spoiler visualizarHamilton.Ventura 31/10/2019
comportamento
Uma descrição boa da vida de C.C,Jung, toda a sua carreira e as maiores conquistas, mas ainda assim de uma forma resumida. O livro busca mostrar não somente o ponto de vista de Jung mas a evolução de seu pensamento no decorrer dos anos, além dos pensamentos de outros autores pós Junguianos que traz um complemento a muitas de suas ideias.
Jung acreditava que a a alquimia era uma ponte e um laço entre a psicologia moderna e as tradições místicas cristãs e judaicas que remontavam o gnosticismo, pois para ele a alquimia era uma especie de projeções de questões da psique humana.
Uma das coisas que achei interessante é em uma das afirmações no manual o de que Grande parte da psicologia analítica repousa na base sólida da ciência empírica.
“Jung interessou-se por sistemas aparentemente místicos como a astrologia e a alquimia porque eles se orientavam em direção a uma compreensão sintética da matéria da psique. Ele via neles projeções inconscientes tanto do processo psicológico interior do homem quanto suas fantasias sobre os mecanismos de funcionamento do mundo físico e biológico. No pensamento alquímico, essas duas coisas não estão separadas, e era isso que atraía Jung.
“A Observação crucial de Jung foi a de que os fenômenos psicológicos são tão “reais” por sua própria conta quanto objetos físicos. Eles Funcionam de maneira autônoma e com vida própria, algo que foi “redescoberto” recentemente nos fenômenos dos distúrbios dissociativos”
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O que hoje é chamado de escola de "psicologia arquetípica" foi fundada por James Hillman com diversos outros junguianos, em Zurique, no final da década de 1960 e início da década de 1970. A escola surgiu em reação contra o que consideravam suposições desnecessariamente metafísicas em Jung e a aplicação enfatuada e mecânica dos princípios junguianos. Hillman prefere ver a psicologia arquetípica não como uma "escola", mas como uma "direção" ou "abordagem"
Para ele, tudo que os indivíduos sempre confrontam psiquicamente são imagens - isto é, fenômenos. Hillman é um fenomenólogo ou imagista: “Estou simplesmente seguindo o caminho imagístico, fenomenológico: assumir uma coisa pelo que ela é e deixá-la falar” (p. 14). Para a escola arquetípica, não existem arquétipos como tal - categorias neokantistas, ou números. Existem apenas fenômenos, ou imagens, que podem ser arquetípicas.
Psicólogos arquetípicos, pois estes acreditam que o arquetípico, ou o típico, está no olho do observador - a pessoa que olha uma imagem - mas também está, noutro sentido, no olho da imaginação, uma dimensão transcendente que os psicólogos arquetípicos vêem como basicamente irredutível à qualquer faculdade imanente ao indivíduo.
"Para compreender o significado do sonho devo ater-me ao máximo às imagens oníricas" (p. 149). Ater-se à imagem é aderir ao fenômeno (em vez de, digamos, fazer livre associação com ele, como sugere Freud). Para Freud, a imagem não é o que ela manifestamente parece ser. Ela é outra coisa em forma latente. Para Jung e para Hillman, a imagem é exatamente o que parece ser - e nada mais. Para expressar o que pretende, a psique seleciona uma imagem particularmente adequada de todas as imagens disponíveis na experiência do indivíduo para servir a uma finalidade metafórica bastante específica.
“É neste estado de subjetivismo infundado e profunda descrença que encontramos o pensamento ocidental no final da Idade da Razão. E é nesta atmosfera de ceticismo que a filosofia do século XVIII se prepara para uma revolução na teoria das imagens mentais.”
“Freud já havia começado a explorar os recessos da mente pela análise das imagens psíquicas. Sonhos, Fantasias e associações foram cuidadosamente examinados numa tentativa de compreender como as imagens psíquicas estão envolvidas no desenvolvimento da personalidade, da psicopatologia e em nossa experiência de passado, presente e futuro. Embora estas fossem questões novas e intrigantes para psiquiatria e psicologia profunda o problema das imagens não era de modo algum novo para quem tivesse familiarizado com o pensamento ocidental”
Em 1781, Kant chocou seus colegas ao declarar que o processo de formação de imagens (Einbildungskraft) é precondição indispensável de todo o conhecimento. Na primeira edição de sua Crítica da razão pura, ele demonstrou que tanto a razão quanto a sensação, os dois termos básicos na maioria das teorias do conhecimento até então, eram produzidos, e não reproduzidos, pelas imagens.
“Depois de Kant, não se poderia mais negar um lugar central para as imagens psíquicas nas teorias modernas do conhecimento, da arte, da existência e da psicologia. Com esta mudança epistemológica, a imagem mental deixa de ser vista como uma cópia, ou como cópia de uma cópia, e passa a assumir o papel de origem e criadora final de significado e de nossa ideia de existência e realidade. O ato de formar uma imagem cria nossa consciência que então proporciona a iluminação de nosso mundo”
Estou realmente convencido de que a imaginação criativa é o único fenómeno primordial acessível a nós, o verdadeiro Terreno da psique, a única realidade imediata. (Jung, numa carta, Janeiro de 1929).
Jung considerava a psique, com sua capacidade de criar imagens, uma instância mediadora entre o mundo consciente do ego e o mundo dos objetos (tanto interiores quanto exteriores):
Os mundos interior e exterior de um indivíduo reúnem-se nas imagens psíquicas, dando à pessoa uma sensação vital de uma conexão viva entre ambos os mundos. "Foi e sempre será a fantasia o que forma a ponte entre as reivindicações irreconciliáveis de sujeito e objeto" (CW6, p. 52).