Monique Nóbrega 06/02/2020A Fogueira da Bruxa" __ O que está acontecendo? O que foi isso? __ Questionou Allegra assustada.
__ Isso... foi alguém sendo torturado. Não seja ansiosa, você também vai passar pelos testes de ferro. Isto é, se sobreviver à hoje... __ disse o guarda, com um sorriso sórdido." (p.84 e 85)
A maldade humana pode ser medida? Quando a morte vira espetáculo, sinda è possível acreditar na 'humanidade' das pessoas? Até que ponto pode ir alguém por ganância, vingança e ódio?
Depois de ler "A Fogueira da Bruxa", de Barbara Sena, sua fé na humanidade pode sofrer um grande abalo.
Allegra Bellini é uma jovem proveniente de família respeitada em sua vila italiana. Vive sob a doutrina cristã do final do século XV e, apesar de ter vários questionamentos, segue os preceitos de Deus com o coração puro.
Nossa protagonista vive feliz, ama sua família e sua empregada (esta com um carinho especial). Ela possui uma mente aguçada e a beleza típica da região da Toscana.
Allegra vai à igreja todos os domingos, mas sabe que há muitas coisas erradas acontecendo sob o teto do templo.
Um dia, três padres nomeados inquisidores chegam à sua vila e sua vida, antes pacata, se transforma em constante sentimento de medo e agonia.
A jovem percebe que a maldade e hipocrisia humana podem alcançar qualquer um que ouse questionar as leis da igreja e tenta enfrenta-las com coragem e justiça.
O tema da Santa Inquisição e da caça às 'bruxas' é abordado de forma crua a bastante vívida pela autora. A narrativa permite conhecer as duas partes antagônicas e perceber o mecanismo que existia por trás da condenação de mulheres inocentes à morte.
O livro aborda também questões de natureza feminista, o preconceito e o medo do desconhecido. Faz alusões a uma forma de sociedade na qual há s convivência perfeita e, na minha opinião, utópica entre as mulheres.
O plot twist é de arrepiar e faz valer até a última linha da leitura.
Barbara Sena soube me prender com uma narrativa fluída e rica de verdades históricas.
Me decepcionou um pouco a revisão do texto. Principalmente do meio do livro em diante, os erros se multiplicaram e há até a repetição de um parágrafo inteiro. No entanto, isso não tirou de forma alguma a vontade de terminar a leitura.
Recomendo o livro para os amantes da verdade histórica, apresentada sem superstições dogmáticas ou panos quentes.