Anna Mendes 27/04/2021
É uma boa leitura para passar o tempo, mas sem grandes expectativas.
“Allegro em Hip-Hop” é o segundo volume da série “Cidade da Música”. Eu não li o primeiro volume, mas isso não foi um obstáculo para fazer a leitura do segundo livro, porque cada história foca em personagens diferentes, apesar de alguns deles aparecerem nos outros livros.
A protagonista de “Allegro em Hip- Hop” é Camila, neta de japoneses e filha de pais muito rigorosos que têm grandes planos para ela e para sua irmã. Desde pequena, aprendeu que precisava se esforçar mais, que precisava ser melhor, que não existia tempo a perder na adolescência e que sua inteligência e seu talento deveriam levá-la longe.
Por conta disso, Camila acabou trocando as festas das amigas por treinos de balé, e a vontade de viajar o mundo afora pela consagrada Academia Margareth Vilela. Sua vida inteira estava programada e organizada, até que uma crise de ansiedade a fez perceber que tudo ainda podia mudar e, depois de conhecer Vitor, um garoto desengonçado e cheio de sardas que tocava violino, a vida mostrou à Camila que uma dose de hip-hop poderia fazer os dias dela mais felizes.
Resolvi fazer a leitura desse livro tanto pela premissa, que promete uma história fofa e leve, quanto pela capa muito linda que o livro possui. Também foi o meu primeiro contato com uma obra escrita pela Babi Dewet. Iniciei a leitura animada, mas, infelizmente, ao final dela eu estava decepcionada.
Do começo até quase a metade do livro eu achei a história bem envolvente. Fiz balé por 8 anos, então foi fácil me identificar com as situações pelas quais a protagonista passa. Camila possui problemas de ansiedade e gostei muito da autora ter abordado esse tema, pois trata-se de um problema enfrentado por cada vez mais jovens atualmente. Também gostei da protagonista ter ascendência japonesa e da autora ter trabalhado algumas questões culturais e alguns preconceitos que Camila acaba enfrentando por causa disso.
Além disso, cada capítulo faz referência à alguma música. Adorei isso, porque dá para ir ouvindo as músicas recomendadas enquanto faz a leitura, o que proporciona uma sensação maior de conexão com a história.
E quanto à narrativa, ela é feita em terceira pessoa, focando nos pontos de vista do casal protagonista, Camila e Vitor.
Falando no casal, foi justamente quando a parte do romance começou a ficar mais forte na história que acabei achando a leitura mais cansativa. Os protagonistas aqui são jovens, mas já saíram da adolescência. Contudo, o romance como um todo é muito bobinho, o que achei pouco condizente com o contexto dos personagens na história.
Mas uma coisa que realmente me incomodou durante a leitura foi uma expressão que a autora escolheu utilizar para descrever algumas atitudes dos personagens. Praticamente qualquer coisa que acontecia os personagens tinham que mostrar a língua (risos). Sério! Aconteceu alguma coisa, “fulano mostrou a língua”; aconteceu outra coisa “ciclano mostrou a língua”. Na vida real, quem é que fica mostrando a língua o tempo todo desse jeito?! Achei uma escolha infeliz por parte da autora ter usado tanto essa expressão.
Quanto ao final, eu fiquei feliz e satisfeita com o que aconteceu, até porque já era esperado, uma vez que a trama como um todo é clichê e não traz acontecimentos surpreendentes. Porém, eu achei que a história acabou de forma muito repentina. Eu teria gostado se a autora tivesse escrito pelo menos mais um capítulo para fechar a história com calma.
Enfim, “Allegro em Hip-Hop”, apesar de trazer alguns temas sérios, como a ansiedade e também um pouco sobre distúrbios alimentares, é um livro bem leve e fácil de ler. Achei a história envolvente, apesar de ter me sentido menos conectada com ela do meio para o final. Tiveram alguns pontos que me incomodaram e acabei me decepcionando com a história, porque acho que estava esperando um pouco mais. É uma boa leitura para passar o tempo, mas sem grandes expectativas.