Paula 25/08/2012
Bo-A
Bem, a Fernanda Young é uma boa. BO-A. É uma propaganda de cerveja da literatura. Claro que não vou comparar ela com os clássicos por aí, mas ela é boa para minha literatura, para a Academia Paula de Letras.
Confesso que esse livro não me cativou tanto, a personagem Carina é a personificação das loucuras em geral... ela é tudo de louco. E o Rigel é a personificação do homem banana, que só enxerga corpos e sexo, exatamente o que a Carina esperava. "É sobre isto essa história: sobre a loucura que iguala os homens. Os homens são desiguais. Sim. Eles são desiguais. As cores os tornam diferentes. As raças. As religiões. O Ocidente e o Oriente. As línguas. Os sexos. Só a loucura os iguala. A loucura e o amor. O que dá no mesmo."
O que me atrai nesse livro é a Fernanda... autora, sua linda.
Tem umas sacadas que só ela pode fazer... é o que você já pensou e nunca desenvolveu, o pensamento que nunca escreveu. Sei lá, comigo é assim.
"Eu não vou morrer. Deus! Deus?! Está tentando falar com algum Deus? Deus! Me ajuda! Por favor! Meu Deus, me ajuda. Não deixa eu morrer aqui, no meio da rua. Pelo amor de Deus, me salva! Um taxi passa lentamente do outro lado da rua, em direção oposta. Rigel está tão ocupado em clamar por Deus que não faz sinal para o motorista. Quase xinga Deus por causa disso, mas aquilo pode ter sido um teste. Um teste de Deus, para que Ele possa medir a fé recém-adquirida de seu filho pródigo. Deus! Eu tenho fé! Eu sei que o Senhor quer me salvar. Se passasse agora um comboio da Igreja Universal, Rigel era capaz e beijar as mãos do Pastor Edir Macedo, tamanho seu desespero. Seria levado ao púlpito para declamar pecados e, junto com Mara Maravilha, cantaria uma música de louvor. Cacete! Não passa uma porra de um táxi nesta rua! (...)"
"(...) Pessoas que sabe-se lá de onde acham que são superinteressantes. Mas são uns merdas. Acha que é um deles, um dos merdas iludidos. Que horror. Imagina-se um monte de merda vaidoso - literalmente. Merda com purpurina espalhada em cima? Merda com peruca loura? Merda que só usa óculos assinados? Cocô com sapato de pelica feito à mão? Cocô com capa de chuva de Humphrey Bogart? Por que eu me enganei tanto tempo? Eu sou um merda. Um idiota que sempre se comportou como se não cagasse."
"(...) A questão é a década de 70. A época mais cafona de todos os tempos. Não só deste século. Acredito que em cafonice 70 só se compara à era romana, com Júlio César de vestidinho de cetim com um ombro nu, sandálias douradas com fitas transpassadas até as batatas das pernas, cachinhos em forma de vírgula na testa, com o arremate de louros na cabeça. 'Ah, mas não devia ser assim'. Não devia, o cacete - eu acredito em Hollywood'. (...) É porque por alguma explicação qualquer - conjunção astral, cegueira coletiva, surto esquizóide - o mundo inteiro elegeu o mau gosto como regra de comportamento. Lembro-me de um reveillon em que eu simplesmente não acreditei na roupa da minha mãe. Era uma coisa assim, inenarrável, eu jamais poderei descrever com perfeição aquela coleção de equívocos. Babados, bordados, drapeados... Todas as técnicas de alinhavo se encontravam naquele metro quadrado. E era lindo! Um abafo!"
HUAHUAA