Samara @o_gato_leitor 16/05/2020Nessa histo?ria, que se passa em Angola, cheia de meta?foras e poesia, somos apresentados a Fe?lix Ventura, um negro albino, que se autointitula vendedor de passados. Profissa?o um tanto quanto curiosa, que faz coro ao realismo ma?gico em que se insere a narrativa. Somos assim guiados por Eula?lio, a lagartixa (osga) que vive nas paredes da casa de Fe?lix, numa incursa?o que e? representativa na?o so? dos personagens que nos sa?o apresentados: mas que nos incita a? transposic?a?o de suas meta?foras para a histo?ria do povo angolano - uma histo?ria marcada por viole?ncia, dominac?a?o e apagamento de suas memo?rias.
.
A narrativa e? fluida, sensi?vel e instigante. Com uma dose de melancolia que e? coroada pela certeza de um texto que na?o se entrega completamente ao leitor. O livro e? repleto de camadas. E e? digno de releituras.
.
Entre as histo?rias construi?das por Fe?lix, conhecemos a de Jose? Buchmann, confeccionada especialmente a um tipo estrangeiro e branco, um foto?grafo de guerra que se apresenta como uma ?testemunha?. E? interessante observar a mudanc?a que se configura em Jose? Buchmann, que deixa de ser um nome falso e passa a ser uma identidade construi?da conjuntamente pelo estrangeiro e pelo vendedor de passados. Certamente mais um processo que pode ser lido para ale?m da perspectiva individual dessa personagem.
.
Somos cativados pelo miste?rio e pelo drama policial que conduz a um final simplesmente fanta?stico. O livro ainda ressoa por muito tempo (daqueles que na?o acabam quando terminam) e muitas perguntas ainda me rondam: pq Fe?lix e? um negro albino? Eula?lio e Fe?lix sa?o um duplo? E principalmente (valeu Rai por mais essa angu?stia kkk) o que significa o final atribui?do a Eula?lio?
.
Uma obra simplesmente sensacional. Leitura mais que recomendada!