Becoming Jane Austen

Becoming Jane Austen Jon Spence




Resenhas - Becoming Jane Austen


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Coruja 22/03/2016

Diferente de Charlotte Brontë, cuja extensa correspondência sobreviveu a despeito dos desejos de seu marido, durante muito tempo nossa imagem de Jane Austen foi focada apenas através da lente da biografia escrita por seu sobrinho, que nos deixou por herança a figura da ‘tímida’ e gentil tia Jane.

Contudo, as cartas de Jane – ao menos as que sobreviveram à destruição perpetrada por Cassandra – revelam uma faceta cheia de humor do tipo que não perdoa ninguém, ácido e afiado, como se enxerga em todos os romances deixados por Austen.

Becoming Jane Austen inspirou o filme com Anne Hathaway, embora eu precise dizer que o filme e o livro têm muito pouco em comum, exceto talvez pela atmosfera vivaz que ambos possuem.

Essa biografia começa bem antes de Jane aparecer na história, e busca testemunhos para além da família imediata da autora, permitindo-se extrapolar desses fatos um pouco do que se perdeu com a destruição da correspondência.

A história se inicia com relato da história de Elizabeth Weller, bisavó de Jane, cujo casamento com John Austen, viuvez e separação dos filhos muito em comum tem com a situação com a Sra. Dashwoood de Razão e Sensibilidade - embora se deva dizer que Elizabeth agiu com bem mais cuidado e decisão, nos moldes de Elinor.

Há também um pouco do relacionamento quase escandaloso de Henry, o irmão preferido de Jane, e Eliza de Feuillide - o interesse teria surgido quando ela era ainda casada, numa visita em 1786, expresso principalmente, no flerte dos personagens que eles interpretavam quando a família se juntava para dramatizar peças - algo muito semelhante ao que ocorre em Mansfield Park.

Aliás, entende-se que Amor e Amizade, que foi dedicado à prima, era mais que uma homenagem, mas uma repreensão.

O livro nos lembra que Jane não era a única escritora da família - Henry e James publicaram histórias num periódico em Oxford chamado Loiterer e ambos eram bons autores; há trechos do diário de Edward que também revelam um talento para as letras.

Não é a melhor biografia de Austen, visto que se permite algumas conjecturas sem muitas provas em que se basear, mas é um bom livro para quem deseja se aprofundar um pouco mais na sua história, com uma leitura leve, fluida e divertida, além de fazer indicação de uma bibliografia bem rica para quem tenha interesse em se aprofundar. É uma pena que ainda não tenha sido traduzido em português.

site: http://www.owlsroof.blogspot.com.br/2016/03/livros-para-ler-no-outono.html
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