O Tronco do Ipê

O Tronco do Ipê José de Alencar
José de Alencar




Resenhas - O Tronco do Ipê


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haasscreams 23/03/2024

Tragédias e promessas
Uma história envolvente, que mistura afetos de criança, promessas, intrigas e tragédias. Tudo isso com a presença constante e importante de pai Benedito, o boqueirão e suas águas como pano de fundo.
O livro é dividido em duas partes; a primeira narra a infância dos protagonistas, Alice e Mário, que são criados juntos na fazendo de Nossa Senhora do Boqueirão. Enquanto Alice é criança em todos os sentidos da palavra, Mário é forçado a lidar desde muito novo com a morte e a dependência, o que o torna taciturno e levado. Seu pai, filho do dono anterior da fazenda, foi vítima da mãe d'água, e sua morte não é exatamente esclarecida, o que embasa grande parte das questões narradas.
Mesmo que as crianças tenham uma relação conturbada, com ele aprontando com ela, são muito próximos. Porém são separados depois de uma quase tragédia ocorrida a Alice, e com a qual Mário recebe a chance de estudar fora do país, o que leva à segunda parte do livro.
Quando chega a hora de Mário voltar à fazenda, já são ele e Alice jovens adultos. Alice, após quase morrer, guarda com carinho a lembrança do amigo de infância que, quando volta, não é e não age exatamente da forma esperada. Mário virou um cavalheiro letrado e respeitável, mas aquela inquietação e modos por vezes sombrios ainda o acompanham e florescem no lugar onde nasceu. Além das reviravoltas que esse e outros relacionamentos causam, ressurge com força a memória das águas do boqueirão e do que aconteceu com o pai do menino.
É criada uma rede de segredos e intrigas envolvente. Mesmo com um grupo pequeno de personagens, a vida na fazenda é agitada e a história não se arrasta. As coisas acontecem e surpreendem, as relações são testadas, a verdade é desmentida, promessas feitas são reveladas, suspeitas são plantadas e mortes são evitadas (nem todas). A narrativa é surpreendente e os cenários muito bem descritos, só a escrita é meio truncada, mas isso é típico de Alencar e do seu tempo. O tronco do Ipê é um livro que vale a pena ser lido.
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Carla.Parreira 17/11/2023

O tronco do Ipê
?...O pai Benedito descera a rocha pelo trilho, que seus passos durante trinta anos haviam cavado, e chegou ao tronco decepado de um ipê gigante que outrora se erguera frondoso na margem do Paraíba. Pareceu-me que abraçava e beijava o esqueleto da árvore; aí ficou aquecendo-se ao sol do meio-dia como um velho jacaré. Aproximei-me para pedir-lhe água mais fresca do que a do rio. Mostrou-me um fio cristalino que manava da rocha viva e deu-me excelentes limas e laranjas. Curioso de ver de perto o tronco do ipê que o preto tratava com tanta veneração, descobri junto às raízes, pequenas cruzes toscas, enegrecidas pelo tempo ou pelo fogo. Do lado do nascente, numa funda caverna do tronco, havia uma imagem de Nossa Senhora em barro, um registro de São Benedito, figas de pau, feitiços de várias espécies, ramos secos de arruda e mentruz, ossos humanos, cascavéis e dentes de cobras... Algumas velhas raízes do ipê, ressurgindo à flor da terra, como sucede com as árvores anosas, tinham sido carcomidas pelo caruncho, e dobravam brocas profundas que se entranhavam pelo solo... A palhoça do Pai Benedito era bem antiga e tinha antes dele pertencido a outro. Esse primeiro dono foi um negro cambaio, que ali viveu desde tempos remotos quando a fazenda não passava de uma roça à toa com um velho casebre e alguma plantação de mandioca e milho. O aspecto disforme do negro, e o isolamento em que vivia naquele sítio agreste em meio de ásperos rochedos, incutiram no espírito da gente da vizinhança a crença de que o pai Inácio era feiticeiro. Realmente ele tinha todos os traços que a superstição popular costuma atribuir aos bruxos. Desde então nenhuma catástrofe se deu por aquela redondeza, nenhum transtorno ocorreu, que não fosse lançado à conta da mandinga do negro. Se um roceiro caia do cavalo e quebrava a perna; se alguma dona de casa se queimava no tacho de melado ou no forno a fazer beiju; se dava a peste nas galinhas ou chocava o grão na espiga do milharal, não tinha que ver: era feitiço; e as vozes se uniam em uma só praga e esconjuro contra o bruxo do inferno que encafifava a todos e a tudo... O boqueirão é um palácio encantado que há no fundo da lagoa onde mora a mãe-d?água... Foi um dia uma princesa, filha de uma fada muito poderosa, e do rei da Lua, que era o marido da fada. Sua mãe tinha feito a ela rainha das águas, para governar o mar e todos os rios, todos... Pois a mãe-d?água, como era assim tão bonita, foi adorada por muitos príncipes que todos queriam casar com ela; mas seu coração já pertencia a um rei, lindo como o sol. Dizem mesmo que era filho dele... Houve muitos combates, e o rei, filho do sol, saiu sempre vencedor e alcançou a mão da princesa; e depois as festas que se fizeram, que foi uma coisa de abismar... Houve muita alegria pelo casamento, luminárias, foguetes. Nunca se tinha visto festa assim; e duraram nove dias e nove noites, que ninguém descansou. Ao cabo desses partiu o rei para seu palácio, levando consigo a princesa. E esta dizia ao marido que três meses do ano havia de passar com sua mãe, a fada, e o resto do tempo com ele, seu marido. O rei, que lhe queria muito, ficou triste. Mas era tão bom, que consentiu; porque ele pensava que, se ela não fosse boa filha, não seria boa mulher, nem boa mãe. E esse tempo que ela estava ausente passava com a mãe embaixo d?água, no seu palácio de diamantes. Assim viveram muitos anos, tão felizes, que era um contentamento para toda a gente; e a rainha deu um filho ao rei, o menino mais bonito que já se viu. O pai o adorava; a mãe morria por ele; e todo o mundo quando olhava para o menino ficava mesmo cativo... Chegando o tempo em que a princesa ia visitar sua mãe, quis levar o príncipe; mas o rei lhe pediu tanto e rogou, que ao menos deixasse metade de seu coração e não lhe levasse todo! Ela teve pena e deixou o filhinho, sabe Deus com que dor, e depois de recomendar muito e muito ao rei que tivesse cuidado nele... Tinha-se passado muito tempo, para a gente da terra, que para as fadas não há tempo. O rei quando viu que a rainha não voltava, ficou desconsolado e triste de sua vida; mas havia na corte gente malfazeja que começou a espalhar certas coisas: que a rainha se tinha namorado de um príncipe do mar, muito bem parecido. Como as coisas más sempre se acreditam, o rei desesperado quis vingar-se e casou-se com outra princesa, que estava muito longe da primeira. A madrasta, toda cheia de si, logo mandou o príncipe, filho da princesa das águas, para a cozinha, como se fosse um criado. Um dia que o príncipe vinha, todo sujo de carvão, carregando lenha do mato, encontrou-se com a princesa do mar que chegava; ele não sabia quem era, ainda que ficou abismado com sua beleza; mas ela o reconheceu e abraçou chorando. Então soube o que se tinha passado; e sem querer mais ver o ingrato que a tinha esquecido, sumiu-se com o filho de seu coração no fundo do mar. Por sua ordem as águas começaram a subir, a subir, e afogaram o palácio, o rei, a nova rainha, e todos que tinham dito mal dela. De tempos em tempos ela vem a terra para afogar a gente, e todo menino que entra no rio, ela agarra para servir de criado ao filho. Também de noite, quando alguma criança chora e aflige sua mãe, ela a carrega para o fundo d?água... Como aqui no boqueirão sempre estava sucedendo desgraças, ela dizia que a mãe-d?água morava na lagoa; e que assim no lugar onde tem mais sombra, às vezes se vê ela olhando e rindo com tanta graça, Senhor Deus, que a gente tem vontade mesmo de se atirar no fundo para abraça-la... Dizia-se que em sucedendo uma desgraça no boqueirão, logo aparecia mais uma cruz à sombra do ipê, indicando a sepultura do infeliz tragado pela voragem. Ora, o mistério tornava-se ainda mais profundo com o fato muitas vezes verificado do desaparecimento da vítima arrebatada pelo redemoinho... Havia ali uma gruta, que pai Inácio, antigo dono da choupana, ensinara a Benedito com os outros segredos da sua bruxaria. Era daí que o feiticeiro falava às almas, e metia medo aos curiosos que se animavam a visitar à noite o tronco do ipê... Quando ela e ele voltaram desse enlevo, seus olhos tímidos se encontraram um momento e fugiram; tinham-se queimado no rubor que abrasava o rosto de ambos. O amor, o verdadeiro e puro amor é sempre assim, cheio de recato e pudor. O outro, o fagueiro Cupido da mitologia, que nasceu de Vênus, a deusa da beleza e da sedução, chama-se desejo...?
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Victor.Ponzani 03/07/2023

Gostei demais do livro, leitura consideravelmente difícil e cansativa, páginas não rendiam e demorei muito pra acabar por ter apenas cerca de 100 páginas, porém a história muito boa mesmo eu não gostando de romance, cenários incríveis que atiçam a curiosidade.
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Guilherme 16/02/2023

O Tronco do Ipê é o segundo romance regionalista do escritor brasileiro José de Alencar. Publicado em 1881, tem sua ação situada em 1850, numa fazenda do interior fluminense.
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Priscila 10/11/2022

Eu gosto demais desse livro, seu Benedito me lembra muito o meu avô e me faz sentir saudades, o Mario criança me traz um ar de infância feliz brincando no quintal, não sei explicar bem mas gosto demais desse livro
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Guilherme Felipe Agapto 22/08/2022

UMA HISTÓRIA DE AMOR
Essa história entre Mário e Alice é uma história complexa envolvendo um amor de infância e um impasse, já que Mário suspeita do pai de Alice, por causa da morte de seu pai. A história do Boqueirão reflete seu tempo, onde havia a transição entre o Brasil escravocrata e o abolicionista. Então é esperadas algumas passagens que seriam censuradas nos dias de hoje. Mesmo sendo um livro com aspecto de romance água com açúcar, ele retrata algumas peculiaridades da época e por isso é importante ler este livro, que tem seu símbolo máximo no tronco do ipê, ao mesmo tempo a decadência da fazenda e a imponência da árvore, que perde o vigor com o passar do tempo. É um dos melhores livros de José de Alencar. Vale à pena.
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Duda 05/07/2022

por mais que eu tenha demorado mtt para ler esse livro (?) eu adorei !!
José de Alencar construiu mtt bem a história, com um mistério interessante, além de ter me ajudado a entender como era o nosso país ainda no tempo imperial :)
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Cami 18/06/2022

Ok
Sei que é do romantismo, séculos atrás. Mas muito rebuscado, enrolado e entediante.
A história até que é interessante, mas foi uma leitura bem cansativa.
(Leitura da escola)
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Amário 21/03/2022

Apesar de uma escrita rebuscada, é um bom romance e que nos traz informações sobre o Brasil imperial.
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Marcos5813 16/10/2021

O Tronco do Ipê
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."
(Canção do Exílio - Gonçalves Dias)

A civilização emancipa o gênio, mas o agreste da natureza forja a alma, e nesse ser livre do alvitre, e venturoso do fecundo verdejar, da santa mentira, trás como herança a felicidade entre dois espíritos que nasceram livre pela força do destino. Jamais um obra feitas por mãos estrangeiras alcançariam a destra, de tão bem apoiada e finamente acabada pena, do maior expoente do romantismo brasileiro, e um dos maiores da literatura mundial, José de Alencar, a contar sobre sua terra. "O Tronco do Ipê", calabreado pelo feitiço do mato, torna o amor agreste entre Alice e Mário, na Fazenda Nossa Senhora do Boqueirão, fincada num dos mais belo asseio do Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, eterno! Inesquecível leitura!
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Betânia 17/09/2021

O tronco do ipê
O livro possui um ar de mistério que prende o leitor. É uma história de tirar o fôlego, rica em detalhes e romance. José de Alencar segue sendo um dos meus autores preferidos com toda magia que deixa em seus livros.
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Nayonara 26/07/2021

Foi uma luta até que eu conseguisse terminar esse livro porque eu tava achando tudo nele muito chato
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D. João Gabriel 13/04/2021

Regionalismo romântico
A narrativa prendeu minha atenção logo na primeira parte do livro, com um ar de mistério sobrenatural e muita ação devido aos perigos do Boqueirão.

Mas já no começo da segunda parte, a leitura tornou-se arrastada e só melhorou próximo ao final.

Valeu a pena, mas não é pra todos os leitores.
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Nat 03/04/2021

Mais um romance de José de Alencar!
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