@retratodaleitora 17/08/2018Brava SerenaBrava Serena é o segundo romance publicado do escritor brasileiro Eduardo Krause, que teve sua estréia com Pasta Senza Vino (Terceiro Selo, 2014).
Em Brava Serena vamos acompanhar o personagem Roberto Bevilacqua, um homem que passa dos setenta anos e é obrigado a se aposentar da empresa que trabalhou durante grande parte da sua vida. Viúvo e separado de sua única filha, ele resolve empreender uma viagem para a Itália, país que tanto ama e no qual fez boas memórias ao lado de sua esposa; agora, sozinho e com problemas de saúde, tomando suas medicações e em uma dieta rigorosa, ele embarca nessa que será a aventura mais imprevisível de sua história. Ele só não sabe disso ainda.
"A verdade é que já estava mais do que na hora de voltarmos à Itália, não é mesmo? De olhos fechados, parado em meio ao vão de saída da estação Termini, sei que tu concordas. Então, inspiro profundamente, alheio às pessoas que vão e vêm. Com alívio, constato que Roma continua a mesma, pelo menos a sua atmosfera. Se me perguntassem por que me apaixonei por esta cidade, diria que é por causa desse ar. O hálito de Saturno, deus romano do tempo. Apesar de mentirosa, seria uma linda resposta. Pela que ninguém pergunte essas coisas."
Roberto é um homem melancólico, se agarra a memória de sua falecida esposa e relembra a viagem que fizeram àquele mesmo lugar tantas décadas antes, quando eram dois jovens apaixonados. Da relação nasceu sua filha, com quem já não tem contato. Ele está sozinho em uma das cidades mais bonitas do mundo, com suas dores e saudades. Mas Roma reserva muitas surpresas e ele, sabendo que já não tem muito tempo, resolve aproveitar cada minuto dessa experiência regada a vinho, refeições caprichadas e cenários de tirar o fôlego. Pela primeira vez em várias décadas, ele provará novamente as maravilhas de Roma, agora ao lado de Serena, uma jovem italiana com quem forma um belo e improvável laço de amizade.
Ao lado da apaixonante Serena, que encanta a todos com sua personalidade festiva e comunicativa, roubando corações por onde passa, Roberto viverá uma grande aventura marcada por autodescobertas e muita rebeldia.
Esse foi um livro que aguardei com muitas expectativas. Quem acompanha o Uma Leitora Voraz já deve ter lido sobre o maravilhoso Pasta Senza Vino, também do Eduardo. Se ele já tinha me encantado em seu primeiro romance, que possui um ar mais ensolarado, jovem e ágil, em Brava Serena ele foi além e apresentou um personagem com seus setenta anos, intelectual apaixonado por cinema, sensível e humano. Roberto Bevilacqua não é perfeito, assim como Antonello Bianchi, protagonista do Pasta, também tinha seus defeitos. E aqui o autor também constrói uma narrativa onde o protagonista evolui e se revela ao leitor aos poucos, conforme vai revendo seus preconceitos e ações passadas.
Acho incrível como o autor consegue apresentar seus cenários de forma tão apaixonada e intensa que o leitor consegue se ver ali, andando pelas mesmas ruas que os personagens, degustando os mesmos vinhos e provando da culinária italiana. Quando o livro consegue trazer tantas sensações, tanto emocionais quanto físicas, sabemos que o autor é bom e que se dedicou de mente e alma à sua obra.
Senti falta dos personagens assim que terminei o livro. Parece que é uma regra do Eduardo Krause fazer com que o leitor deseje mais páginas ao chegar na última linha. E que desfecho! Fiquei em lágrimas, saudosa e desejando urgentemente uma passagem para conhecer, agora pessoalmente, a Itália que esse autor tanto ama e que eu, lendo seus livros, aprendi a amar também.
Leitura recomendadíssima :)
site:
http://umaleitoravoraz.blogspot.com/2018/08/resenha-brava-serena-de-eduardo-krause.html