rafaelladelua 30/01/2024
Exaustivamente bom
por ser uma parte da literatura clássica brasileira, eu já esperava que fosse uma leitura desafiadora, mas não imaginava que seria tanto. além de eu ter precisado consultar o significado de várias palavras, as metáforas eram de tão complexa interpretação que por muitas vezes dificultavam (ou simplesmente impediam) a minha compreensão do decorrer dos fatos.
brás cubas, o protagonista, está morto e desenha, nessas páginas, um apanhado das suas desventuras. suas frustradas investidas amorosas, profissionais e sua longeva amizade com quincas borba, do qual surgiram filosofias que muito inspiraram o homem. uma obra assim, que traz no título tamanho spoiler, tem por si própria, o desafio de ser envolvente e o de surpreender. tendo isso em mente, achei que alguns acontecimentos foram vagos e pouco coesos, o que pode ser facilmente perdoado pelo fato de termos um narrador personagem ?defunto autor?. no entanto, é fácil se sentir exausto de tal enredo que é pouco linear e bastante redundante.
é válida uma menção honrosa à personagem virgília e à construção do relacionamento complicado que ela tinha com brás cubas, que demonstrou imensa coragem de fazer tanto por ela. característica essa que foge à miséria, da qual o protagonista expressa se orgulhar de ?não ter transmitido a nenhuma criatura o legado?.
de modo geral, minha experiência de leitura foi positiva. a diferença foi nítida para a de dom casmurro, que, embora do mesmo autor, eu achei bem mais simples de interpretar, embora nem de longe tão profunda. em diversos trechos dessa obra, precisei parar e assimilar a forma como eu me identifiquei com os humores narrados por machado de assis. a sensibilidade e exatidão com as quais ele enxerga o comportamento do homem se mostram, mais uma vez, exímias.