Eloisa 07/07/2021
Impecável
O único defeito desse livro é que ele termina. Como todo bom autor, Ruy deixa o gosto de quero mais. Comprei esse livro para ter meu primeiro contato com ele antes de entrar em ?Metrópole à beira mar?. O problema é que agora eu quero mergulhar com todas as minhas forças na obra dele!
Fui fazendo pequenas resenhas a cada divisão do livro e resolvi repetir a dose por aqui:
?Exercício de amor?: primeira seção de crônicas do livro já se foi e deixou um conjunto delicioso de textos sobre afeto familiar, o carinho ao país, a si mesmo e gratidão, até mesmo, a estranhos.
?Ofício de escrever?: ainda é a segunda seção de crônicas, mas acho que será minha favorita (percebi que é difícil escolher uma favorita ao fim da leitura). Sempre achei que ser escritor e, especialmente, jornalista de coluna cultural no Brasil do passado devia ser uma delícia, Ruy confirmou. Relatos incríveis, delicados e deliciosos
?A companhia dos amigos?: esse trecho de crônicas é mais um exemplo de como ser escritor ou jornalista no Brasil do passado devia ser incrível. Imagina sair para almoçar toda tarde com Paulo Francis e Jorge Zahar, encontrar seus amigos pelo Centro do Rio antes de voltar correndo para a redação?
Creio que até faço coisas similares na minha rotina. Passo em um café pelo Centro e esbarro com alguém conhecido, compro algo em um sebo no Largo da Carioca, almoço com amigos antes de voltar correndo para o escritório.
Porém, minha companhia, apesar de muito honrada e agradável, não é composta pelos maiores nomes da cultura e jornalismo brasileiro. Mas não faz mal, o importante é que os amo e admiro, assim como Ruy faz com os seus amigos.
?Meus monstros?: gosto demais dessa expressão para retratar heróis e pessoas admiradas. Representa bem as sensações de temor e curiosidade que temos para com elas.
A diferença de Ruy é que ele conheceu muitos dos seus monstros e, por fim, se tornou um também.
?Ausências súbitas?: relatos sobre a morte de amigos próximos e de pessoas bem distantes também, mas que a ausência se faz sentir ou vale o registro.
?A cidade amada?: Ruy Castro desenterrou todo o meu golden age thinking. Aquela nostalgia de um Rio que foi, mas não vingou.
?O coração em campo?: entre relatos e anedotas relacionados a jogadores e torcedores só resta a certeza de que futebol não é mero esporte, é uma experiência quase que religiosa.
De quebra ainda descobri o time de muita gente graúda da cultura brasileira do século passado.
?Coisas sem as quais?: sorvete, livros e mídias físicas, como viver sem?
?Unívocos e equívocos?: a saideira.
P.S.: esse livro é receita certa para curar ressaca literária.