2019

Não sabia o que esperar desse livro e talvez nada me tivesse preparado para ele. Elena Garro nessa história de realismo fantástico nos leva a tempos ditatoriais sanguinários, enquanto nos fala sobre racismo e machismo, e do poder, nem sempre tão bom, do amor.
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