Teatro completo #1

Teatro completo #1 Hilda Hilst




Resenhas -


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bimbicobimboca 17/04/2024

Modesto volume da L&PM contendo "As Aves da Noite", profunda dramaturgia que se desenvolve em torno da morte do padre franciscano Maximilian Kober; e o não tão interessante "O Visitante", peça demasiadamente alegórica e subjetivamente pobre, salvo grandes, porém poucos, acertos.

O primeiro texto esmiúça "o fosso, o extremo, a convicção do homem". Num cenário claustrofóbico e escuro, Hilda Hilst tece imagens elevadas e sombrias. O contexto de horror denuncia a fome de poder cíclica e os processos de desumanização que continuam e continuam. Ler essa peça, frente à cruel atuação do ilegítimo estado de Israel sobre o povo palestino, deixou-me profundamente angustiado e consciente. É preciso estar atento, sempre.

Já o segundo texto, pretensioso e demasiadamente simples narrativamente, não me agradou. "O Visitante" é amador e pouco dedutivo. Para mim, ruim, apesar disso, muito acima da média.
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Josie 22/05/2023

Duas peças interessantes, sobretudo considerada a proposta de uma montagem teatral, em que certamente o trabalho cenográfico de postura de palco, figurino, iluminação, projeção de voz, dentre outros elementos, complementaria ambas as narrativas para a melhor experiência das histórias.

Como obras textuais, senti que As Aves da Noite poderia ter sido ainda mais longa, mais desenvolvida, mais empática com o que só podemos imaginar que seria o sofrimento das pessoas submetidas àquela situação. Ainda assim, é a história mais densa e tensa das duas. Em O Visitante, por sua vez, a sugestão contida nas entrelinhas, sobretudo ao final do texto, deixou a narrativa mais rica, sem necessariamente deixar explícita qualquer uma das versões que o leitor possa assumir como o que de fato aconteceu.
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Milla 21/05/2023

Meu primeiro contato com Hilda Hist......
Quando eu descobri quem ela era e conheci a história dela eu senti uma vontade imensa de ler algum coisa dela.

Eu particularmente sou apaixonada por teatro. Faço desde os meus 7 anos, então quando este livro chegou em minhas mãos eu fiquei louca pra ler!!

Gostei muito do primeiro texto teatral, é um assunto muito delicado e comovente. Ao longo da leitura me peguei querendo encenar este texto. Achei os personagens super profundos..... Eu amei tudo!

O segundo eu não amei e nem odiei.....

Li rapidinho e achei que valeu a pena a leitura.
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Luiz Souza 24/04/2023

Teatro Brasileiro
O livro conta com duas peças de teatro da grande autora Hilda Hist.

Em Aves da Noite , Padre Maximilian fica no lugar de outro prisioneiro na cela com outros presos condenados a morrer.
Os diálogos são metáforas da condição humana e mostra também o lado político da época citada.

Já em O Visitante temos uma disputa entre mãe e filha em busca da atenção do homem mostrando um retrato da época antiga que era bem patriarcal.
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manu 14/04/2023

Primeira experiência com Hilda Hilst
Uau. É o que posso esbanjar após ler estas duas peças maravilhosas.

A primeira, As Aves da Noite, me fez chorar. O contexto de desumanização, de fome, de desespero, de total loucura, nos traz ao medo e à fé em sua forma crua.

?MULHER (como uma confissão): Padre, eu quero dizer que? quando eu limpo aqueles corpos, eu sinto no fundo? (com espanto de si mesma) eu sinto tanta alegria de não estar ali daquele jeito, o senhor entende? [?] eu respirava várias vezes, sempre repetindo: eu estou viva, eu estou viva? e tudo em volta de mim era vida? apesar dos mortos. [?]?

A segunda, O Visitante, não me comoveu tanto. Talvez pelo impacto da primeira peça. Drama mãe e filha bem construído atravessa uma competição, uma desconfiança familiar.
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Charleees 27/03/2023

TEATRO COMPLETO VOLUME 1 - HILDA HILST
◽AS AVES DA NOITE e O VISITANTE

O teatro de Hilda começou a ser composto, longe da vida agitada de São Paulo, onde viveu até os 35 anos.
Em Campinas, reclusa na Casa do Sol, Hilda passou a dedicar sua vida à escrita e é deste período inicial de reclusão os seus textos dramatúrgicos.
Neste primeiro volume editado pela L&PM Pocket, estão duas peças escritas por Hilda em 1968 (ano em que a golpe militar instaurado no Brasil por meio do Ato Institucional n°5 estabeleceria prerrogativas para que os militares pudessem perseguir os opositores do regime).
Para escapar da censura, Hilda se valeu de alegorias em seus textos assim como faziam outros escritores para não ver seus textos, composições e demais artes serem duramente censuradas e recriminadas pela ditadura.

Em O Visitante, Hilda tem um texto mais poético, e a trama gira em torno dos conflitos entre mãe e filha. Hilda usaria esse mesmo plot para escrever o conto Matamoros, doze anos mais tarde. Em 2018, Eduardo Nunes escreveu e dirigiu o longa Unicórnio, adaptando os contos Matamoros presente no livro Tu não te moves de ti e O Unicórnio do livro Fluxo-Floema. O filme contou com Patricia Pillar na pele da mãe e Barbara Luz vivendo a filha.

Mas nessa resenha gostaria de dedicar minha atenção ao texto de AS AVES DA NOITE. O pano de fundo deste texto é a Alemanha Nazista de Hitler e seus campos de concentração e extermínio.
Hilda se vale de uma história real aqui, a de Maximilian Kolbe, um padre missionário franciscano da Polônia. Ele morreu como mártir no campo de extermínio de Auschwitz, como voluntário para morrer de fome no lugar de Franciszek Gajowniczek como castigo pela fuga de um outro prisioneiro.
Hilda alegoriza os Estados modernos autoritários, localizados no Nazismo e na ditadura militar pela qual passávamos no país. Junto ao padre estão na cela para morrerem de fome um poeta de 17 anos, um estudante de 20 anos, um carcereiro de 40 anos e um joalheiro de 50 anos.

Hilda descreve o horror vivenciando por esses homens escolhidos em um sorteio para serem mortos de uma maneira tão cruel e absurda. Mas é Maximilian que rouba a cena, depois de se voluntariar para ir a cela no lugar de um homem que foi aos prantos quando soube que seria o escolhido "Eu tenho filhos! Tenho mulher! Eu não!" soluçou e chorou o homem.

O texto me levou às lágrimas e acho impossível chegar ao fim sem que uma angústia tome conta de nós, por mais que seja um texto ficcional, sabemos que é baseado em algo real e de um tempo não muito distante de nós.

Esse foi meu primeiro contato com o teatro de Hilda e já estou lendo o volume 2 também da L&PM Pocket que conta com O Verdugo e A morte do Patriarca.

E finalizo esse texto com um apelo: leiam Hilda! E lutemos sempre em prol da democracia e o respeito acima de tudo!

Teatro Completo volume 1
Livro 07 de 2022
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livrosmortificados 18/01/2023

as aves da noite

que peça pesada, mas necessária para vermos a barbaridade, o autoritarismo, e a tortura na ditadura nazi, uma parte da nossa historia que nao podemos esquecer, tem que ser falado e lembrado para que nao de repita.
em um porão deixados para morrer, um ambiente de desespero e delírios, os personagens em una constante busca para tentar entender o porque daquilo, questionamentos sobre deus e fé.

"Nosso Deus dorme há tanto tempo {...} Dorme! Dorme! Dorme um sono tao fundo que as pálpebras enrijeceram. E nuncs mais se abriram"

"No começo eles se lembrarão. Depois... sabe, há uma coisa no homem que faz com que ele se esqueça de tudo... O homem é Voraz... voraz."

o visitante

interessante porem nao entendi muita coisakkkkk

"Desde esse dia pensei
Que a beleza pode ser clara
E sombria. Desde esse dia
Nem sei, temo tudo
O que é belo. Temo..."
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Lara Tine 03/01/2023

Teatro completo Vol.1
Foi uma leitura que me agradou. Não senti dificuldade e fluiu muito bem. É a primeira vez que leio peça dessa figura tão importante da nossa literatura brasileira, chegando a levar até um nobel e foi uma surpresa agradável. Me deu vontade de ler o Vol 2.

"As Aves da Noite" me prendeu do início ao fim. Que leitura captivante. Hilda conseguiu criar uma atmosfera densa, pesada, fria, com um sofrimento que conseguimos sentir não só nos personagens, mas do próprio local onde se desenrola a trama que essa época carregava nos campos de concentração. O que ela conseguiu criar nessa escrita é surprendente e terminamos levando conosco o pensamento dessa leitura.

"O Visitante" me deixou um pouco mais confusa na sua conclusão. Achei o texto intrigante e os personagens mistériosos e diferentes um dos outros. Fiquei curiosa pra ir atrás de uma analise desse texto e ler novamente com esse olhar mais esclarecido.

Boa leitura!
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Maumau 29/12/2022

Um chute no estômago
Um dia, eu fui numa livraria. Procurava por Hilda Hilst, esse nome que ecoa da alma e que eu, por acaso, nunca havia lido, mas pelo qual me atraí pela experiência de uma amiga (Ana) com o livro Pornô Chic. Não encontrei.

Semanas depois, estava na feira do livro, procurando dramaturgia e teatro, e vi dois livrinhos pequenos da L&PM. O nome "Hilda Hilst" se destacando na cor vermelho-sangue, como se um animal tivesse posto suas garras em uma presa e escrevesse o nome da autora, me chamou a atenção. E quando vi que o título dos livrinhos eram "Teatro Completo", peguei e levei imediatamente. Unia a minha vontade de ler teatro com a minha vontade de ler Hilda, perfeito! O que poderia dar de errado?

As Aves da Noite é uma das obras mais decadentes que eu já li na minha vida. Não é de se esperar algo diferente, já que literalmente se passa em um campo de concentração nazista. Mas não foi só por isso. Existe uma poesia, um corpo gasoso e difícil de distinguir, mas que se manifesta por todas aquelas falas, de todos os personagens. A intensidade da dor, os conflitos existenciais, internos e externos, de cada personagem, o sofrimento, a morte e a vida, a dor, oh, a dor!
A dor nessa peça é algo muito pungente, o tempo todo. A dor da fome, a dor da sede, a dor da vida, a dor da morte, mas também a dor da felicidade e da infelicidade, do otimismo e do pessimismo. A potência dessa peça, inspirada em uma história real, e que se apresenta como uma pontada forte no coração, me arrasou do início ao fim, me fez dormir pensando nela, com os pesadelos mais atrozes. Espetacular. Nota: 8,9.

O Visitante me decepcionou. Não chega aos pés de Aves da Noite, apesar de possuir algumas analogias e metáforas realmente interessantes. Nota: 5,2.

Nota final: 7,1.
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Stella F.. 19/12/2019

Conhecendo a autora
Grata surpresa! Não conhecia nada dessa autora. Adorei, apesar de ser muito forte, o teatro Pássaros da Noite, e imaginei a peça em um grande teatro. Ficaria ótimo e emocionante! Os horrores da guerra são sempre um assombro de como podemos ter um lado ruim.
O segundo texto O Visitante, é interessante mas não tão impactante
Pássaros da Noite é baseada na vida real do padre Maximilian Kolbe que passou pelos porões da fome em 1968 e que foi canonizado em 1982, em um processo que estava correndo desde 1948. Hilda queria mostrar que nas situações extremas é que pode surgir a poesia.
Penso que ela quer dizer que nessas situações as pessoas mostram a que vieram, se mostram sem reservas, sua generosidade ou egoísmo, no caso do padre ele pegou o lugar de uma pessoa que estava com medo de ficar preso nessa cela sem água, sem comida, sem nada. E por isso foi julgado pelos companheiros de cela. A troco de quê ele fez isso? Por ser religioso? Todos querem mostrar. o quanto foram importantes em vida, o estudante de biologia, a prostituta, o joalheiro e até o carcereiro. Todos se julgam importantes e superiores e nessa cela encontramos solidariedade, discussões sobre religião, Deus,, amor, horrores. Muito forte e necessário.

"Carcereiro: Maximilian, você quer me dizer que esses filhos da puta têm alma? O que é alma então?O que é? Eu não posso ter nada que eles têm."

"Poeta: Mas por que ele foi fazer isso? Ele sabia que se alguém fugisse os outros pagariam..Ele era meu amigo...Por quê? Por quê?
Maximilian: Mas ele não sabia que você seria um dos sorteados.
Joalheiro: Foi o acaso."

Na segunda peça discute-se a beleza, as meias-verdades, a inveja. São personagens um homem e sua esposa Maria, Anna (mãe de Maria) e um corcunda; Achei bastante hermético, não tendo um entendimento muito claro. A mãe e o genro são muito bonitos por natureza e a filha Anna muito desacreditada da vida, sente ciúmes da beleza e vitalidade da mãe. O corcunda aparece para fazer questionamentos e no final diz que seu nome é Meia-Verdade. Anna vai contar de uma vez que aconteceu algo quando estava na natureza e que não sabe muito bem o que ocorreu. se viu o "maligno". E ela tem a certeza de que algo se move nela, crescendo.

" Homem: Mas a beleza em nós dois é dispensável. É tão melhor ser homem simplesmente. E ser amável assim como tu és."
"Ana: É verdade, senhor. A cor... Das coisas, tantas vezes nos engana. E a beleza é como a cor: conforme a luz, De ouro. Ou escura como alcaçuz."
"Homem: E eu que não sabia! Meia-Verdade!
Tem graça! Se a verdade ninguém sabe
Quando se mostra. Inteira ou meia
Pode ser bela e feia
E não ser verdade."

Foi uma experiência interessante!

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