Um buraco com meu nome

Um buraco com meu nome Jarid Arraes




Resenhas - Um buraco com meu nome


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MaurAcio.Braga 30/07/2018

Um dos livros mais fortes que já li.
Não sou muito bom com resenhas, mas senti a necessidade de me expressar, pois sou leitor de livros de poesia e me senti bastante impressionado por este. Muitos poemas são violentamente políticos, de forma tão sincera que vejo que não caberiam em um texto crítico do tipo mais convencional, como um ensaio. Por isso aprecio tanto a poesia. Além disso, como leitor do livro anterior da a outra, o Heroínas Negras Brasileiras, percebi suas influências do cordel em vários poemas, o que foi bastante enriquecedor e melodioso. Alguns poemas são pequenos, breves, mas me fizeram refletir. Senti que falavam comigo e que provocaram. Algumas referências não pude compreender de imediato, sobretudo a referência que ela faz a uma autora chamada Beatriz Nascimento, então me permiti ler este poema primeiro digerindo seu significado racial. Após isso, pesquisei um pouco sobre todos os elementos que me faltavam e então fechei essa etapa de forma satisfatória.

É um livro muito forte, com ilustrações igualmente fortes. Belíssimo projeto gráfico. Revisitarei.
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João Pedro 29/09/2021

Pra sentar e sentir
Conheci Jarid Arraes com seu "Redemoinho em dia quente", livro de contos que alcançou facilmente posição entre minhas leituras favoritas de 2020. Sabia da existência de seu livro de poemas, mas apenas com sua reedição pela Alfaguara - um primor, aliás -, aliada a minha pretensão em ler mais poesia, é que fui pôr as mãos em "Um buraco com meu nome".

Apreciei cada poema com parcimônia, relendo em voz alta, traçando as linhas com o dedo, sentindo. Acho que é assim que se lê poesia, não é? Uma leitura-sentimento. Experiência formidável.

"fábula

desistir é coragem difícil
somos programados
para tentar

deslizando aos barrancos
a pele das pernas
esfolada
os pulsos marcados
pelos rosários

é preferível morrer
sorrateiramente
em gorduras
açúcares
refluxos
pedras nos órgãos
no peito

mas desistir
essa é uma coragem
que todos
não temos" (p. 10)
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Mariana - @escreve.mariana 26/08/2020

(Re)descobrir aquilo que fere [IG: @epifaniasliterarias_]
A poesia de Jarid Arraes, em "Um buraco com meu nome", é uma que sinto que não seja suficiente recomendar apenas uma vez, como já o fiz. É daqueles livros que dá vontade de emprestar para todo mundo, amantes do gênero ou não, e convidá-los a conhecer a escrita incrível dessa mulher, assim como (re)descobrir a si mesma nas linhas de seus poemas – o que, devo admitir, muitas vezes não é um processo indolor.⁣

"[...] só escrevo o que fere⁣
o que vem da ferida⁣
as cascas presas ou soltas⁣
as moscas⁣
pousando em cima⁣

escrevo feito sutura⁣
que supura⁣
latejando os músculos⁣
as mucosas⁣
finas⁣

só escrevo o que rasga minha carne⁣
o que expõe as costelas⁣
os fatos⁣
as rimas"

É uma leitura dolorosa, pois já começa com choques de realidade e socos no estômago, nos fazendo questionar muitas de nossas posturas, em relação ao outro e a nós mesmas. Ainda, nos permite despertar de muitas situações abusivas e tóxicas as quais já enfrentamos e, assim, retomarmos nossa força e descobrirmos "que um homem não te define / sua casa não te define / sua carne não te define / você é seu próprio lar", como tão bem coloca a música "Triste, louca ou má", da banda Francisco, el Hombre (que é maravilhosa, ouçam!)

Reconheço que diversos leitores assíduos podem não estar habituados à leitura de poesia e, se esse for seu caso, recomendo demais que dê uma chance a essa obra, que opta por uma linguagem simples e traz vivências extremamente próximas a muitas de nós, sendo difícil não gerar identificação no leitor.⁣
Lorena 27/08/2020minha estante
Fiquei instigada a ler!


Mariana - @escreve.mariana 27/08/2020minha estante
Acho que você vai gostar, Lô! Recomendo muito :)




tangerina4 16/12/2023

Uma escrita belíssima, mas não consegui me conectar com uma parte dos poemas :(
Gosto muito de livros de poesia, mas por algum motivo esse em específico não me cativou muito, acho que não tava numa vibe pra isso
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bxrxu 29/08/2018

Não tenho costume de ler poesia, mas estava muito curiosa pra ler algo da Jarid, pois sempre ouvia falar muito bem dela pelo livro Heroínas Negras Brasileiras, então quando soube desse lançamento, resolvi conferir.
Minha dificuldade com poesia geralmente está ligada ao fato de que elas não me tocam, então quando pego pra ler, gosto de buscar aqueles que tem um viés mais político e social.
Esse foi o principal ponto que me fez gostar de Um Buraco Com Meu Nome, aqui vamos ter discussão sobre racismo, miscigenação, identidade racial, machismo e saúde mental, escrito de forma lírica, mas acessível e de fácil compreensão.
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Iara.Borges 26/06/2022

Os poemas são super inteligentes e tocantes. Um livro muito bom, um dos melhores livros de poemas que já li.
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Alessandra Reis 10/09/2018

Um abrigo dentro da escuridão
Jarid em seus versos nos dá voz e abrigo. Nos assegura um espaço onde nossos medos, dores, gritos, silencios...podem existir sem nos machucar. Em seus poemas vi sua história... tão nossas também. É vida pulsando em versos e palavras... Vejo força, busca, grito, choro, riso... vejo várias mulheres e também me vejo naqueles versos. Senti cada um profundamente. São versos para serem degustados sempre. Para ler e reler e se acolher nessas palavras quando precisarmos. Poemas que nos chamam, que convidam a nos ouvirmos e a falarmos. Lindo!! Poesia feminista pra chamar de nossa!
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Delirium Nerd 03/04/2019

As mulheres brasileiras que carregam a caligrafia da resistência
Sabemos o quanto a literatura possui a força de nos moldar e reconstruir o nosso olhar. Pensando nisso, queremos indicar um livro de poesia de uma autora nacional que mais pessoas deveriam conhecer. Um Buraco Com Meu Nome, da autora nordestina e cordelista Jarid Arraes, inaugurou o Selo Ferina – criado por Jarid em parceria com Lizandra Magon de Almeida. O selo possui uma curadoria voltada para a representatividade na literatura nacional, com intuito de viabilizar publicações de livros feitos por pessoas que não encontram o espaço e atenção merecidos no mercado editorial tradicional.

No livro “Um Buraco com Meu Nome” Jarid expõe, através das garras bem afiadas de suas palavras, em conjunto com as ilustrações que ela fez em carvão, as dores e os prazeres que uma mulher carrega dentro de si. As poesias de Jarid são costuradas pelo estado de selvageria da mulher que busca sua libertação, – de todas as amarras da sociedade – ao mesmo tempo em que a autora expõe o machismo e a intolerância presenciada nas regiões do nordeste do Brasil, onde viveu sua infância.

Filha e neta de cordelistas, Jarid Arraes relembra das memórias vividas e sentidas na região do Cariri, em Juazeiro do Norte (CE), e escreve poesias cortantes sobre mulheres que revelam a dualidade da força e da vulnerabilidade, trazendo ao mesmo tempo uma importante reflexão sobre o perigo de romantizarmos a força das mulheres – pensando em nossas mães, avós e mulheres fortes que nos inspiram – e ignorarmos suas agruras.

Jarid Arraes fala também sobre a coragem da desistência em um mundo onde somos programadas para a tentativa constante e o sucesso a qualquer custo – mesmo que isso comprometa a saúde mental da mulher. Fala sobre a “loucura feminina” e como ela é catalogada e usurpada pelos homens, seja dentro dos lares ou no poder institucional.

Fala sobre as mães e avós que dormiram, ou ainda dormem nos dias atuais, o sono da injustiça, devido aos corpos de seus filhos e netos que sofreram as injustiças praticadas pela violência discriminatória policial e cujos corpos foram enterrados em valas comuns, em uma homenagem forte e marcante para as mães de maio.

Jarid fala, sobretudo, do poder da união feminina e da resistência da caligrafia dessas mulheres que carregam dores profundas, pesos imensuráveis, como vimos na poesia dedicada à Amelinha Teles – uma sobrevivente da violência misógina praticada na época da ditadura militar no Brasil.

“Um Buraco com Meu Nome” é um livro sobre a força das mulheres, que expõe as dores e sequelas que essas mulheres carregam em suas jornadas, seja através do nordeste brasileiro ou em qualquer outro canto do país. A obra de Jarid é universal, uma vez que o corpo feminino manifestado através das palavras da autora é marcado por tanto por situações prazerosas como abusivas ao redor do mundo.

Que através de leituras como essa possamos refletir sobre os mais de 100 feminicídios ocorridos no Brasil em 2019. Que tenhamos força para continuar lutando contra toda a violência que as mulheres brasileiras são submetidas todos os anos, principalmente aquelas que são apagadas da história e dos noticiários devido aos fatores de raça e classe econômica. As mulheres negras, indígenas, nordestinas, as trabalhadoras que estão entre os maiores índices de violência e abuso em nosso país. Aquelas que não entram nas estatísticas da violência de gênero, mas que são expostas pelas poesias de Jarid Arraes.

Se pudéssemos resumir “Um Buraco com Meu Nome” com uma palavra, ela seria resistência. Permanecer viva é um privilégio e não um direito em nosso país. Devemos utilizar da nossa vida e resistência para continuarmos na luta por um país que reconheça a mulher como um sujeito e não como um corpo descartável, que reconheça sobretudo aquelas que estão mais vulneráveis à violência masculina. Que tenhamos força para reconstruirmos um país onde nenhuma de nós faça parte da estatística do feminicídio e dos abusos praticados pelo namorado, marido, familiar ou desconhecido. Como disse Audre Lorde: “Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas“.



site: https://deliriumnerd.com/2019/03/11/um-buraco-com-meu-nome-jarid-arraes-livro-resenha/
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yasmin.malaquias 05/01/2024

As mulheres são autoras de suas histórias
Jarod Arraes me foi apresentada pelo Instagram. A potência poética e narrativa dela é algo que precisamos observar mais atentos e que podemos inferir em ?Um buraco com meu nome?. O mais interessante é que ela mistura figuras do grotesco, do selvagem e traz uma produção completamente atual. Meu poema preferido foi ?Dora?? fala de muito. Amei, mesmo.
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DéboraMP 08/09/2023

Um buraco com meu nome
Como a própria contra capa do livro fala, esta antologia reflete sobre ser, existir, sobre abuso, sobre olhar para si, sobre lutar, sobre ser mulher e sobre ser negra.

Mas vi tantas coisas a mais. São poemas tão lindos. Quando eu pensava que já tinha lido o mais belo e tocante, vinha o poema seguinte e me arrebatava.

Amei tudo o que li e destaquei 11 poemas como preferidos ou que mais mexeram comigo.

Esse livro é curto e tem umas ilustrações incríveis. Não é algo para ser lido rápido, confesso. Os poemas são densos, despertaram sentimentos controversos - algumas memórias que eu não queria lembrar.

Mas, ao mesmo tempo que eu queria ler com toda a calma do mundo, não consegui me conter. Devorei cada poema com uma fome imensa, com toda a minha sensibilidade aflorada e faminta no dia de hoje.

Esta é a terceira obra de Jarid que tenho a honra de ler. A primeira delas foi 'Corpo desfeito', que foi a minha leitura favorita do ano em que o li.

Recentemente, li os contos reunidos no livro 'Redemoinho em dia quente', também maravilhoso.

Agora, tive contato com a poesia de Jarid e reforço: ela se tornou uma das minhas autoras nacionais favoritas na vida. Queria muito que todos pudessem ler a obra desta autora. Não cansarei de panfletar, nunca.

Acho que esta leitura veio até mim num dia perfeito: um dia em que minha alma está aberta á poesia, um dia em que estou sensível, com meus sentimentos a flor da pele. E isso, só intensificou o poder da escrita que tem Jarid Arraes.

Por ter devorado esta obra, pretendo fazer várias releituras para ter certeza de que desfrutei de toda mensagem que ela carrega. Uma leitura só não é suficiente.
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Biblioteca Álvaro Guerra 02/08/2023

Nesta nova edição de um buraco com meu nome, que conta com sete poemas inéditos, uma das vozes mais fortes e imponentes da nova geração reflete sobre o ser e o existir, entre imagens de abuso, de luta e de introspecção, sem jamais despir-se do que é: uma mulher negra!

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788556521170
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IleLo 12/08/2023

Necessário
Sabe aquela poesia que te tira do eixo?
Que te faz pensar em diversas situações, corpos, realidades, dores? Talvez cutuque feridas
Poética do desconforto necessário, que te faz olhar pra dentro de si e pras outras também. Meu primeiro livro dela, mas já sou fã
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Gisa 19/02/2019

Um buraco de tantos nomes
Li esse livro com as mãos travadas, a respiração presa e a boca seca. Me senti atravessando as veias de Jarid por seu sangue. Enxergando a morte, demaiando com morfina. Cada verso pesa e fere. Mistura os sangues. As palavras engasgam, descem secas, ásperas, cortantes. No pulso e na garganta.

A poesia de Jarid não é de suspiro. É de resistência.

site: https://medium.com/gisa-carvalho/um-buraco-de-tantos-nomes-7c4ef8667692
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Ariadne 09/03/2020

Um forte livro de poesia
Não tenho o hábito de ler poesias, mas como parte do desafio do Leia Mulheres de março, escolhi esse livro da Jarid Arraes.

Foi uma grata surpresa porque é um bom livro de poesia com poemas que falam sobre sexualidade, abuso sexual, cotidiano da mulher negra e outros assuntos relevantes para a autora. Achei um bom livro e fiquei interessada em ler outras coisas dela.
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Leonardo de Cassio 02/04/2024

Julgar livros de poesia é sempre um desafio, afinal, o que, tecnicamente, é certo e errado em algo tão pessoal e íntimo?

Mas esse aqui... ah, tem tanta coisa linda. Alguns, sobretudo os que falam sobre a vivência de uma mulher preta, não me geram identificação por motivos óbvios, mas mesmo eles conseguem me fazer enxergar por uma lente que, mais uma vez, obviamente eu não tenho. Agora os que falam sobre a vida... ah, esses sim. Esses me alcançaram. E como sempre, tem os que eu não entendi nada. Por falta de repertório, por falta de conexão entre as palavras, pela necessidade da autora de fazer como os clássicos faziam? Eu não sei. Mas eles estão aqui. E não entendê-los também faz parte.
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