Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis...




Resenhas - Memórias Póstumas de Brás Cubas


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Viane 26/07/2021

Que bom é estar triste e não dizer coisa nenhuma!
Sinto muito que muitas pessoas lêem esse livro pelo objetivo raso de se dar bem nas provas, levando em conta que se trata de um daqueles livros únicos, cujo devem ser lidos com amor e apreciação de cada palavra.

Memórias Póstumas de Brás Cubas é um livro que retrata as peripécias do já falecido Brás Cubas, desde seu nascimento, até sua morte. É esplêndida a forma que Machado usa para conversar com seus leitores, fazê-los pensar e tirar suas próprias conclusões. Principalmente quando estamos numa narrativa livres dos dilemas enfadonho dos vivos e de toda a sua hipocrisia.

O romance é atemporal, a leitura fica cada vez melhor e simples com o passar das páginas e os capítulos curtos deixam tudo mais tentador. O humor ácido e as verdades nuas e cruas que Brás Cubas narra são originais e nos fazem refletir bastante. O livro contém muitas referências a livros, acontecimentos históricos e tragédias, o que destaca o fato do autor ser um baita de um escritor brabo, dono de uma grandiosa mente afiada. Imagino o quão interessante poderia ser ter uma conversa descontraída com ele.
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Evy 20/01/2011

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas".

É com esta epígrafe que Machado de Assis inicia sua obra e inaugura o realismo na literatura brasileira. Narrado de maneira surpreendentemente irreverente e irônica por um "defunto autor" (e não um "autor defunto", como podem pensar) este livro nos prende a leitura mesmo com suas várias digressões. Brás Cubas por estar morto, se acha livre para criticar a sociedade e revelar as hipocrisias e vaidades das pessoas com que conviveu e de forma bastante humorística vai contando sua vida e os vários episódios que viveu. O mais importante desta obra, conforme diversas resenhas literárias, é a linguagem utilizada e a denúncia tácita da sociedade por meio da leve irônia e humor, mas em minha opnião a obra como um todo é de valor inestimável. Criativa, irreverente e extremamente envolvente se tornou com toda certeza o meu livro favorito de toda a literatura brasileira. Leitura mais do que recomendada!
Elda 22/05/2013minha estante
Qd li essa frase, pensei: o q é isso???? É Fantástico!!




Vania.Cristina 27/08/2023

Elite mesquinha que confunde privilégios com direitos
O que eu posso dizer desse livro que já não foi dito, estudado, esmiuçado milhares de vezes? Farei o meu melhor. Uma das coisas legais dessa edição da Antofágica é que eles prepararam - e já está no youtube em aberto - um vídeo pra assistir antes de ler além de outros pra ver depois da leitura. Eu recomendo. Confesso que minha experiência de leitura da obra não começou confortável, estava difícil embarcar na viagem que Machado estava me propondo. O que começou a me chamar a atenção foi a forma da narrativa, muito à frente do seu tempo, um trabalho de desconstrução. Em seguida percebi a ironia amarga, típica do autor. Que pessoa insuportável é esse Braz Cubas! Cínico, egocêntrico, mimado! Ele é um narrador não confiável, da elite carioca, que está nos contando sua vida medíocre, cheia de coisas que poderiam ter sido mas não foram. Aos poucos, fui percebendo a forte crítica social nas entrelinhas, e entendi pra onde Machado estava me levando. O que importa não é a história em si, porque a vida de Braz não foi memorável. O que encanta é a construção de cada um dos personagens que passam pela narrativa. Muito palpáveis ainda nos dias de hoje. O que pensam, como vivem, como morrem... cada detalhe deles trás um pouco da sociedade brasileira. É mais fácil entender a nossa vida de hoje quando entendemos o processo histórico, cultural e social que vivemos enquanto povo. Machado está descrevendo as problemáticas das relações humanas que estão enraizadas na estrutura social do nosso país. Mesmo sendo um cronista do seu tempo, sua crítica vai certeira em questões fundamentais quanto a raça, classe social e gênero, o que torna a obra relevante hoje. O negro liberto que é servil ao ex dono e trata o negro escravo como inferior, está nos mostrando como vai se formar a pirâmide social brasileira, construída com a reprodução da violência. O destino da maioria das personagens femininas da obra vai revelar as amarras a que estão sujeitas as mulheres. Acima de tudo, o livro vai mostrar a formação mesquinha da elite brasileira, que confunde privilégios com direitos, infelizmente, até os dias de hoje.
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Naza 09/08/2021

Genial
Confesso que em anos atrás, sempre achei esses livros da literatura brasileira bem chata. Minha meta em janeiro era quebrar esse paradigma, e de tanto enrolar, terminei essa coisinha espetacular. Fico me perguntando "o porque n ter lido isso antes!". Que história fantástica. Me encantei tanto que já quero ler outros desse e outros autores da litert brasileira.
Jorge Armando 09/08/2021minha estante
Tente ler qualquer coleção de contos do Machado. Você vai gostar!


Larissa Alferes 09/08/2021minha estante
Como estudante de Letras que fui li vários e releio também! Adoro Machado, pra mim o melhor da literatura brasileira!


Marina.Sales 09/08/2021minha estante
Esse livro é fantástico!


Naza 09/08/2021minha estante
Vlw pessoal. Já querer ler outros dele. Essa história tem uma parte que me fez ler várias vezes, achei frases perfeitas e com teor de grande reflexões. Obrigado a todos.


Larissa Alferes 09/08/2021minha estante
Sou apaixonada por Dom Casmurro! E Esau e Jaco também


Larissa Alferes 09/08/2021minha estante
Helena, Iaiá Garcia, Quincas Borba deveria ser seu próximo pois tem ligação com Memórias, enfim!!!!


Naza 09/08/2021minha estante
Anotado rs.




carlosmanoelt 01/03/2024

?Não transmiti a ninguém o legado da nossa miséria.?
Acredito que minha antiga professora de Língua Portuguesa e Literatura encontra-se feliz agora, sua influência foi de grande valia para o meu entendimento e deleite da obra. Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis é uma obra-prima da literatura brasileira, responsável por inaugurar o realismo no Brasil, em franca oposição ao romantismo. Sendo um romance transgressor, é narrado por Brás Cubas, defunto-autor que, após a morte, decide escrever suas memórias. Com muitos capítulos curtos e de forma não linear, o protagonista, representante da elite burguesa carioca do século XIX, narra a sua trajetória desde o nascimento até a morte, tendo como fio condutor o seu relacionamento extraconjugal com Virgília, casada com Lobo Neves. A crítica social e a reflexão sobre a condição humana são temas centrais da obra, que aborda questões como a hipocrisia da sociedade, o egoísmo humano e a vaidade. A narrativa inovadora, com sua estrutura fragmentada e a quebra das convenções narrativas da época, demonstra a genialidade de Machado de Assis. Sua escrita perspicaz e cheia de humor negro desafia o leitor a refletir sobre a existência e os valores morais. Outrossim, ?Memórias Póstumas de Brás Cubas" continua relevante até hoje, sendo objeto de estudo e admiração tanto no Brasil quanto no exterior.
book.hiraeth 02/03/2024minha estante
Eu amo esse livro


carlosmanoelt 02/03/2024minha estante
é muito bom




Janaina Edwiges 26/02/2022

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas"
Memórias Póstumas de Brás Cubas nos inspira inúmeras reflexões e debates, mas neste comentário gostaria de destacar um pouco mais do viés histórico. Embora a narrativa seja feita por um membro da elite, Brás Cubas, bem nascido, mimado, ansioso pela glória e que devido a sua boa fortuna, nunca precisou ganhar a vida com o suor do rosto, a história permite ao leitor perceber a desigualdade na composição da sociedade brasileira da época. Os jogos de poder são revelados, indicando quem fazia parte deles e os que ficavam à margem. É possível constatar como a estrutura econômica e política durante o período imperial era dominada pelos mais ricos e como boa parte da população estava condenada a uma vida inteira de penúria, de dificuldades e de exclusão das decisões e posições de poder.

Uma personagem que bem representa a camada dos mais desprovidos é Dona Plácida, uma mulher que nasceu “para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital”.

A obra evidencia toda crueldade gerada pelo sistema escravista, que era oficializado e plenamente aceito na época. Há uma passagem em que vemos o tratamento que uma criança escravizada poderia receber do Sinhozinho, o que causa bastante tristeza e repulsa ao nosso olhar atual: “Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia - algumas vezes gemendo -, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um ‘Ai, nhonhô!’, ao que eu retorquia: ‘Cala a boca, besta’!”

Para mostrar como a escravidão era uma instituição social de trabalho compulsório complexa e de certa maneira flexível, o livro traz o exemplo de um ex-escravizado, que se tornou proprietário de escravo. O mesmo personagem Prudêncio, que tanto sofreu na infância. A Historiografia mostra que, após libertos, os escravizados eram rotulados de forros ou alforriados e traz evidências claras de que muitos libertos possuíam escravizados, mesmo sendo considerados de categoria inferior. Possivelmente, esta flexibilidade contribuía para a própria manutenção e reprodução do sistema escravista.

Recomento bastante a leitura de Memórias Póstumas de Brás Cubas. O início do livro exige uma atenção maior do leitor, pois traz muitas referências culturais e literárias, deixando a narrativa menos fluida. Por isso, é recomendável dar preferência para edições com notas explicativas e comentários. No entanto, a medida que os capítulos avançam, a leitura se torna mais dinâmica, sendo impossível desgrudar do livro até o final.
Marisa 26/02/2022minha estante
Mais um comentário belíssimo da nossa amiga Janaína!!


Fabricio268 26/02/2022minha estante
Fantástico, Janaína!! Amei a resenha. Estou virando seu fã ?


Janaina Edwiges 27/02/2022minha estante
Obrigada, amigos! Fico feliz que tenham gostado do comentário! Gosto muito de compartilhar as impressões com vocês ?


Maria 28/02/2022minha estante
Adorei!


monica.carneiro.750 28/02/2022minha estante
Muito boas suas considerações Edwiges. Esse livro tem um tom bem humorado mas faz também várias criticas a elite da época. A desigualdade social é de fato bem presente na obra do Assis. Penso que a moda Europeia e a incorporação de hábitos e termos franceses reflete bem isso. A elite vivia no Brasil ignorando e sugando os mais pobres e alienada pensando "estar ou ser Europa (França)". Beijo. = )


Janaina Edwiges 01/03/2022minha estante
É realmente um livro muito bom, Maria! ?


Janaina Edwiges 01/03/2022minha estante
Obrigada pelo comentário, Mônica! Concordo suas palavras. Historicamente, os mais pobres sempre foram deixados de lado. As decisões políticas sempre ficaram a cargo dos interesses das elites. Sempre bom livros que nos fazem pensar sobre a imensa desigualdade social neste país. Como você muito bem disse, este livro tem um tom bem humorado, mas mesmo assim nos permite fazer estas críticas! Bjos ?


Maria 01/03/2022minha estante
O livro é um dos melhores da nossa Literatura e a sua resenha lhe fez justiça. :D


Maria 01/03/2022minha estante
O livro é um dos melhores da nossa Literatura e a sua resenha lhe fez justiça. :D


Janaina Edwiges 12/03/2022minha estante
Obrigada, Maria! Fico feliz que tenha gostado da resenha :)


resenhasemsentido 22/04/2022minha estante
que resenha maravilhosa, Jana!!!!!!!




LeandroCastro88 27/03/2021

Excelente
Machado é o maior. Brás cubas (o próprio) é um bunda mole que não conquistou muitas coisas na vida. Na minha visão a obra traz uma reflexão sobre os "playboys" da nossa sociedade que não lutaram para conquistar e nada e querem falar em meritocracia. O livro é cheio de passagens legais. Essa versão da panda books é sensacional pq tem várias notas (e se vc quiser entender um pouco mais do que o autor diz, vc vai precisar). O livro apresenta muuuuitas referências à mitologia grega e a autores de séculos bem distantes. Sem um apoio fica difícil entender certas coisas. Leiam Machado. Leiam Brás cubas.
Carolina.Gomes 27/03/2021minha estante
Concordo com tudo! Leiam Machado!!




Sabrina 28/01/2024

Foi um livro difícil de engatar (acho que por conta de tantas referências que eu não sabia kkkrying), mas no fim das contas, foi. Tanto a escrita de Machado é complicada quanto nosso personagem principal não é nada cativante. Mas essa é a graça dos livros do Machado; ele nos permite ver essa sociedade pomposa com suas faces reais, que não são nada bonitas ou corretas. Brás Cubas passa sua vida toda (e morte também, na minha opinião) justificando-se sobre seus atos de hombrifade que, pra mim, só há floreios e zero honestidade. Apenas um homem que desejava deixar seu nome gravado entre os homens. Realmente Machado de Assis é um PUTA escritor, que nos deixa desconfortáveis, indignados... enquanto ele sorri e vê o circo pegar fogo hehe.
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17/12/2010

Irritante e Genial
Estou feliz e irritada, simultaneamente, com Machado de Assis.

Feliz pq ficou evidente que a intenção realmente era q Memórias Póstumas, em sua primeira metade, fosse um livro chato e enfadonho.
Ele diz isso com todas as letras.

Então, pq isso me deixa feliz?
São mtos porquês:

- Pq assim posso admirar ainda + Assis.
- Pq poucos são àqueles que tem coragem de propositalmente escrever um livro chato, que cansa, enrolando o leitor ao máximo, antes de nos contar o q realmente interessa. E qdo o faz, é espetacular, envolvente, fica nítido o domínio, o preparo de Assis.

De fato, e inquestionavelmente, um grande escritor!

- Pq faz parte do método do autor defunto ser enfadonho e monótono, na verdade, pq qdo ele nos narra um fato, ele volta àquele momento, e experimenta as mesmas sensações que um dia já vivenciou. E nos faz experimentar essas sensações tb, através da forma única e genial q ele conta suas memórias. Assim podemos compreender com perfeição o q ele sentiu, o q ele viveu.

É sensacional!!! O realismo, a ironia, as digressões, divagações, tudo aquilo q parecia sem importância, sem nexo, como o fatídico episódio, q mto me aborreceu, da borboleta ou mesmo o da formiga versus a mosca, agora ficaram tão claros, tão compreensíveis, e demonstram o quão avançada era a mente de Assis. Sem dúvidas, um gênio.

- E também, pq se eu estava achando o livro chato, significa q entendi perfeitamente o q ele pretendia, afinal a intenção era exatamente essa.
Significa que ele atingiu seu objetivo, e q eu estava ligada, em sintonia, com o propósito dessa obra.

Então, pq estou irritada???
Há apenas um grande pq:
- Pq ele teve a petulância de dizer q se eu estava achando o livro chato e enfadonho, a culpa era exclusivamente minha.

Pois é, minha culpa, e de qualquer outro leitor q tenha sentido o mesmo q eu.

Ele se justifica dizendo q nós leitores somos ansiosos, temos pressa de envelhecer pra então desfrutar do q interessa. (Pq a vida de Brás só fica mesmo interessante após seus 40 anos. E sua infância, adolescência, juventude... uma monotonia!!! Uma chatice!!! Entediante!!!)

Petulante, não??

Ele propositalmente escreve um livro chato, pq sabe q sou ansiosa e vou me irritar com isso.

Dessa forma, vc há de concordar comigo q não dá pra não admirar Assis.
Ele conseguiu prever o q esse livro (não a estória do livro, e sim a forma como ela foi narrada) iria despertar em seus leitores, e obteve sucesso, total êxito, com sua esquisita intenção.

Vc me entende? Entende Assis??
Lembra de ter sentido isso ao ler essa obra dele???

Se a resposta for negativa, principalmente para minha última pergunta, recomendo q vc releia, valerá à pena o que pode parecer um sacrifício (na primeira metade), e um prazer indescritível (na segunda metade do livro) pra assim prestigiar a sensibilidade e inteligência desse autor único.
Fogui 17/12/2010minha estante
Má, juro, fiquei com vontade de reler... vc conseguiu despertar a minha curiosidade... adorei a sua resenha... muito bem escrita... Machado de Assis deve ter virado na tumba de orgulho... Kkkkkk...


Eder- 01/07/2016minha estante
Nossa!!! Como é edificante ler uma resenha dessas. Memórias Póstumas... foi o primeiro livro de literatura que eu li, e isso foi a 22 anos atrás. Depois desses comentários até dá uma vontade de fazer uma releitura.
Apesar da erudição e complexidade usada na construção das frases, Machado de Assis nos serve de uma lucidez tamanha, e de uma técnica que nos faz até perder um pouco a ingenuidade, que torna-se recomendável até para adolescentes que almejam adentrar o universo literário. Foi esta magnífica obra que me despertou conhecer os meandros da literatura mundial. Digo mundial pois, nas linhas de Assis, pude perceber outros tantos gênios da literatura, como Allan Poe, Baudelaire, Victor Hugo, e até mesmo Shakespeare, entre tantos outros...
Na época em que li o livro, eu tinha uns 19 anos, e não me preocupei tanto em ficar tangenciando com o dicionário as páginas deste clássico. O importante, pra começo, é seguir adiante e fazer com que a leitura se desenvolva e que, com o tempo, venhamos a nos familiarizar com as terminologias. Um outro livro que vale muito a pena ler, que foi o segundo, na ordem cronológica de minha lista, é "Angústia", de Graciliano Ramos. Um outro gênio que faz com que o leitor entre no psicológico dos personagens! Parabéns pela belíssima e aprofundada resenha.


Rodrigo.Carneiro 22/06/2017minha estante
Novo por aqui no SKOOD e extremamente feliz já pela manhã ao ler essa resenha tão bem explanada.
Paz e boa leitura a todos.




André 08/01/2023

Sensacional
"...a franqueza é a primeira virtude de um defunto."

Como o próprio nome diz, o livro retrata a memória de um morto, Brás Cubas faz uma espécie de autobiografia, retratando os principais acontecimentos de sua vida. Uma das maiores obras nacionais, que todos deveriam ler um dia.
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Amanda 21/01/2021

Marco literário e cultural brasileiro
Não há muito o que se falar sobre um clássico que já foi lido e relido por várias gerações. Para ser honesta, sequer é fácil expor em uma simples resenha a grandiosidade atingida por Machado de Assis em um livro que seria eternizado no Brasil e no mundo afora como um dos magnus opus literários dos últimos séculos. E tudo isso ainda é muito pouco para exprimir a experiência de ler este autor! Machado observa a sociedade brasileira de sua época sob a ótica de um defunto - não um autor defunto, mas um defunto autor -, o próprio Brás Cubas, e dali começa a desfilar críticas em série sobre o que observava, tendo como focos de destaque a escravidão (lembrando aqui a ascendência escrava e absolutamente negra de Machado); a indolência e o ócio da burguesia, que nada sabia fazer e só colhia os louros do trabalho servil; as relações apáticas, fúteis; a ingratidão; e a moral extremamente questionável dos mais moralistas da sociedade conservadora brasileira.

Considerando que Machado de Assis foi um dos maiores expoentes do Realismo no Brasil, sendo apontado como o ponto de virada definitivo do Romantismo (Parnasianismo, Naturalismo etc.) ao Realismo, nota-se diversas críticas intrínsecas também ao movimento romântico, como a afetação e a supervalorização de sentimentos, a paixão eufórica que logo se transforma em tédio. Pode-se dizer, então, que Memórias Póstumas constitui também verdadeiro pilar de resistência ao velho movimento literário que, ainda àquela época, tinha muitos adeptos tanto entre escritores (sendo José de Alencar, escravagista burguês, o principal nome do movimento) e leitores.

Ao que diz respeito às críticas tecidas por Machado de Assis neste clássico, há de se ressaltar que o autor também subverte a "ordem natural" das coisas - uma grande inovação para aquele período -, começando o livro de trás para frente e rebobinando os eventos até chegar novamente ao ponto de partida. E, mais ainda, diferentemente de outros autores que já àquele momento expunham suas críticas e descontentamentos com a Velha República e os dogmas da burguesia (como Lima Barreto, sempre ácido em seus escritos), Machado decide escrever sobre a classe dominante partindo dela mesma, de modo extremamente elegante e sagaz. Utiliza, então, de meios como a ironia (traço marcante do autor) e a hipérbole para trazer à baila as principais questões que envolviam a burguesia brasileira: o nada.

Aos leitores que se aventurarem por Memórias Póstumas de Brás Cubas, tenham ciência que o sentimento de vazio na leitura é inegável. A bem da verdade, nada acontece: assim era a classe abastada. Esse sentimento de sempre aguardar por um clímax que nunca chega é uma sacada fantástica para prender o leitor até o último momento, demonstrando a falha do sistema de dentro dele mesmo. Machado aponta justamente existências que se fincam no mais absoluto ócio, em realizações vazias e privilegiadas, sem esforço, sem dedicação e sem glória. Tudo no trabalho de Machado é proposital e soberbo, desde a escolha do eu-lírico, à temática e à própria escrita, com demasiados capítulos - alguns inúteis, segundo o próprio defunto autor -, até mesmo a disposição e estrutura do livro devem ser observadas. Todos os elementos convergem e fundamentam as críticas que Machado tem por objetivo expor.

No mais, resta apontar que, para os que não têm grande contato ou experiência com clássicos brasileiros ou com Machado, a leitura pode ser demorada e um tanto quanto rebuscada, remetendo a um português já, para nós, bastante arcaico. Mas não há como ler Machado de Assis de forma simplificada: vale o esforço de entrar em uma das maiores mentes que a nossa literatura já produziu.
Alê | @alexandrejjr 24/09/2023minha estante
Que senhora resenha, Amanda! Que texto maravilhoso e refinado para um dos maiores romances da nossa literatura! Obrigado por compartilhar conosco. Adoro quando sinto tanto prazer em ler uma resenha quanto senti ao ler o livro resenhado.


Amanda 24/09/2023minha estante
Obrigada pelas suas palavras, Alê! ??




Alex 25/09/2023

Um longo epitáfio, por ele mesmo
Memórias póstumas de Bras Cubas, inicio pelo título de propósito, achei genial a ideia de um morto, narrar sua vida, como lhe apraz.

Apenas por esse recurso surrealista, Machado, conseguiu imprimir inúmeros elementos: despudor, ironia, completo desprezo pela crítica alheia.

Ademais, a obra é carregada de um tom suavemente cômico, o que me agradou bastante. Como, por exemplo, quando Cubas narra sobre seus colegas de escola, entre eles Quincas Borba.

Por fim, o morto escritor, é um zero a esquerda, que teve uma vida mansa e improdutiva, narra suas venturas e desventuras tentando imprimir-lhes algum sabor. Mas, Cubas, não passou de um pilantra, cuja maior obra, foi escrever após sua morte.

Gostei na medida. Não é uma obra prima, a meu ver, esta longe da genialidade de Dom Casmurro. Serviu para quebrar o meu gelo com os autores nacionais, mas não releria, nem mesmo após a morte.
Aline MSS 25/09/2023minha estante
?Achei maravilhoso o resumo q tu fez. Quero ler, mas tenho medo($)do valor dessa edição. ?


Alex 25/09/2023minha estante
Aline, obrigado. Essa edição é salgadinha na versão física. Mas está disponível no prime reading para os assinantes.


Aline MSS 25/09/2023minha estante
Eu vi!! ??Esperando uma promoção, pq queria mto a física msm.




Otávio - @vendavaldelivros 10/05/2021

“Saltar de um retrato a um epitáfio pode ser real e comum; o leitor, entretanto, não se refugia no livro, senão para escapar à vida.”

Como é resenhar aquele que é considerado por muitos o maior romance brasileiro já escrito? Será que é possível falar algo que ainda não foi falado, mesmo com tantos pesquisadores se debruçando sobre essa obra? Resolvi, então, trazer algo que só eu poderia fazer: Dizer como Memórias póstumas de Brás Cubas me impactou.

Escrito em 1881 pelo autor brasileiro que é considerado o maior de todos os tempos, “Memórias Póstumas” foi um livro que revolucionou a literatura brasileira em seu tempo. Narrado em primeira pessoa por Brás Cubas, o título não engana que o autor das memórias está morto e conta suas experiências na vida encerrada. Um narrador que está morto, mas que mantém, além das memórias, uma acidez e um humor muito particulares, desses de fazer troça das próprias desgraças, mas ao mesmo tempo esconder derrotas que machucam.

Um clássico não é um clássico à toa. À parte toda a importância histórica e literária de “Memórias”, ele tem a capacidade de tocar em nossas próprias consciências. O que me levou a pensar muito sobre essa experiência foi como nós, meros mortais, encaramos nossa própria brevidade. Como nós encaramos nossos erros e acertos quando a vida chega ao seu momento derradeiro?

Será que “do outro lado”, contaremos apenas nossas vitórias, nossas glórias e nossas alegrias. E se sim, quão significantes elas realmente são? “Memórias” me pareceu estimular no leitor um exercício ritualístico de vivenciar a própria morte e olhar para trás, de maneira clara e objetiva. Você sentiria orgulho de quem é, de quem foi? Entenderia seus erros e acertos como necessários para o próprio crescimento?

“Memórias Póstumas” é um livro de muitas camadas e possibilidades. Uma experiência necessária e que ultrapassa as fronteiras da literatura e fala diretamente com nossa própria humanidade. Com muito humor, sarcasmo e um talento para criar frases de impacto gigante, Machado de Assis prova porque deve, hoje e sempre, ser exaltado e celebrado.

site: https://www.instagram.com/p/COoPmxnDE81/
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@tigloko 07/01/2022

As frustrações de um defunto
Segundo livro da trilogia realista de Machado que leio mas a impressão não foi das melhores. Gosto do estilo da narrativa, sobre a pespectiva de um defunto. Tem um pegada cômica mas sem perder o sentimento de melancolia da situação.

Não gosto de comentar edições mas o autor faz uso de diversas referências durante o livro que, se não fosse por essa edição, eu ficaria boiando na maioria delas. É interessante os paralelos com outras obras do mundo que são referenciadas. Mas a todo momento me incomoda.

A minha questão com livro é: eu não me importei com os dilemas do protagonista, nem um mínimo de empatia. Não consegui me conectar com suas memórias. Até mesmo os personagens coadjuvantes, salvo um ou dois, não me cativaram.

Apesar disso, por ironia, o que mais gostei do livro foi a construção que Machado dá ao Brás Cubas. Invejoso, mentiroso, ambicioso. Tudo ali é construído para mostrar um personagem muito realista, totalmente verossímil. Alguém que encontraríamos durante a vida.

Somado a isso, a mensagem que permeia toda a obra, sobre as frustrações e sonhos não realizados, é de fato transmitida com maestria por Machado.

Por fim, eu recomendo o livro apesar de ter os meus problemas com ele
Fernanda 11/01/2022minha estante
Baita resenha ???


@tigloko 12/01/2022minha estante
Valeu :D




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