Bruna 11/11/2021
A mentira da meia-noite
Uff, que livro minha gente.
Comecei a ler The Midnight Lie na minha atual procura alucinada por livros de fantasia protagonizando personagens LGBT+ e estava com boas expectativas neste, ainda sem a certeza do que encontraria.
Marie Rutkoski é autora de uma trilogia (A trilogia do Vencedor, que veio para o Brasil) que se passa no mesmo universo fantástico de The Midnight Lie. Eu não li essa trilogia e nem planejo ler, não é do meu interesse mesmo, e não atrapalhou nem um pouco na leitura de The Midnight Lie. Na verdade pelas informações que minerei sobre a trilogia, parecem histórias muito diferentes em vários aspectos.
Aqui em The Midnight Lie conhecemos Nirrim, uma half-kith que viu o Elysium Bird em sua janela numa manhã e teve sua vida chacoalhada. Os half-kith como ela são a camada mais explorada da sociedade de Herrath, tendo que trabalhar diariamente para fornecer bens para os Middling (a camada comerciante e intermediária) e tithes, que são uma forma de punição/imposto em forma de partes do corpo deles: sangue, cabelos, cílios, pernas, órgãos, enfim, qualquer coisa que esteja no corpo mesmo. Essas tithes são enviadas para os high-kith, a última e mais rica e privilegiada camada social de Herrath, que usam e abusam dos tithes para o próprio prazer e necessidade.
O Elysium Bird é um pássaro praticamente mítico, que pode enriquecer um half-kith de formas inimagináveis, e portanto transforma a Warden (o local onde os half-kith vivem) numa caça ao pássaro.
A escrita de Rutkoski é maravilhosa. Muito intimista e um tanto lírica, ela parece uma afluente, te guiando pelas páginas do livro. O começo pode ser um pouco confuso, por conta da não-sincronicidade, mas, para mim, aos poucos a narrativa foi se encaixando ao passo que eu me acostumava com ela.
A história me convenceu muito, adorei o worldbuilding e toda a camada de lendas e mitos que guiam a trama. A Sid é maravilhosa, ai, não dá. Eu amo ela. A Nirrim é muito complexa e bem trabalhada, ela hesita, reflete, é confrontada por seus princípios e suas crenças. Foi uma ótima protagonista de se acompanhar e pontos para Rutkoski para a precisão em retratar relacionamentos tóxicos da forma como ela fez.
Há pontos na história que eu acredito que poderiam ter sido melhor explorados, sim. Algumas partes me deixaram confusa, principalmente envolvendo uma característica importante de Nirrim que eu não posso abordar por ser um tremendo spoiler.
Mas as gays desse livro são lindas e eu fiquei muito feliz de acompanhá-las. É estupidamente refrescante ter tido contato com um YA bom como esse com um casal tão gostosinho. Recomendo bastante a leitura.