William 05/02/2021
Uma história muito bem contada do último motim urbano do Rio de Janeiro.
Imagine você, trabalhando num subemprego, tentando sustentar sua família e de repente vem um pessoal da prefeitura, falando que vão demolir a sua casa, e é para você e sua família irem embora. Estarrecedor essa situação e de fato isso ocorreu com muitas famílias no Rio de Janeiro no início do século 20 no governo de Rodrigues Alves.
A revolta da vacina é um livro que comenta sobre o último motim urbano clássico do Rio de Janeiro, acompanhado de fotos daquela época. O autor aborda os acontecimentos anteriores, durante e após o motim, com bastante reflexões. As pessoas pobres viviam em condições miseráveis, tratadas como lixo e só eram lembradas, quando a elite precisava de trabalhadores para os seus negócios. Logo o livro não aborda questões biológicas sobre a vacina.
Nas festividades da primavera no novo centro urbanizado do Rio, o povão expulso do jardim que tinham trabalhado, espiavam a distância, através de grades e apresentavam uma fisionomia idiota (p.86). O autor mostra ao longo do texto, o pesadelo da população carente tornou se realidade diante dos ditames demoníacos de Lauro Muller e do prefeito Pereira Passos ou a ditadura sanitária de Oswaldo Cruz.
E em resposta, a população reagi, transformando a realidade em pesadelo para a elite da sociedade. A revolta, como menciona o autor (p.87), não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem e mulher suportam serem espezinhados, desprezados e assustados).
É importante ressaltar, que a revolta da população carente não foi contra a vacina, porém contra a história, as condições de vida, o conservadorismo da classe política retrógrada que não aceitava mudanças e muito menos sonhos.
É um livro nos leva a refletir sobre o atual contexto social, político e econômico que vivemos. Muitas coisas que aconteceram naquela época continuam infelizmente acontecendo hoje em dia. É triste um governo federal falar que não tem dinheiro para ajudar as pessoas carentes através do auxílio emergencial por exemplo, contudo gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos em 2020: chicletes, pizza, refrigerantes, frutos do mar (15 milhões só com leite condessado). É uma leitura recomendado a todos e que devemos estarmos alerta e agir contra todos os políticos e a classe alta retrógados que têm como principal objetivo viver uma vida de regalias ao custo de sugar da população pobre os seus recursos e destruir os seus sonhos.