spoiler visualizardariostradlin 31/03/2024
Uma série cancelada antes do fim da temporada
É isso que parece o livro. Uma história promissora, que prende, mas que de repente os produtores cancelam e precisam encerrar a série sem dar um final a ela. É isso que parece.
Em resumo, Amélia e James, ambos de 17 anos, têm um primeiro encontro, que é um passeio de canoa em um lago. Neste lago, James conhece um segundo lago, mais privado, e ambos vão para lá. E então, eles encontram um túnel que leva a um terceiro lago, quase como um pântano, desabitado, que ninguém parece conhecer. E no fundo desse lago, uma casa mobiliada, com os móveis todos em seus lugares, sem nada se deteriorando pela água ou flutuando, e até uma piscina, com sua própria água.
Os dois começam a explorar, acham incrível, passam semanas lá, não entendem como isso é possível e, para manter a magia, não perguntam “nem como nem por quê”. E aí, chega ao fim, a casa desaparece e, por conta disso, Amélia termina com James. Na minha visão, isso faz ela parecer totalmente superficial, como uma garota que sai com o cara por conta do carro que ele tem, mas sem o carro ele não serve. E durante toda a história, Amélia não é assim. Os personagens se completam, crescem juntos, então achei desnecessário esse término motivado pelo fim da casa.
Deixa eu voltar a um ponto aqui. O livro tinha a intenção de ser um terror? Se tinha, falhou. Há uma única passagem em que achei que Amélia iria morrer e fiquei “com medo”. Mas não chegou nem perto disso. Havia vários momentos em que o terror poderia ser explorado, afinal, estavam indo para um lugar absolutamente escuro (lembrem-se, é uma casa dentro d’água), sem saber o que encontrar lá, imaginando que há alguma coisa lá, e mesmo assim, não há terror. Não há nem mesmo quando as lanternas falham e a escuridão é total, ou quando os canos de oxigênio ficavam presos. Poderia ter umas 12 cenas de quase morte, muito perigo, mas não há nada disso.
O autor também tenta colocar um pornozinho, que parece ser excitante, mas assim como tudo no livro, é broxante. O máximo que ele consegue fazer é elogiar os seios e as coxas da Amélia e descrever uma gozada do James quando eles perdem a virgindade transando dentro da casa, embaixo d’água). Sei lá, se vai colocar sexo numa história, então explore isso de verdade, ou nem coloque.
Como já havia dito em um histórico, gosto de livros em que eu não sei o que esperar. E esse é um livro rápido de se ler, então dá pra fazer isso rápido mas serve mais para isso, só para você dizer que leu mais um livro, mas ele não te causará nada, você não terá alguém para conversar sobre… E você não chegará ao final de uma história.
Certamente, alguém com mais cultura que eu, entendeu coisas que eu não entendi. Conseguiu ver uma profundidade na casa no fundo de um lado (sem trocadilhos), que eu não alcancei. Ou então, essa pessoa fingiu entender algo para não se sentir passada para trás. Eu fui atrás de vídeos e outras resenhas para ver o que as pessoas entenderam, para fazer sentido naquele final, e nem assim encontrei. O máximo que cheguei foi a um vídeo que dizia que a casa era uma metáfora, que era o reflexo do que a Amélia idealizava num relacionamento perfeito, e que quando ela sumiu é porque a magia pelo James também havia acabado. É isso mesmo, será? Não comprei essa ideia, mas se realmente for, acho que torna o livro pior ainda.
Também vi quem disse que “quem não gostou, é porque não entendeu”. Pode ser, eu não nego minha ignorância. Mas se a maioria das pessoas não entendeu e não gostou, pode ser um sinal de que o livro realmente não é tão bom assim.