O Ditador Honesto

O Ditador Honesto Matheus Peleteiro




Resenhas - O Ditador Honesto


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Aline Teodosio @leituras.da.aline 30/01/2021

O ano é 2025, o país está assolado pela corrupção, violência e descaso. Surge então a figura de Gutemberg, um advogado inteligente e perspicaz, sem envolvimento nenhum com a política, que resolve abarcar a ideia de colocar o país nos eixos, lançando-se, então, como candidato à presidência da República.

A narrativa é contada pelo ponto de vista do secretário de Gutemberg, que nem sempre concorda com as medidas tomadas por seu chefe, porém, mantém nitidamente uma admiração por ele.

No cenário dessa narrativa temos uma figura carismática, que consegue se eleger por meios democráticos, após vomitar em seus discursos de manipulação exatamente aquilo que o povo queria ouvir. Dessa forma, aos poucos vai se instaurando um totalitarismo disfarçado de democracia.

O livro pode ser considerado uma sátira da nossa atual conjuntura política. Esperei risadas, mas tudo o que senti foi medo de um futuro não tão distante. É certo que aqui não há análises aprofundadas de política e economia, é mais uma coisa generalizada de vários aspectos da nossa sociedade e de nossos representantes. Vemos alfinetadas para os políticos tanto de direita como de esquerda e das suas alianças em prol do poder. Vemos alfinetadas à sociedade em geral com suas hipocrisias e fragilidades.

No decorrer da narrativa podemos identificar claramente fatos políticos de outros tempos e também de agora. Observamos também (com tristeza lancinante) o quanto a nossa sociedade está comportamentalmente doente há já bastante tempo.

Se tenho esperanças em um futuro próximo melhor? Não.
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@apilhadathay 11/03/2021

Diferente
O livro apresenta Antônio, advogado e secretário do também advogado Gutemberg Luz, homem que vislumbra todas as mazelas sociais e econômicas espalhadas pelo nosso país pós-2025 e que encontra a chance de tornar suas utopias reais: ele vai candidatar-se à Presidência da República, afiliados ao PHB ou Partido dos "Homens de Bem", porque deseja fazer deste um país melhor para todos. Convocou os amigos certos para ter apoio incondicional no Senado e na Câmara, fez uma bela campanha, foi eleito e... Radicalizou. Sabe todos aqueles planos "Se eu fosse Presidente, mudaria X ou Y, etc"? Pois bem, ele o concretizou.

Gutemberg radicalizou na Segurança Pública, na Educação, em todos os setores, colocou em prática um plano utópico que tinha em si. A princípio foi muito bem recebido e executado, mas a partir de um momento, as pessoas chegaram a cansar de um país tão harmônico e perfeito. E se levantaram em favor da desarmonia.

É um livro sobre jogos políticos, muita ingratidão e sobre como realmente não sabemos o que é melhor pra nós. Basta que algo nos desagrade, seja o que for, e aquilo deve ser considerado errado para todos. É um estranho mundo. A narrativa se desenvolve ao longo de 12 capítulos de extensão média, é uma novela - centrada em conflitos bem pontuais - e abre espaço apenas leve para outros personagens, focando em uma narração de Antônio sobre a trajetória de Gutemberg até a Presidência. Olha, não vi muito de Ditador nele. ele me pareceu mais um Idealista que viu surgir e aproveitou a chance de suas ideias serem concretizadas.

Não vemos ligações concretas entre os políticos da obra e da vida real, mas aqui e ali, percebemos umas semelhanças e é interessante imaginar no que tudo aquilo vai dar. Eu não esperava esse final, sinceramente. E ainda estou aqui pensando... "Em que pode errar alguém que só desejou o bem de outros?"

site: www.instagram.com/apilhadathay
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fev 13/01/2021

Fui com muita sede ao pote e não tinha nenhum líquido para que eu pudesse beber.

Esse livro é uma sátira ruim do suposto período político que estamos vivenciando. Genérico e raso até o último fio de cabelo ao tentar fazer críticas ao momento. O livro parecia mais uma citação de pensadores do qualquer outras coisa. Perdi as contas de quantos foram citados nesse livro sem muito propósito.

Eu queria muito ter gostado, mas foi fraco e ruim. Mesmo sendo uma sátira as críticas poderiam ter sido mais profundas que os tweets que escrevemos. Não foi.

Não recomendo. Mas pode ser que você goste e eu não tenha entendido a ironia da obra. rs
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Sunny 11/08/2023

Li-o entre o primeiro e o segundo turno das eleições, mas consciente de que a obra foi escrita alguns anos atrás.
Quanto à fluidez da escrita, a riqueza de detalhes e a construção dos personagens, cinco estrelas.
Outros leitores comparam O Grande Gatsby com O Ditador Honesto em alguns pontos, no entanto, para não dar spoilers, não me aprofundarei neles.
Nos é apresentado um Brasil desiludido e arrasado, mergulhado num caos sem fim, onde a população está descrente da classe política e a esperança respira com a ajuda de aparelhos.
Nesse ínterim, entra em cena o ditador honesto e o seu desejo de transformar o Brasil. Lançando mão de alguns questionamentos, concluí que a grande sacada da história é nos convidar a refletir se não seríamos enfeitiçados pelo discurso eloquente prometendo dias melhores à nação e uma época de ordem e progresso e se de fato saberíamos viver em um país cujo contexto seria o oposto do atual (digo, na época em que o livro foi escrito), se de fato saberíamos apreciar a paz.
Será a paz o oposto da guerra? A ausência de problemas? Geradora do tédio que mobilizaria as pessoas a buscarem um pouco de caos para saírem do estado de apatia?
Será a grande união uma utopia?
Não sei. Não são respostas tão objetivas e simples.
Ainda assim, caro (a) leitor (a), leia e tire as suas próprias conclusões. Se nossas impressões forem diferentes, ótimo. Só não se deixe influenciar por aqueles que não gostam muito de pensar.
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douglaseralldo 02/08/2018

HOME DIVULGUE SEU LIVROMEUS LIVROSLEITURA CRÍTICALEITURASSOBRE OLHE NOS MEUS OLHOS E VEJA AS 10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DITADOR HONESTO, DE MATHEUS PELETEIRO
1 - Verborrágico, intenso e de uma visceralidade de superfície, O Ditador Honesto segundo o autor ,"não possui pretensão alguma, senão a de protestar e emitir uma triste gargalhada em desrespeito à hipocrisia popular e à nauseante política nos tempos em que vivemos" e partem daí todas as virtudes e defeitos de uma obra nascida para polemizar (vide inclusive suas escolhas de epígrafes, pois tudo na obra surge para reforçar a ambientação confusa da política contemporânea ao mesmo tempo que nos aproxima de elementos estéticos talvez há muito devessem estar superados, no caso, certa presença constante de ideais um tanto futuristas, isto de um futurismo de um início de século passado e que parece estarmos forçando revivê-lo) e que buscaremos nestas reflexões em lista abordar sob diferentes perspectivas;

2 - Antes de mais nada, penso eu, esta é uma obra que como inclusive apontada pelo autor, é fruto de nossos tempos, portanto, imersa numa série de condicionantes sociais, que, claro, não passam despercebidas. Por isso, neste sentido é interessante termos em mente algumas questões geracionais, que imbicam inclusive nas escolhas lexicais, como o caso do própria expressão "ditador" que surge aqui com todas as nuances do tempo. Vejamos que não trata-se apenas do paradoxo título, creio que no caso da obra alguns elementos são importantes de serem observados nesta avaliação. Do próprio leitor, no caso, eu, filho de uma geração que viu o princípio da redemocratização, no início dos anos oitenta, o autor já de uma geração seguinte, cuja juventude dá-se já num país estável, e da própria obra, cuja ideologia salta de maneira confusa e polarizada como os tempos de hoje, mas, da mesma forma, impactadas pela estética do início do Século XX, ou seja, florescida na intensidade recente mas marcada pelo passado. Tais fatores tem relação direta, não só com esta crítica, mas também com os exageros e ingenuidades que às vezes intercalam-se numa narrativa, que embora pensada como sátira, acaba se afastando dela, não só pela ausência do riso, mas especialmente pelo olhar desesperançado, distópico e não menos desolador como o fato de que já não mais rimos de nossas hipocrisias;

3 - Dito tais comprometimentos e postura desta avaliação, pode-se ainda dizer que a faço tendo em vista a aproximação com outra obra, esta sim do século passado, Não Vai Acontecer Aqui, de Sinclair Lewis. Em ambas as narrativas temos a abordagem da chegada ao poder de um tirano via possibilidades democráticas, separadas estas por quase cem anos, e, claro, suas nacionalidades, a de Peleteiro impactada pelo cenário brasileiro e a de Lewis com seu temor em relação aos Estados Unidos. Enquanto a de Lewis surge em uma narrativa em terceira pessoa dando conta da chegada de Windrip à presidência americana (a obra ganhou nova relevância após chegada de Trump), o jovem autor Matheus Peleteiro escreve sua obra, que aliás, bem poderia ser um conto longo ou uma novela rápida, a partir de uma voz em primeira pessoa, Antônio, secretário de seu ditador "Gutemberg Luz" num Brasil de futuro próximo. E precisamos tratar uma série de elementos no narrador desta obra;

site: http://www.listasliterarias.com/2018/08/olhe-nos-meus-olhos-e-veja-as-10.html
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MILA 22/08/2018

Um livro que nos faz pensar..
Devo começar esta resenha dizendo que eu não gosto de política, não me envolvo, não discuto e não leio e vejo nada sobre isso.

Conheço Matheus Peleteiro desde que li um dos seus primeiros livros, Tudo que arde em minha garganta sem voz, foi uma leitura maravilhosa porque Matheus tem uma narrativa vibrante e eis que o autor entra em contato falando de seu novo livro, eu claro que prontamente aceitei, o problema é que eu não sabia que o tema seria uma critica a nossa política hoje ou a qualquer política, eu aceitei e quando eu fui pegar o livro, travei no primeiro capítulo, quase ao ponto de abandonar a leitura e pedir lógico, desculpas ao autor.


Mais eis que sou uma pessoa insistente e claro que coloquei na minha cabeça que o melhor seria naquele momento tentar novamente, ler mais um capítulo e foi aí que o livro me ganhou, depois disso eu li 60% do livro num só dia e o restante no outro dia.



"Bem, não era lá um bom período aquele em que nos situávamos, mas, ainda assim, posso garantir que conseguíamos suportar tudo o que se passava. Afinal de contas, não à toa, apesar dos pesares, sempre fomos tidos como um povo risonho, com essa característica marcante e cômica de sorrir quando mais motivos se têm para chorar."




Neste livro conhecemos Antônio, o nosso narrador, que nos conta tudo o que aconteceu, desde quando as coisas já não iam tão bem assim, também conhecemos aquele povo brasileiro, forte como é e que continua seguindo em frente, porém neste cenário também existe aqueles que não aguentam mais, que se sentem oprimidos e com um desejo enorme de mudar, de fazer diferente.


E é aí que conhecemos Gutemberg e seus comparsas, amigos mais próximos Juca Ferreira e Rubens Costa, que embarcaram juntos nesta nova empreitada em busca de mudança, custe o que custar, doa a quem doer.

Claro que Gutemberg já tinha tudo esquematizado em sua cabeça.


"Um grande homem para arquitetar o plano e convencer os egos mais intangíveis, um professor de boa índole para convencer a juventude, e um rapaz bonito e inocente para encher os olhos daqueles que são facilmente seduzidos por imagens. Parecia o trio perfeito para estampar as matérias virtuais e televisivas. E por que não seria? O plano estava iniciado."


O jovem Guto ascendeu ao poder e colocou tudo em prática, aos poucos ele foi mudando o que achava necessário, não importando as consequências.


"Foram tempos de guerra, protestos e muitas mortes, que advieram tanto do lado dos criminosos, quanto das ditas “pessoas de bem”, porém, não demorou mais do que três meses para que fosse alcançada a calmaria. Carros pipas passeavam lavando as ruas manchadas de sangue, ao tempo em que o vermelho passava a dominar os bueiros da cidade. Se ratos e baratas fossem vampiros, estariam estupefatos."


"E quando tudo se acalmou, o povo pôde enfim viver em avença. Com o decorrer do tempo, as pessoas passaram a constituir um conjunto uniforme. Aqueles que perderam familiares, em busca de consolo, se apegaram ao ditado popular que dizia: “tudo tem seu preço”, e se forçaram a acreditar, por mera conveniência, de que tudo fora apenas um plano de Deus para trazer a felicidade e a paz para todos."


Enfim, eu adorei demais este livro, e claro que terminada a leitura eu corri para comentar com Matheus o que achei daquilo tudo, também expliquei minha relutância em seguir adiante com a leitura, e de como foi legal a maneira como Matheus consegue seduzir até a mais apolítica de todas, aversa a esse meio que por vezes é corrupto e por vezes se vê uma luz no fim do túnel. E não me julguem por isso, é apenas a minha opinião.


Mais será que existe mesmo uma luz no fim do túnel?

O que eu mais gostei neste livro é que ele nos faz pensar..



Termino esta resenha com as palavras de Matheus...

"Encare estas linhas como um relato para se escutar num banco de praça, numa cadeira de praia, numa mesa de bar... Mas não as subestime. Há muito mais por trás das páginas que virão.
Há quem diga que este livro é um delírio, mas eu te pergunto: será?"



site: http://dailyofbooks.blogspot.com/2018/08/o-ditador-honesto-matheus-peleteiro.html
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Fábbio (@omeninoquele) 06/08/2022

Será possível um politico honesto?
#OMeninoResenhando

"Para que se conquiste o impossível, é preciso que se tente."

Numa época em que a política se resumira à polarização entre esquerda e direita, o mundo já não parecia o mesmo. E as leis que serviam pra manter a ordem parecia não ser o suficiente. O que se via era o declínio dia após dia da sociedade, perdida entre violências e a falta de ética de quem deveria na política trabalhar para o povo e não a seu bel prazer.

E é no início de 2025, que conhecemos Antônio, um recém bacharel de direito que encontra o seu primeiro emprego como secretário, num escritório de advocacia de um importante advogado, o dr. Gutemberg Luz que é o sinônimo de homem correto e que possuía ambições maiores do que ele. E é nessa espécie de biografia que conhecemos a trajetória de Gutemberg Luz, quando era apenas um advogado até se tornar o presidente da nação.

Vindo a entrar na política como uma ideia fixa de poder melhorar o país e fazer mais do que prometer as coisas, Gutemberg Luz sempre fora sincero em suas campanhas. Ele era o sangue novo que a política tanto precisava e que as pessoas passaram a acreditar, porque honestidade é algo que quase não se vê nesse ramo, e o povo precisava acreditar novamente em alguém, dali em diante não demorou muito pra que nas eleições Gutemberg Luz ganhasse a maioria dos votos e se tornasse o presidente do futuro.

Mesmo não tendo experiência na política ele foi eleito e assim que assumiu promoveu mudanças drásticas na nação. E antes o que afligiam as pessoas passou a não mais existir, graças ao trabalho do presidente e esforços quantitativos pra mudar o sistema. O mundo agora parecia viver em paz. As pessoas tinham mais liberdades e sofriam menos com a violência, todos os ramos da sociedade mudaram pra trazer as melhorias que tanto precisavam, e o jeito como Gutemberg administrava o país se assemelhava muito a uma ditadura, mas de modo a priorizar o bem da sociedade.

Mas o povo não é acostumado a viver na paz e ter uma vida relativamente mais fácil e o que pra eles no começo era o sinônimo de mudanças depois de alguns anos passou a ser chatice, e quando a monotonia chegou, o povo sentia falta de ter essas diferenças para que a vida fizesse mais sentido e ganhasse mais brilho, não bastou muito pra que uma pequena organização de manifestantes se juntassem para cobrar por mais promessas e menos ação.

E assim como vemos o início de uma trajetória brilhante na carreira de um homem honesto e disposto a mudar o país que ama, vemos nas páginas a seguir, o seu declínio por estar fazendo o correto. O livro é uma distopia satírica muito bem escrita e que conversa demais sobre a nossa sociedade atual, uma vez que elegemos um governante claramente despreparado para nos "guiar" e eu fico abismado o quanto a cegueira pode influenciar as pessoas para o bem ou para o mal.

Confesso que não era muito ligado à política a uns anos atrás, mas agora me sinto mais responsável e preciso entender um pouco mais, porque é nós que escolhemos quem vai nos guiar, e não dá pra cometer o mesmo erro novamente. Em "O Ditador Honesto" a gente pode ver que nem sempre vamos nos deparar com políticos como Gutemberg Luz, mas nos mostra que devemos estar mais atentos às pessoas que colocamos no poder.

Já conhecia a escrita do Matheus Peleteiro, mas grata foi a surpresa ao ler essa história tão bem escrita e que conversa tanto com nossa realidade. O livro é leve como uma boa sátira e muito fluido, o que fez com que a leitura fosse muito prazerosa. E termino super recomendando!

#ODitadorHonesto #MatheusPeleteiro #EuLeioNacional

site: https://www.instagram.com/p/Cg5Imu-vkGv/
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Gramatura Alta 22/07/2018

http://www.gettub.com.br/2018/07/o-ditador-honesto-e-pro-inferno-com-isso.html
Para você ler O DITADOR HONESTO, é preciso realizar, primeiro, uma limpeza na sua mente quanto a ciências políticas ou preferências de direita ou de esquerda. Encare a leitura como aquilo que ela é: uma utopia sobre a governança de um ditador no Brasil. Neste ponto, você pode pensar que a história remete a acontecimentos da época militar dos anos de 1964 a 1985, mas é um ledo engano. A narrativa é quase alegórica, com passagens que chegam a beirar a ingenuidade, o que permite que a imaginação do leitor vague livre por onde quiser.

Como o próprio autor faz questão de ressaltar no prefácio: “...esta produção não possui pretensão alguma, senão a de protestar e emitir uma triste gargalhada em desrespeito à hipocrisia popular e à nauseante política nos tempos em que vivemos. (...) Este livro é um conto de fadas. Não por se tratar de uma fantasia, mas porque em contos de fadas as coisas simplesmente acontecem, assim como na vida.”

O livro é narrado em primeira pessoa por Antônio, um personagem que se torna secundário diante da verdadeira estrela da história, Gutemberg, o tal ditador honesto do título. Acompanhamos sua ascensão através de atos que, como o autor disse, apenas são o que são, sem qualquer necessidade de credulidade ou de análise lógica. As coisas vão se sucedendo em uma velocidade vertiginosa, até culminar no total domínio do Brasil por Gutemberg.

Nesse ponto, o ditador chega onde não há mais para onde ir, bem como a população, e igual o rebobinar de uma fita, as coisas começam a andar para trás, e Gutemberg tem um destino tão pragmático quanto sua política. E esse final, por mais absurdo que possa parecer, reflete como é o pensamento da turba, da multidão, e reforça aquela máxima de que a coletividade é burra, ou mesmo inconsequente.

O DITADOR HONESTO é um exercício de imaginação sobre o que poderia e o que não poderia ser o Brasil. O autor, apesar de utilizar e abusar da descrença do leitor, da total liberdade de sua prosa, consegue transmitir o que é essencial para a história: a vontade do pensar sobre como vivemos e como somos governados. E em um ano de eleições, onde um dos principais candidatos é tão esdrúxulo quanto um vilão de quadrinhos, e que consegue convencer uma grande fatia dos eleitores a se comportarem como acéfalos, O DITADOR HONESTO pode trazer aquela coceira do pensar, do raciocínio. Amém!

Seguindo a mesma linha de forçar o cérebro do leitor, PRO INFERNO COM ISSO traz uma sequência de contos dos mais variados tipos que conseguem entreter, surpreender e causar aquela sensação de familiaridade, de algo que você poderia perfeitamente ouvir em uma conversa de bar, do seu vizinho, na escola ou faculdade.

O autor viaja entre o medo, através de um conto sobre uma doença; sobre a vontade de se viver para sempre; sobre a inveja e a vingança entre irmãos; sobre o abuso emotivo, a subserviência pelo amor; as diferentes visões entre pais e filhos; sobre a realidade da amizade, ou da inimizade; ou até mesmo em um conto mais existencialista, introspectivo. São mais de vinte e dois contos curtos, de duas ou três páginas cada um, em um total de pouco mais de cem páginas. Não há lugar para enrolação, tudo é tratado de forma direta, com mensagens diretas, mas nem por isso displicentes.

Outro detalhe que vale destacar em PRO INFERNO COM ISSO, é a confirmação da originalidade e da necessidade do autor fazer o leitor questionar seu próprio estilo de vida, seu comportamento e o seu círculo de convivência. Isso é uma das coisas mais importantes em um livro: causar movimento no leitor.

O DITADOR HONESTO e PRO INFERNO COM ISSO não são, de forma alguma, livros que você fecha e se esquece em seguida. Você será obrigado a pensar sobre o que leu e a forma como o que leu se encaixa dentro de você e na sociedade. Tem coisa melhor?

site: http://www.gettub.com.br/2018/07/o-ditador-honesto-e-pro-inferno-com-isso.html
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Rosana Vinguenbah 21/08/2018

Se você vivesse sob um regime totalitário que conseguisse estabilidade econômica, saúde e educação de qualidade e segurança pública que praticamente extinguisse a violência e a criminalidade, você seria feliz?
Esse é um dos questionamentos que me fiz ao ler "O ditador honesto" do autor baiano Matheus Peleteiro @_matheuspeleteiro.
Gutemberg é um advogado muito inteligente que resolve se candidatar a Presidência da República por um partido falido que não lhe daria chances de vitória. Com a sua inteligência e poder de persuasão, Gutemberg não só lidera as pesquisas, como ganha as eleições juntamente com dois amigos que disputaram uma vaga de Senador e Deputado.
Quem narra a história é Antônio, secretário de Gutemberg desde o escritório de advocacia e trabalha para o Presidente após a sua vitória.
Situações impostas a população que são vistas inicialmente como arbitrariedade começam a alavancar o país e trazer melhorias para a sociedade. O enredo se passa no ano de 2026 e diferente de uma distopia, considero esse livro como uma narrativa utópica que satiriza o nosso sistema político.
É um livro leve, mas, ao mesmo tempo conduz a reflexão.
Gostei muito dessa história e recomendo a todos aqueles que estão descontentes com a "democracia" na qual estamos inseridos, além de ser um livro prazeroso de ler.
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Tarsila.Ribeiro 24/08/2018

Recomendado
#ODitadorHonesto de @_matheuspeleteiro conta a história de Gutemberg Luz, um advogado que decide entrar para a política e guiar o destino político do Brasil após muito se entristecer com a situação atual que o país enfrenta. Depois de vencer as eleições e se tornar presidente do Brasil, Gutemberg passa a tomar medidas administrativas que agradam a população porque de fato mostram uma grande melhora social no que diz respeito à saúde, à segurança, à educação, mas será que os meios pelos quais ele consegue alcançar essas mudanças são realmente bons? ? é bastante interessante a proposta do livro e poder ler uma distopia sobre a situação brasileira é MUITO legal! Finalmente chega até nós uma literatura brasileira contemporânea de qualidade, que pode se comparar a qualquer literatura americana para público adulto, mas agora ela é feita por nós e para nós! ?
? as reflexões que o livro suscita são interessantes e fazem o leitor se posicionar diante do enredo o tempo todo. A leitura vai causar incômodo, vai causar revolta, mas esse é o objetivo: despertar o leitor para as questões atuais em relação às quais já estamos indiferentes. ? leitura altamente recomendada!
? projeto gráfico excelente! Amei a capa e a diagramação
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Alexandre 01/03/2019

Narrada em primeira pessoa, na voz de um advogado que assiste ao seu chefe, inconformado com a posição social que lhe pertence e em meio ao caos coletivo estabelecido, ser consumido pelo ardente desejo de alterar as estruturas sociais do seu país, o Ditador Honesto é uma narrativa distópica que nos provoca muitos incômodos.

Perplexos somos apresentados a Gutemberg que ora mocinho ora vilão, acaba sendo eleito presidente do seu país numa campanha baseada principalmente em post nas redes sociais e realiza mudanças estruturais em diversos setores daquela sociedade a começar pela segurança pública e pela educação.
Escrito em 2016 e publicado em 2018, o livro é uma sátira sobre o modo atual de se fazer política em nosso país, em que esquerda e direita se confundem, em que o judiciário interpreta com parcialidade a constituição e com um executivo ocupado por evangélicos, banqueiros e latifundiários.
Peleteiro 01/03/2019minha estante
Muito obrigado pela resenha, Alexandre! ??


Alexandre 01/03/2019minha estante
?




Neylane Naually 14/03/2019

Indico muito
Obra interessantíssima e criativa, com uma narrativa leve e ao mesmo tempo instigante. Indico principalmente para aqueles que querem pensar e analisar os contextos políticos e as reações, emoções e desejos humanos.

Uma sátira eficaz, a história traz uma ditadura branca, democraticamente estabelecida. O presidente eleito consegue convencer o povo de que são necessárias mudanças radicais (constituição? o que é isso? legislativo? já não funciona mesmo...) no país para que as coisas enfim mudem.
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Anienne 23/01/2020

O Ditador Honesto
Esse livro é uma produção independente e é um colosso. Muito lindo mesmo. A capa é maravilhosa. As folhas são amarelas e grossas.

A escrita de Matheus Peleteiro é simples, clara e sem rodeios.

Confesso que alimentei a expectativa de rir bastante durante a leitura, mas isso não aconteceu. A leitura foi desconfortável para mim.

Uma sátira ao nosso sistema político e ele faz uma misturada meio ilógica que une os extremos e, dessa forma, retrata situações reais (ai de nós).

Dentro de um grande caldeirão, percebemos coisas loucas, reais e irreais. Vemos ainda umas frases... (de efeito? será?) que tocam em nossas feridas. E dói.

Minha impressão é que ele vai mexendo esse caldeirão para lá e para cá e depois... entrega para a gente experimentar o que está posto. E aí, meu, dá um revestrés no estômago, uma vontade de vomitar...

Ironia e sarcasmo seguem envoltos no tom de brincadeira. Matheus traz ainda referências filosóficas, literárias e cinematográficas que conversam com aquela mistura caldalosa no fundo do caldeirão. Ele traz Hemingway, Maquiavel, Karl Marx, Wood Allen e outros.

O narrador é Antônio, secretário e amigo de Gutemberg, que se torna presidente do dia para a noite, com a ajuda das redes sociais. Guto consegue promover mudanças estruturais reais no país, começando pela segurança pública em que, praticamente, extingue a violência e a criminalidade. Além disso, alcança a estabilidade econômica e saúde e educação públicas de qualidade.

Então, vem umas perguntinhas fatais: é isso o que vc quer? é isso o que todos desejam? Mas vc sabe o preço a pagar?

Um regime totalitário. Sem liberdade. Todos são obrigados a acatar as decisões de uma só pessoa: o presidente.

Será que aquela sociedade estava pronta para isso? E nós? Estamos?

O texto nos conduz a sérias reflexões. Eu fiquei mau humorada, irritada, deprimida...

"...levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
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