Memórias de Adriano

Memórias de Adriano Marguerite Yourcenar




Resenhas - Memórias de Adriano


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bruna 18/02/2024

Perfeito em todos os sentidos
Esse é provavelmente um dos projetos mais ambiciosos da literatura e também um dos melhores livros que eu já li.

Reflexões sobre imortalidade, humanidade e história são lidos de maneira natural e orgânica. Em nenhum momento eu senti alguma intervenção da mentalidade da autora ou de algum valor da atualidade, ela felizmente não censurou nada do século II. Apesar de ser um livro inteiramente sem diálogos e com a escrita mais rebuscada senti história fluída e interessante. Tenho ainda muito a refletir, mas é com certeza um livro encantador que todos os amantes de história deveriam ler.
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Carol 06/02/2024

Impressões da Carol
Livro: Memórias de Adriano {1951}
Autora: Marguerite Yourcenar {Bélgica, 1903-1987}
Tradução: Martha Calderaro
Editora: Nova Fronteira
296p.

Como falar desse livro monumental que é "Memórias de Adriano"? Uma obra escrita, reescrita, pensada e pesquisada por longos 27 anos. Uma vida.

Começo pelo luxo de termos um "Caderno de Notas", como posfácio, no qual Marguerite Yourcenar apresenta o percurso e os percalços enfrentados quando da escrita da narrativa e o porquê de seu fascínio pela figura do imperador romano Adriano:

"Se este homem não tivesse mantido a paz do mundo e renovado a economia do império, suas felicidades e seus infortúnios interessar-me-iam menos." p. 267

Destaco a escolha de Yourcenar em "apagar-se" como voz autoral ao optar pelo registro na 1ª pessoa. É a voz de Adriano que, como mágica, nos conduz pela Roma do século II. Ele narra, num exercício memorialístico, para melhor se conhecer antes de morrer. Ele narra, também, para instruir Marco Aurélio, adotado por ele para sucedê-lo:

"A verdade que pretendo narrar aqui não é particularmente escandalosa, ou melhor, não o é senão na medida em que toda verdade escandaliza. Não espero que teus 17 anos compreendam qualquer coisa disso. Empenho-me, porém, em instruir-te e também em chocar-te." p. 29

Mais que o Adriano histórico, singular pelo papel que desempenhou em Roma, ganha vida o ser humano Adriano, singular pelo que viveu e sofreu. Mais que um romance histórico, "Memórias de Adriano" é um texto de meditação filosófica.

Um dos textos mais bonitos que já li. Uma ode à humanidade, um consolo em tempos de perda de sentido.

"A vida é atroz, nós o sabemos. Mas precisamente porque espero pouca coisa da condição humana, os períodos de felicidade, os progressos parciais, os esforços para recomeçar e para continuar parecem-me tão prodigiosos que chegam a compensar a massa imensa de males, fracassos, incúria e erros. As catástrofes e as ruínas virão; a desordem triunfará de tempos em tempos, no entanto, a ordem voltará a reinar. A paz instalar-se-á de novo entre dois períodos de guerra; as palavras liberdade, humanidade e justiça recuperarão aqui e ali o sentido que temos tentado dar-lhes. Nossos livros não serão todos destruídos; nossas estátuas quebradas serão restauradas; outras cúpulas e outros frontões nascerão dos nossos frontões e das nossas cúpulas; alguns homens pensarão, trabalharão e sentirão como nós: ouso contar com esses continuadores colocados, com intervalos irregulares, ao longo dos séculos, nessa intermitente imortalidade." p. 249

Obra-prima.
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caiohlp 20/01/2024

Nem Memórias, nem Roma foram feitas em um dia.
Memórias de Adriano é o tipo de romance histórico grandioso e arrebatador, destacando-se tanto pela qualidade de pesquisa como pela habilidade em transpor séculos com o uso das palavras, por meio do talento inigualável a autora resgata através da autoficção biografada e epistolar uma das personalidades mais importantes da história e um dos bastiões da cultura clássica, a quem devemos, hoje, muito do que conhecemos do mundo antigo. Com um fluxo constante, em primeira pessoa, conhecemos Adriano e traçamos o retrato dessa voz sábia, que por vezes chamado senhor do mundo nem sempre fora senhor de si, esse que soube gerir pessoas, estimular as artes, cadenciar alegrias, suportar tristezas e buscar a paz. Aprendemos que não é do dia para noite que se constroem impérios e não à toa essa obra, suprassumo da literatura mundial, seja fruto de 30 anos de esmero, perdoadas as peculiaridades de perspectiva próprias de um texto que transpõe séculos, recebemos de bom grado temas imortais como o amor, ponto em que o secreto e o sagrado se tocam, as artes e as convenções morais de época que nesse relato quase confessional nos permitem acessar o que Roma e esse homem representaram para o Ocidente e o Oriente, para o ontem e, sobretudo, para o hoje.
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Gabriel 19/01/2024

Esforcemo-nos por entrar na morte com olhos abertos...
Pra quem é apaixonado por história antiga, o livro é um prato cheio, assim como para quem possa se interessar pela figura do Adriano, pra ter um bom proveito do livro, alem de ter um interesse por um desses dois pontos, é bom ter uma base sobre o período histórico de Adriano.

Dois pontos que me chamaram atenção e que pra mim foram os pontos altos do livro, é a escrita da Marguerite que é incrível, é poética e verdadeira, é como se realmente estivéssemos lendo algo escrito pelo próprio Adriano, como comentaram aqui, se dissessem que esse livro é uma carta psicografada qualquer um acreditaria de tão convincente que o livro é.
É bela a forma como Marguerite escreve sobre a dor de alguém que no fim da vida rememora toda a trajetória até o momento final, é um retrato da alma humana.
O segundo ponto, que achei as partes mais incríveis, são as descrições que Adriano nos faz a respeito de Antinoo, uma vez que esse teve tamanha importância na vida do imperador a ponto de ter se tornado um deus, Marguerite é sutil nessas partes, mas descreve de uma forma tão bonita um momento que por si só já é belo.

Durante a leitura, me perguntava o que o próprio Adriano acharia de ter sua história contada pela Marguerite, tenho certeza que ele estaria muito honrado com uma obra tão incrível como essa, agora sei o motivo da Marguerite ser considerada uma escritora tão grandiosa.
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Eliane406 10/01/2024

Hierarquias
?Faz parte do Romance Histórico.

?Memórias de Adriano é uma autobiografia imaginária do imperador romano. Adriano de fato escreveu uma autobiografia que não sobreviveu até nosso conhecimento. Publicada originalmente em 1951, foi a obra de Youcenar que a tornou internacionalmente conhecida.
?O romance é escrito em primeira pessoa, em forma de uma carta testamento, escrita por Adriano e endereçada a seu neto adotivo, o futuro imperador Marco Aurélio. Na carta, o imperador produz confissões, à maneira de uma anamnese, e assim faz um balanço de seu próprio tempo e existência, de modo que amalgamam-se suas memórias pessoais às memórias históricas. Através da voz de Adriano, falam inúmeras outras, e o retrato memorialístico de sua personalidade, humana por excelência, é também o retrato de uma época, em rigorosa reconstituição histórica. Sua narrativa associa filosoficamente dimensões sociológica e psicológica.
No Caderno de notas que acompanha o texto das Memórias, Yourcenar diz: ?Bem depressa compreendi que escrevia a vida de um grande homem. Desse momento em diante, impôs-se maior respeito pela verdade, maior atenção e, de minha parte, maior silêncio?.
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Hélio 26/12/2023

Romance com filosofia
Uma mistura de romance com filosofia. A grande aventura de Adriano é o caminho do conhecimento que ele adquire sobre a vida, a natureza humana, o poder, os problemas de um homem de Estado, o amor, a morte, enfim... Uma trajetória em direção à sabedoria que só é possível alcançar no fim da vida e que transforma a leitura de suas reflexões num privilégio.
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Lista de Livros 11/12/2023

Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
“Nada mais sórdido do que um cúmplice.”
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“A própria solicitude pode ser fatigante, ainda quando sincera.”
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“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos: minhas primeiras pátrias foram os livros. Em menor escala, as escolas.”
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“Em todo combate entre o fanatismo e o senso comum, este último raramente é o vencedor.”
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“A passagem do tempo não faz senão adicionar uma vertigem a mais à desgraça.”
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Mais do blog Lista de Livros em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com/2023/12/memorias-de-adriano-de-marguerite.html
Priscilla Teles 14/12/2023minha estante
esse livro é muito bom




Caroline Vital 25/10/2023

Lido em 2018
Achei bem maçante, mas a escrita é tão linda, poética, que às vezes dá para esquecer que é chato. Demorei para terminar. Foi árduo, porém sensacional. Vale a pena.
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Rafael 18/10/2023

Uma obra perfeita
Não me surpreenderia se Marguerite admitisse que escreveu o livro por meio de psicografia após conseguir contato com o espírito do imperador Adriano. Aliás, acho que ele não seria capaz de escrever uma autobiografia tão sublime como Marguerite fez. Essas primeiras constatações são suficientes para mostrar, de plano, a magnitude do trabalho ficcional de Marguerite ao biografar essa distinta figura que comandou o Império Romano. A perfeição é tamanha que Marguerite foi capaz, até mesmo, de concretizar, por meio da escrita, o modo de pensar do imperador, ainda que não existam tantos registros históricos a permitirem tal minúcia. É dizer, ao ler o livro adentramos nas reflexões que o imperador Adriano muito provavelmente fez em vida, ainda que não exista nenhum elemento histórico (científico) a comprovar que ele, por ventura, pensasse ou agisse de tal forma. Mas o modo como tudo é exposto é tão genuíno que ficção e realidade possuem uma linha deveras tênue nesse magistral trabalho. Aliás, biografia que se preze é feita de fatos mais ou menos comprovados, isto é, que possuem algum supedâneo no mundo real. Como fazê-lo, então, se se está diante de um indivíduo que não deixou nada mais do que alguns registros históricos? É essa a mágica que Marguerite consegue ao escrever uma autobiografia ficcional. Ou seja, a autora moutrou ser capaz conciliar dois conceitos (biografia e ficção) que são, a rigor, antagônicos. Daí a singularidade desse livro. Não é a toa, pois, que Marguerite gastou quase uma vida para escrevê-lo. Por isso, não espere sua vida passar para ler essa obra-prima literária.
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Thaís 14/10/2023

Sou apaixonada por histórias e pela História. "Memórias de Adriano" mescla as duas coisas com tanta maestria, que só posso repetir o que já foi dito: é poesia em prosa.

#bibliotecadoinatel
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juuuwidy 03/10/2023

?Pequena alma, alma terna e inconstante, companheira do meu corpo, de que foste hóspede, vais descer àqueles lugares pálidos, duros e nus, onde deverás renunciar aos jogos de outrora.
Por um momento ainda contemplemos juntos os lugares familiares, os objetos que certamente nunca mais veremos? Esforcemo-nos por entrar na morte com os olhos abertos??

Consigo imaginar Marguerite folheando as páginas de um livro desgastado e se deparando as palavras de Flaubert: ?Os deuses, não existindo mais, e o Cristo não existindo ainda, houve, de Cícero a Marco Aurélio, um momento único em que só existiu o homem.? Enfim tomando para si com muita ternura e admiração, a visão de um ser tão grande em sua própria condição de humano, que acabou por se tornar divino. Decidindo então presentear o mundo com as memórias da vida, tal como também da morte de Adriano.

Nunca antes estive tão presente na existência de uma pessoa, mesmo que a mesma, já tenha partido há séculos atrás. Sempre me surpreendo com a capacidade da literatura em imortalizar os seres humanos, e nesse caso não me refiro apenas a imortalidade do ?personagem?, mas também da própria escritora. Me vi presa do início ao fim nesse limbo onde a ficção e a realidade se encontram, me custava crer que não fora o próprio Adriano a escrever suas memórias, fosse eu eu mais mística para acreditar na psicografia, mas não.

Uma mulher solitária, enevoada por um período de guerra acaba por se colocar na mente de um imperador, que da guerra e solidão quase sempre provou, eis Marguerite. Tão grande era seu respeito por Adriano e pela necessidade de se expressar simultaneamente compartilhando a história desse homem, que resolveu esperar os anos passarem em busca de amadurecimento e uma pesquisa maior. Não há mais o que dizer além de que foi um dos livros mais belos que li até agora.
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Peter.Molina 29/09/2023

A força de um imperador
Neste livro, considerado um grande clássico,conhecemos a vida do imperador romano Adriano. Narrado todo em primeira pessoa, o texto pra mim foi um pouco difícil em muitas passagens,nem tanto pela linguagem em si, mas os parágrafos são extremamente extensos,ocupando mais de uma página, e praticamente não há diálogos. Às vezes falta fôlego para continuar e absorver bem a leitura. A parte da paixão por Antinoo bem como a decadência física do imperador são marcantes, num texto poético e sensível. Acho necessário algum conhecimento prévio sobre Roma antiga que facilitará o entendimento. O livro traz ao final algumas notas da autora, como pensamentos,a respeito da construção da obra. E as notas finais formam um capítulo à parte, com a descrição das obras utlizadas,e toda a pesquisa extensa que foi feita para reconstruir a vida de Adrinao,bem como separando o que é real do que foi fictício. Um bom livro mas que tem a sua dificuldade.
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Cris 06/09/2023

06.09.2023
Romance histórico sobre a vida de Adriano, o imperador romano. A autora narra em primeira pessoa a vida, pensamentos dilemas, sofrimentos, angústias, todos os sentimentos de Adriano ao longo de sua vida, ao mesmo tempo em que traz todo o contexto histórico e político da época.
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FellipeFFCardoso 20/07/2023

Um dos maiores clássicos da literatura ocidental, ainda não o havia lido. Mais do que a história em si, que persiste em acontecimentos e ideias de fatos possíveis a partir de pesquisas, já que Adriano deixou pouquíssima coisa escrita, e ainda que não se aprofunde na beleza psicológica das personagens, não deixa de ser um exercício belo e potente de recriação histórica a partir da ficção. Penso que a tentativa de dar peso histórico ao texto eliminou dele a possibilidade de ser uma história mais novelesca. Foi, obviamente, tentando ler o livro como uma novela, sobrou-me desejo de que autora nos embrenhasse mais pelas intrigas de poder, pelos anseios e volúpias, relações humanas. Mais no homem, ainda que imperador, menos como uma tentativa de legado profissional e mais como um centro de virtudes e desvirtudes no império que ajudou a fundar o mundo como ainda hoje o conhecemos.
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Filipe 12/07/2023

Um romance histórico, de alta qualidade e que reflete de forma poética e bem executada a falta de informações detalhadas a respeito do personagem principal.

É perceptível e louvável as limitações do personagem-autor aqui descrito, a autora soube equilibrar e escolher muito bem onde inserir a ficção e onde deixar que a escrita refletisse a falta de profundidade e detalhamento.

Um homem fascinante, envolto por uma das mais fascinantes mitologias e sociedades que já existiram.
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