Thamys 18/02/2023
A loucura dos anos 70
Completamente embalada após ler a biografia do Led Zeppelin, ainda sem muita vontade de sair dos anos 70 e, por último, mas não menos importante, após assistir ao anúncio da série inspirada no livro, eu resolvi ler Daisy Jones & The Six. Considerado um dos livros mais famosos de Taylor Jenkins Reid, em leituras preliminares (ou seja, em fóruns de grupo do Facebook), vi que esse livro costuma ser bastante divisivo entre os fãs. Sim, em uma atmosfera parecida com o “ame ou odeie”. De qualquer forma, resolvi ler e trazer as minhas impressões sobre essa obra.
Considerado por muitos como uma fanfic romantic chic da história da banda Fleetwood Mac (inclusive, a própria autora diz isso), como dito no início dessa análise, Daisy Jones & The Six se passa por todos os anos 70. E como o título já indica, sim, se tratam de duas bandas. E, vale dizer, que é uma banda ficcional.
A trama se passa inteiramente nos Estados Unidos, focando mais em Los Angeles, na Califórnia. E a Taylor já acerta demais em deixar a trama se destacar por lá. Se você conhece algo sobre a história do rock, sabe que a Sunset Strip é uma das ruas mais famosas para quem curte o estilo musical. Bandas como Guns n’ Roses, Led Zeppelin e muitas outras, encontraram o estrelato nos inúmeros bares como o conhecidíssimo Rainbow.
Voltando para a história, eu preciso te dizer que a estrutura de todo o texto é bem diferenciada, pois, é em forma de documentário. Afinal, o grande mote do livro é entender porque uma das maiores bandas do mundo, simplesmente, após o show da última turnê, resolveu encerrar as atividades, em pleno auge.
Desse modo, o livro se trata de uma grande entrevista escrita. Mas Taylor Jenkins Reid sabe fazer isso tão bem, que em poucos momentos senti falta da estrutura tradicional de se contar uma história. Toda a tensão que a trama merece ter é descrita, mesmo com frases mais curtas.
Assim, é possível entender o que se passa e não é difícil imaginar todo o cenário que as falas dos integrantes deseja transmitir. E isso até em detalhes mais bobos, como, por exemplo, o ônibus da turnê, as gravações das músicas nos estúdios, e até sobre as roupas e cabelos, por exemplo.
É como se você pudesse assistir à equipe de documentário montando toda a parafernália de equipamentos na casa de cada um dos integrantes. Na edição, inserindo os flashbacks do que foi aquela época de ouro para a banda. Ver as diversas emoções sendo transmitidas no olhar de cada um, no presente, relembrando o célebre passado.
Então, é claro que outro ponto de destaque são os personagens. Mas aqui, destaco as mulheres. Sim, é legal saber o ponto de vista de cada um dos integrantes da banda? Claro. Mas a história é carregada por cada uma delas. Em primeiro lugar, Daisy, claro. Logo seguindo de Camilla, Karen e Simone. Essa última, confesso que queria ver mais dela ao longo da trama, mas quando ela aparecia, era bastante decisiva. Contudo, devo destacar claramente a protagonista que é Daisy.
Afinal, ela vence em um mundo predominantemente masculino, e consequentemente, machista. No livro, ela inicia como uma groupie, mas vira a vocalista da maior banda do mundo com sua voz rouca e a forma menos delicada de compor as suas músicas. Ela tem defeitos? Claro. Mas algo que gosto muito na escrita da Taylor, é como ela sabe fazer personagens bastante humanos. Podem ser irritantes em alguns momentos? Mas, a vida é assim. Paciência. De qualquer maneira, Daisy é uma vencedora em seus próprios termos.
No final, Daisy Jones & The Six é uma bela história. Taylor Jenkins novamente me arrebatou com uma trama que é bastante real, que fica difícil de acreditar se tratar de simples ficção. Com personagens cativantes, é impossível não mergulhar na história e ficar imaginando como foram os shows dessa banda, que nos anos 70, foi a maior banda do mundo. Os conflitos, os sentimentos, tudo está lá nessa incrível jornada. Para mim, foi como “ver” um documentário musical como vários outros que já vi. E, por isso, para mim, merece 5 estrelas.