Prata Pura

Prata Pura A. Alevato




Resenhas - Prata Pura


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Drica Bitarello 28/07/2018

Uma incrível mescla de romance de época e fantasia!
"Prata Pura" era um romance que já estava no meu Kindle há algum tempo, mas por uma razão ou outra, eu acabava passando outro livro na frente. Ontem a noite eu resolvi começar a lê-lo. E foi tão bom que terminei menos de 24h depois! Fazia muuuuito tempo que uma leitura não me fisgava assim!

A sinopse e a capa do livro (que me fez imaginar, na primeira vez em que a vi, que se tratava de um romance steampunk) não dão ideia, nem de longe, do quão interessante é a história. Uma mescla de realidade e ficção que resulta num enredo que fica entre o romance de época e uma fantasia utópica.

A narrativa em terceira pessoa começa no ano de 1807 com o desterro da jovem Julienne Elie e de sua fiel criada. Julienne é uma baronesa viúva, empobrecida e abandonada pelo amante, um príncipe inglês que, ao sabê-la grávida, despacha-a para o Brasil para um casamento arranjado. Mas a moça não se conforma com seu destino e durante a viagem toma uma atitude extrema que vai mudar o curso da história. E é a partir deste ponto que a narrativa toma um rumo incrível e surpreendente.

A. Alevato constrói com maestria o império de Boaventura, com sua cultura, suas paisagens, seus costumes, sua mitologia, tudo muito bem coerente e verossímil, absolutamente integrado ao contexto temporal sem, no entanto, abrir mão do lado utópico da história.

O Império de Boaventura é um matriarcado multirraracial e multicultural. E a forma como a autora vai nos apresentando e inserindo neste contexto é muito natural. A riqueza de sua construção está presente nos mínimos detalhes do texto, como as descrições dos trajes, das situações que mesclam os modos recorrentes das cortes europeias com usos e costumes de povos indígenas e africanos.

"Um licor finamente preparado com grãos de café do Brasil foi servido ao casal principal, que se despedia ainda à mesa do café da manhã, decorada com um caríssimo jogo de chá todo feito de cabaças de diferentes tamanhos e pinturas."

Isso sem falar na inversão dos papéis sociais tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres. Em Boaventura os homens não votam, não estudam e são acompanhados por seus valetes a todos os lugares para que não corram o risco de serem desonrados.

"Bom, o Duque Consorte ocupa-se demais com sua gravata e pouco deve ser útil ao rapaz. Mesmo assim, mesmo cuidando do ducado, ainda o acho honesto e creio que será um bom marido. Está sempre acompanhado de seu lacaio, sabe portar-se nos bailes, toca flauta e é um excelente escultor."

Aliás uma das coisas mais mágicas deste livro foi que em cada linha que eu lia, ele me levava a perceber e encarar o quanto o machismo estrutural está profundamente arraigado, internalizado em todas nós, mesmo as mais conscientes e ferrenhas feministas. Como neste trecho total e deliciosamente subversivo:

"O anúncio do casamento era iminente e nunca, jamais, em nenhuma e absoluta hipótese, nem mesmo em um dos Impérios mágicos dos contos de fadas narrados nos livros de rapazes, nunca o Príncipe Francis o perdoaria."

Esses detalhes, aliados a uma trama encantadora e a uma riqueza vocabular ímpar, fazem de "Prata Pura" um livro único e muito gostoso de se ler. Aliás, a introdução do livro, por si só, já é uma prévia da escrita da autora. Definitivamente, entrou para meu rol de favoritos!

site: http://catalivrosromances2.blogspot.com/2018/07/nacionais-2018-14-prata-pura-alevato.html
Deacon 16/01/2019minha estante
Isto é resenha.


Drica Bitarello 14/06/2019minha estante
Obrigada, Deacon!. Se puder, leia o livro. É delicioso.




C_R 13/01/2019

Me surpreendeu!
Quando me propus a ler, não sabia ao certo o que esperar do livro. Li a sinopse, que não me chamou a atenção, porém a capa era convidativa. No inicio, fiquei completamente perdida, não conseguia me achar no livro, mas resolvi insistir e quando estava quase a ponto de abandonar o enredo, finalmente ele se abre e começo a entender sobre o quê era o livro. Porém, o fato de eu ficar perdida no inicio não tem a ver com a escrita, e sim comigo mesmo; os livros de suspense que o digam!
Para ser mais exata no ponto em que o livro realmente me despertou, foi quando uma determinada personagem apareceu em cena e, para mim, se era para ser uma coadjuvante, se tornou a personagem principal: Ana/Ace.
Mas sobre o que é o livro afinal de contas? Para quem é amante de livros de época e romances históricos tem mais do que enraizado o papel feminino nessas sociedades. Agora imagine se fosse o inverso? As mulheres no poder e os homens na posição se sexo frágil, com falta de inteligencia e que precisam proteger a reputação? É exatamente isso que este livro nos mostra.
Prata Pura nos apresenta uma diversidade cultural impressionante, aborda questões raciais de uma forma que nos fascina, trazendo um cenário totalmente utópico, o Império de Boaventura.
Outros pontos que chamaram a minha atenção no livro foi como a autora coloca a mulher nesta sociedade e a forma como elas governam, que não é muito diferente do jeito masculino de governar e que elas também estão sujeitas a se deixar levar e envolver por situações que beneficiam a si mesmas, sem se importar com as consequências para o coletivo, desde que o particular esteja salvo. Também é nítido a forma como as mulheres, nesta sociedade utópica de Boaventura, se dividem em classes sociais e a importância de um titulo nas relações sociais, ou seja, não importa se é homem ou mulher quem governa, os maus hábitos sempre permanecem, como a hierarquia, dinheiro e poder.
É um livro que levanta algumas situações que nos fazem refletir a respeito. Gostei muito da leitura e super indico! O inicio é um tanto confuso, ou talvez eu tenha achado confuso, mas é uma leitura que vale a pena. Uma escrita fluida e com uma linguagem própria para a época em que se passa a história.

Disponível no Kindle Unlimited: https://amzn.to/2RLcjmF

site: http://colecionandoromances.blogspot.com.br/
Deacon 16/01/2019minha estante
Adorou, mas achou confuso. Indica, porém quase largou o livro. Gata, você tem que decidir se gosta de um livro ou não. Para fazer resenha que não serve de nada, melhor nem fazer.




Aisha Andris @AishandoBooks 01/03/2019

Uma leitura leve e rápida, mas que provoca reflexões importantes no leitor
Eu me interessei por este livro desde que a autora me falou sobre a premissa dele. Fiquei intrigada em saber como funcionaria um reino com os papéis de homens e mulheres invertidos (papéis usualmente atribuídos a determinado gênero, quero dizer) e esperei até sentir um gostinho de vingança após sofrer vendo a imposição masculina sobre nós, mulheres, durante tanto tempo. No entanto, não foi isso o que aconteceu e logo no início eu já estava indignada com toda a misandria mostrada ali, sobretudo através dos pensamentos da condessa. Foi uma boa reflexão sobre como a igualdade entre os gêneros, sem ignorar as diferenças fisiológicas e emocionais entre eles, é realmente necessária; e que a inversão nos papéis de dominação seria tão ruim quanto o que temos hoje (embora em menor grau do que na época retratada no livro).
A história é muito interessante e me prendeu desde o começo, com o breve relato sobre a vida de Julienne Couvier e a forma como o reino de Boaventura foi fundado, embora tudo tenha sido um pouco trágico e rápido demais a meu ver, mas entendo que era necessário que as coisas acontecessem daquela forma para dar o pontapé inicial nos acontecimentos de 33 anos depois, que são o foco do livro.
O fio que conduz boa parte da narrativa é o mistério sobre o que realmente aconteceu com Eli Casteloforte na noite em que ela passou fora de casa e voltou com um lapso de memória, quando o príncipe alega que a jovem passou a noite com ele e o desonrou, forçando-a assim a um noivado indesejado. A história é um tanto nebulosa, por isso a condessa contrata
Ace (Ana Carolina Esposito), uma eficiente repórter-investigativa, para descobrir o que realmente aconteceu. E, embora o culpado esteja bem na cara, nem tudo é tão simples quanto parece e algo muito maior se esconde nas sombras, então aguardem grandes reviravoltas.
Para complicar um pouco as coisas, Ace ainda acaba se envolvendo com Felipe, o sedutor e proibido filho da condessa, que se interessa pela bela ruiva assim que bota os olhos nela. O “relacionamento” entre eles, embora não seja o foco da trama, conferiu certa sensualidade a ela, o que me agradou bastante e tornou a leitura ainda mais gostosa. Aqui cabe um destaque ao fato de que o padrão em Belaventura é a beleza negra, já que a maior parte do povo é formada por descendentes de escravos libertos por Julienne. Eu achei maravilhoso esse detalhe.
Ah sim, não posso deixar de falar que é muito importante a leitura da apresentação do livro, que é tão incrível quanto a história em si e aumenta em muito a expectativa quanto ao que acontece nas páginas seguintes.
Acho que Prata Pura tem todos os ingredientes para encantar e envolver o leitor, o que é tudo o que eu busco num livro, por isso deixo minha recomendação aqui. É um romance curto que pode ser lido em poucas horas, um plus para quem tem pouco tempo e mesmo assim não abre mão do prazer de ler.

site: https://aishando.home.blog/
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