Thaisa 06/12/2018
Eletrizante!
Não consigo recordar qual foi o último livro que me tirou o sono e que li tão rápido quanto esse livro do Felipe. Linha 4 Amarela tem um ritmo tão envolvente e um mistério tão gostoso que não consegui desgrudar os olhos até acabar, o que me levou a ir dormir às 3:30h da madrugada…
A trama se passa em São Paulo. Um grupo de terroristas que se autodenominam Sete, explodem 7 bombas nas entradas e saídas do metrô das estações Consolação e Paulista, deixando mais de 7 mil pessoas presas e soterradas a mais de 55 metros de profundidade. Desespero, mortos e feridos. Homens, mulheres e crianças fazem parte desse cenário de horror, à mercê da boa vontade de políticos que não estão lá muito satisfeitos com as exigências do grupo comandando por “Mãe”. Depois dessa primeira explosão, um vídeo foi publicado, com as 7 exigências que precisam ser cumpridas no decorrer de 7 horas. Caso o prefeito, governador e presidente não aceitem, uma nova explosão acontecerá a cada hora, matando milhares de pessoas inocentes.
Já na primeira exigência do grupo, o governo se recusa a aceitar, informando que não negociará com terroristas. A vida daquelas 7 mil pessoas depende de uma decisão dos representantes do povo, que pelo visto estão mais preocupados com seus próprios umbigos. O tempo está passando e as “surpresas” só aumentam… Será que essas vidas serão salvas? Quem é a tal Mãe?
A trama é atual e aborda bem o nosso cenário político. Corrupção, troca de favores, sujeira debaixo do tapete, políticos que só pensam nos seus próprios interesses e uma teoria da conspiração maravilhosa. O fato da história se passar no Brasil, aproxima muito o leitor da narrativa e é impossível não sentir-se inserido nela. Preciso ressaltar que o autor foi extremamente feliz com a fantástica ideia de colocar nomes com uma sonoridade bem semelhante aos nomes reais de figuras conhecidas, sem realmente “dar nome aos bois”. Achei isso maravilhoso e dei muita risada!
O enredo é extremamente envolvente. A mudança temporal e de visão dos personagens deixa a narrativa com um ritmo bem acelerado, impulsionando o leitor a continuar a leitura pra saber o que vem a seguir, desvendar os mistérios e descobrir se uma nova explosão ocorrerá. São muitos personagens que aparecem e reaparecem na história e é preciso que o leitor fique bem atento à isso pra não se perder no meio do caminho. Tudo acontece rápido e num piscar de olhos as coisas podem mudar. Como já falei antes, o ritmo é frenético, dando um realismo à angústia provocada pela espera por respostas e o “tempo passando”, imposto pelos terroristas. O clima de tensão está presente do começo ao fim.
Pouquíssimas coisas me incomodaram na trama. Uma delas foi o desenvolver psicológico da personagem Layla, que senti falta de uma carga dramática emocional maior diante de todas as coisas que aconteceram na vida dela, mas nada que tire o brilho da história. O que realmente me fez não dar cinco estrelas para o livro (e o que me deixou com vontade de matar o autor) foi o final dele… Eu sei que a obra tem continuação (é o primeiro de uma trilogia) e o ponto onde Felipe decidiu parar, foi justamente onde fiquei mais curiosa! Isso não se faz com um leitor e agora eu preciso do segundo livro pra saber o que diabos irá acontecer!
Linha 4 Amarela é daquelas leituras que te deixam com um frio na barriga e apreensão do começo ao fim. Uma leitura fluida, envolvente e que nos faz pensar em diversas coisas como o valor da vida, nossas escolhas e a consequência dos nossos atos (ou a falta dele). Leitura mais do que recomendada para quem curte um bom thriller policial e muito rock and roll (todo mundo curte um rock no livro)!
Resenha publicada no blog Minha Contracapa:
site: http://minhacontracapa.com.br/2018/12/resenha-linha-4-amarela-de-felipe-s-mendes/