Julia G 11/07/2012Doce Traição - Alexandra SellersResenha postada originalmente no blog http://conjuntodaobra.blogspot.com
- É hora de deixar isso para trás - Ele continuou. - Temos uns poucos dias juntos. Quero enterrar o passado de uma vez por todas [...].
- E de que forma dormir comigo por alguns dias vai libertar seu coração? - ela finalmente perguntou.
- Não consigo tirá-la da cabeça, Desi, nem a lembrança daquele amor sexual que fazia a terra tremer. Nada se igualou a isso, mas é porque nada pode se igualar. Não se pode igualar nada a um sonho [...].
Ela queria dizer a ele como tinha sido para ela. A tristeza dilacerante, a ânsia infindável por aquela ligação de almas, a determinação de esquecer. [...] E o choque terrível de ver Salah novamente, de descobrir que o amor talvez ainda continuasse vivo. (Pág. 101)
Desi e Salah se conheceram no início de suas adolescências, e acabaram se apaixonando. Ele, de uma país islâmico, e ela, com ideais ocidentais, não viam na diferença cultural problema para o amor que sentiam. Mas essa diferença logo interferiu em seu relacionamento, e os desolou tudo o que eles haviam construído.
Dez anos depois, contudo, um pedido desesperado faz com que Desi vá ao encontro de Salah. Seu objetivo: seduzi-lo para impedir que ele se case. Ela, agora uma modelo famosa, tem ainda mais poder sobre os homens, e vai se usar disso para chegar a onde deseja. Desi só não esperava que a influência de Salah sobre ela fosse ainda tão forte, e que mais algumas noites de amor poderiam arrasar novamente com seu coração.
Um leve romance de banca, Doce Traição, de Alexandra Sellers, fluiu tão rapidamente que quase não se vê passar. Com um narrador onisciente e bastante envolvente, é recheado de figuras de linguagem que conferem certa subjetividade às passagens do texto. Apesar de tratar de mágoas do passado do casal - tópico quase essencial nesse tipo de narrativa -, tudo é abordado de maneira tão positiva que, ao menos, não dá aquela sensação de estar se afogando em um mar de tristezas.
Gostei dos personagens principais, que eram bem construídos em comparação a outros romances assim. Uma coisa que chamou muita atenção era a ingenuidade presente em Salah, mesmo com a dureza que o sofrimento trouxe ao seu semblante, e eu gostei ainda mais do personagem por causa disso. Desi era uma mulher que aprendeu com a vida, mas que ainda carregava muito da garota que foi.
As figuras de linguagem que citei, no entanto, não foram tão enriquecedoras quando poderiam e, na maioria dos casos, pareciam enrolação sem nexo. Outra coisa não tão positiva é que as cenas pareciam seguir certa rotina, e já podia se prever o que eles fariam durante as manhãs, tardes e noites que se passavam.
Mesmo assim, trata-se de uma leitura rápida e gostosa para uma tarde chuvosa, como a que faz hoje por aqui. Não fará diferença para a vida de ninguém, a não ser deixar alguns românticos aos suspiros.