O Terceiro Jesus

O Terceiro Jesus Deepak Chopra




Resenhas - O Terceiro Jesus


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Carla.Parreira 08/11/2023

O terceiro Jesus
O autor nos mostra que temos de ser específicos a respeito de quem estamos falando quando nos referimos a Jesus. Podemos dividi-lo em três: o primeiro é histórico, e praticamente não sabemos nada sobre ele.
O segundo é aquele do qual o cristianismo se apropriou. Ele foi criado pela igreja para cumprir a sua programação.
O terceiro, sobre o qual trata o livro, ainda é tão desconhecido que nem mesmo os cristãos mais devotos desconfiam de que ele exista. No entanto, este é o Cristo que não devemos ignorar.
Jesus prometia salvar o mundo mostrando aos outros o caminho para a consciência de Deus. Esta interpretação do Novo Testamento proposta pelo autor não diminui os dois primeiros Jesus.
Ao contrário, eles são destacados com mais intensidade. No lugar da história perdida e da teologia complexa, o terceiro Jesus oferece um relacionamento direto que é pessoal e está presente. Como Jesus declarou no Sermão da Montanha, a pessoa que viver naturalmente, como os pássaros do ar ou o lírios do campo, não precisará trabalhar exaustivamente.
Deus ama os seus filhos pelo menos tanto quanto ama os pássaros e as flores. Ele nos concederá uma existência não menos bela e despreocupada. Analogamente, as almas não precisam planejar para o futuro, armazenar riqueza ou se preocupar com futilidades como roupas elegantes.
Todas essas coisas seriam garantidas ela Providência. Jesus tinha a intenção de levar os outros à mesma condição dele, como quando declarou para os seus seguidores: 'Vós sois a Luz do mundo.' (Mateus 5:12). Ao que diz que o Reino de Deus está dentro de nós, a implicação é para que mergulhemos dentro de nos mesmos e que, para tal, precisamos estar despertos.
Deus não pode se relacionar com uma pessoa de uma maneira diferente da que se relaciona com outra. Jesus deixa isso bem claro quando afirma que Deus ama e perdoa as pessoas perversas. Elas não conquistaram o amor por meio de nenhuma ação ou amor dirigido a Deus. Tudo que precisamos fazer fazer é existir. Viver, portanto, já é ser amado por Deus. Jesus amava os humildes porque eles não colocavam empecilhos diante do seu amor.
Eles serviam sem o ego, já que não tinham uma posição social para perder. No entanto, a lição mais ampla neste caso é que o ego bloqueia o crescimento espiritual. Quando surgem os milagres, a fé em Deus identifica-se com a fé em você mesmo. O mundo físico veio da mente de Deus, e quando nos aproximamos de Deus, toda a criação se torna parte de nós. Em um sentido muito real somos vestidos pela glória divina. Na ausência da fé, essa glória fica oculta. Sentimos que o mundo é separado de nós e frequentemente hostil às nossas necessidades. É necessário que Jesus, no seu estado de consciência superior, estenda uma visão que nos liberte dessa percepção limitada. Os milagres começam conosco. Temos que encontrar o lugar dentro de nós onde nada é impossível.
A palavra fé indica todo o caminho espiritual que precisamos percorrer para chegar onde Jesus já está. Jesus apresenta a questão de maneira concisa: 'O que é impossível para os homens é possível para Deus.' (Lucas 18:27) Jesus põe a culpa das orações não respondidas na pessoa que reza e não em Deus. Em vez de ficarmos desanimados, precisamos aceitar isso como uma exposição dos fatos. A prece não é mágica. Ela é consciência aplicada. Não podemos esperar que Deus realize o nosso pedido na ausência de uma ligação íntima com o espírito. Jesus estava intensamente consciente desse fato, já que vivia a partir da origem da realidade e, por conseguinte, era capaz de modificar a realidade ao seu bel-prazer. Quanto mais estreita a nossa ligação com Deus, maior o nosso poder espiritual. Jesus queria que os seus discípulos estabelecessem uma união com Deus. Qualquer outro tipo de vida estaria imerso na ilusão. O ego mantém forte essa ilusão porque o 'eu, o mim o meu' estão extremamente arraigados nos assunto mundanos.
A maneira mais vantajosa de passar a vida é buscando a essência espiritual e construindo a sua existência baseado nela. Se fizermos isso, seremos o primeiro aos olhos de Deus, mesmo que sejamos o último aos olhos do mundo. O Jesus místico estava descrevendo a sua essência e a nossa ao mesmo tempo. Essa essência é uma partícula de Deus, a substância da alma que existe dentro de todo mundo e que nunca se separou da sua origem. A essência é separada do mundo material e das suas considerações. Ela se volta para Deus para satisfazer todas as suas necessidades. Ela age espontaneamente, sem um plano fixo. Ela vê a si mesma como intemporal.
Ela sente compaixão pelo sofrimento e deseja encerrá-lo. Ela sente que o sofrimento começa na consciência e que a consciência superior põe um fim ao sofrimento. Ao descrever a si mesmo, Jesus estava descrevendo a essência que é a sua origem e a nossa. Devemos escutar as palavras dele como sendo proveniente dessa origem. Jesus nos apresentou o desafio de viver a partir da nossa essência, como ele fez. Jesus não agiu sozinho, mas sim como um veículo da vontade de Deus. Ele não foi uma pessoa do jeito que pensamos em nós mesmos como pessoas. Ele não tinha nenhuma individualidade. A sua vontade e o seu propósito pertenceram a Deus. No Padre-Nosso ele diz: 'Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu', para enfatizar a sua própria experiência. Na consciência de Deus, o pequeno ego se fundo com o ego cósmico. Em certo nível de consciência, todo o eu da pessoa é entregue a Deus.
As ações não são mais oriundas do ego; elas têm uma origem divina. Na consciência de Deus, a pessoa continua a pensar e agir, mas não existe mais o sentimento de que 'Eu' estou agindo. Em vez disso, Deus faz as coisas acontecerem através de nós. O tema é novamente reforçado pelo evangelho: 'Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.' (João 6:38) Devemos sentar em silêncio e buscar as qualidades específicas que desejamos, como o amor, a compaixão ou o perdão.
Essas são energias arquetípicas que estamos pedindo para expressar por intermédio dos nossos pensamentos, emoções e ações. Ao invocar o nosso arquétipo superior (anjo, santo ou ser sagrado), nos damos conosco pensando e fazendo coisas que nunca esperamos. O mundo parece ser uma enorme entidade e nós uma bem pequena. Mas, em verdade, o mundo está brotando de nós.
Nós somos a origem dele. Para tornar realidade essa verdade, nós precisamos começar a viver como se isso fosse verdade. Se operamos a partir da convicção de que somos a fonte e o mundo é secundário, os eventos evoluirão com suavidade, com tempo e espaço para distribuir. As soluções dos problemas começarão a chegar sem esforço. O universo passa a cooperar conosco assim que sabemos ser nosso desejo o mesmo de Deus.
A mecânica de dar e receber está dentro de nós.
Por conseguinte, na próxima vez em que rezarmos pedindo alguma coisa, ou simplesmente desejando-a, devemos cumprir os seguintes passos: expressar claramente para nós mesmos o resultado desejado; desligar do pedido depois de fazê-lo; adotar uma atitude não exigente com relação ao resultado; permanecer aberto a qualquer resposta que venhamos a receber do universo; e saber que sempre existe uma resposta. Neste caso, 'resposta' não significa um sim ou um não da parte de Deus. Nenhum juiz está decidindo se somos ou não meritórios. Esse tipo de concepção nasce da separação. Quando Jesus disse aos seus seguidores que Deus tudo vê e tudo sabe, ele estava descrevendo a completa intimidade entre o eu e a inteligência que permeia o universo.
Como você não pode existir sem ser parte dessa inteligência, rezar para Deus é um processo circular, um circuito de auto-resposta. Expressemos a disposição de nos livrarmos do que não é real. Peçamos aos antigos sentimentos e às energias bloqueadoras que se dissipem e voltem para a sua origem. Procuremos ouvir uma resposta.
A culpa, como qualquer energia bloqueada, vai ficando mais sonora e forte na mente quando não recebe atenção. Para resolver a nossa incerteza, precisamos nos expandir além da limitação importa pela confusão, pelo medo, pela necessidade de controlar e pelas expectativas rígidas. Ao sentarmos quietos e ver a nós mesmos expandindo-nos além da personalidade do ago, iremos perceber coisas novas, até que com o tempo, o conhecimento mais profundo despontará e reconheceremos a realidade de Deus.
Ficar remoendo as nossas características negativas não vai trazer a sombra para a luz. Uma ação que obterá esse resultado é a confissão.
Em um momento que nos pareça adequado, devemos revelar algo que nos provoca vergonha ou culpa. O objetivo é relacionarmos com nossa sombra de uma nova maneira. Todos temos interesses em ser aceitos, e a sombra encerra todas as nossas coisas mais inaceitáveis. A única maneira de aplacar a sombra é relacionar-se com ela de maneira diferente, e quando você revela um segredo para alguém, a sua vida oculta começa a mudar.
Nesse segredo deve-se responder: por que estou escondendo este mau pensamento, impulso ou ação? Do que estou envergonhado? De que maneira eu acho que serei prejudicado se isto for exposto? Estou sendo afetado por memórias de uma punição passada? Quando ouço uma voz interior me julgando com severidade, quem em meu passado esta na verdade falando comigo? De que maneira a minha autoimagem seria afetada se eu revelasse isto? Tenho atuado dentro de um sistema de crenças que encara os seres humanos como inerentemente pecaminosos? Por que escolho viver com culpa em vez de viver sem ela? Precisamos fazer todas essas perguntas sempre que penetrar na região da sombra. Os encontros não são agradáveis, mas são fortalecedores e trazem a verdade à tona.
O ego se apoia no familiar. Ele tem relutância em experimentar o desconhecido, que é a verdadeira essência da vida. A única maneira de recuperar o presente é limpar o passado, que significa tudo que seja rotineiro, aborrecido, sapiente, calculado, ansioso e traumático. Em vez de lutar para tornar a vida estável, imutável, sem ambiguidade e certa, aceitemos que somos produto de uma criação incerta e ambígua. Isso não é uma falha. Fruir e mudar constantemente é a glória do processo criativo. Quando mais conseguirmos aceitar isso, mais fácil será aceitar a própria transformação.
Devemos manter em mente que o nosso eu real é amor, verdade, é Deus. Ao remover os obstáculos e resistências que escondem nossa essência, revelamo-nos a nós mesmos.
A essência enquanto ser permanente não pode ser destruída, apenas mascarada. Ela espera pacientemente o dia em que acordemos para quem realmente somos. Jesus provou que ser iluminado significa existir sem um objetivo pessoal no mundo, ou seja, cumprir a vontade divina, e não a do Ego.
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Guido 09/01/2010

Quase uma desculpa
Esta resenha é quase uma desculpa por colocar um livro "religioso" na minha lista.
Tenho também, reconhecidamente uma aversão à auto-ajuda e assemelhados..
Independentemente de minha religiosidade-não_religiosidade, quero ver o Jesus filosófico traduzido por um não Cristão
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