Thamires 24/03/2020
Muito mais que apenas uma organização criminosa
Ler "Irmãos: Uma História do PCC" não foi fácil. Leitura arrastada, que exigiu uma boa dose de análise e interpretação. Em muitos pontos, eu precisava fechar o livro para digerir o que tinha lido. Cenas brutais, intensas, que despertavam os mais diversos sentimentos: desde a curiosidade pela maior facção do país à condescendência pelas diversas famílias pobres das periferias que tiveram suas lutas relatadas.
O trabalho de Gabriel Feltran é excelente e minucioso. Ele relatou coisas que eu só tinha conhecimento mais básico. Lembro dos atentados de 2006. Meu pai falava sobre o Massacre do Carandiru ocorrido em 1992. O sequestro do repórter da Globo. Mas ler sobre isso numa pesquisa aprofundada, sob o viés científico e sociológico, foi bem diferente e interessante! Uma das minhas grandes surpresas foi o relato detalhada de como é o Tribunal do Crime; é impressionado o quão célere é a justiça do PCC, una organização que batalha pelo que é certo dentro do errado. Pra fazer o certo por ser certo, ainda que por caminhos controversos. Que abomina os "vermes", como estupradores, pedófilos, os corruptos, caguetas, entre outros. O Estatuto do PCC é a Carta Magna da facção.
E sabem o que foi bem bacana: ouvir e ler as letras do álbum Sobrevivendo ao Inferno, do Racionais MC's, raps que tratam da realidade nas periferias e mostram muito do que os "Irmãos" vivem.
Esse é um livro de não-ficção para ser degustado, desvendado, desmistificado, afinal uma organização secreta como o PCC não é efêmera, mas secular. Prato cheio!